A nossa autoestima nunca esteve tão baixa. Nunca antes na história desse clube estivemos tão pessimistas quanto ao nosso futuro e descrentes do presente. A avocação do passado de glória é tudo o que nos parece restar. Até quando?
As arquibancadas da bela Nova Fonte, outrora repletas das três cores da alegria, hoje andam entregues a meia dúzia de binhas, já não tão mais binhas assim, posto que o sofrimento amadurece os homens e os faz desvelar os olhos para que vejam a realidade, por mais dura que lhes possa parecer. O descaso com que tratam o Bahia já se faz sentir pelo mais ingênuo dos seus torcedores.
Não bastasse a kriptonita amiga que meteram no nosso Esquadrão de Aço, achincalhado por seu maior rival, Lex Luthor de Exu Caveira, querem, ainda, sob a ameaça da lei, fazer-nos calar, a nós que clamamos em uníssono: VOCÊ NÃO NOS REPRESENTA. DEVOLVA MEU BAHIA!
Como pode toda uma tradicional Bahia de homens livres e historicamente guerreiros, que briosamente lutaram pela nossa independência, assistir impávida à queda de um de seus maiores símbolos modernos, por interesse e em mãos de uns poucos?
Ilustríssimos senhores esbulhantes, o que querem do nosso Bahia? Desafio-vos a virem de público nos dizer, de modo convincente, olhos nos olhos, que o amam e que por ele tudo fazem pela sua grandeza! Será que a crueza dos fatos não contraditará vossas insinceras palavras?
Infelizmente, a realidade já percebida por todos é de que a essa gente pouco importa o Bahia. Sangram-no, aprisionam-no em camisa de força a não deixá-lo crescer. Apartam-no de nós, seus torcedores, não nos permitindo escolher o nosso rumo. Por que fazem isto? Respondam se têm coragem e podem confessar!
Paradoxalmente, vivemos num país que muito lutou para reconstruir sua democracia e, estranhamente, ainda admite ilhas de ditadura no seu território. Isto deveria ser considerado inconstitucional! Basta apenas uma laranja podre para estragar todo o cesto.
Sinto que nós, enquanto corpo coletivo, encontramo-nos perplexos, atônitos, indignados e sem saber exatamente o que fazer, enquanto os senhores feudais antitricolores vão se sentindo cada vez mais donos desse latifúndio. Só uma nova ordem seria capaz de mudar esse estado de coisas, uma revolução, uma tomada de bastilha, um novo iluminismo para trazer luz às trevas medievais em que fizeram mergulhar o velho, saudoso e ainda querido Baêa. De novo pergunto: Querido até quando?
Cadê os juristas tricolores da nossa Bahia? Será que não bastava uma tese bem desenvolvida (não nos faltam os ruis barbosas) e um juiz de boa vontade; o primeiro, para demonstrar que o Bahia é uma entidade de interesse público, patrimônio sociocultural da Bahia e pertencente ao seu povo (não a uma panela) instituída no seio de uma nação democrática e que, portanto, não pode ser tomada por quem quer que seja e transformada nesse ente anêmico, notoriamente obscuro e antidemocrático que se nos apresenta hoje em dia; o segundo, para acatar uma tese assim e decretar, enfim, o que sonhamos: Uma intervenção no clube, para que se instaure uma reforma estatutária que promova associação em massa, um Bahia nosso, aberto, transparente, pertencente à comunidade baiana, de fato e de direito, eleições periódicas diretas, sem filtros, para que ideias borbulhem de modo a conferir e a estimular vigor democrático ao clube.
Confesso estou eu, também, atônito e saio por aí a atirar, quase que a esmo, palavras ao vento, sem saber ao certo o que digo. Qualquer ideia que se me passa de soslaio é um fio de esperança que nasce nesse novelo de amarguras traduzidas em derrotas acachapantes, em empates que nos nivelam, por baixo, a vices de conquista e a xarás de feira, é uma tábua de salvação a flutuar nesse oceano de incertezas em que afogaram o meu Bahia.
Uma hora penso que a mudança da legislação do futebol brasileiro é a única saída; outra, que a Justiça será a libertadora. Até na improvável possibilidade de um raio de consciência cair sobre as cabeças iluminadas que dirigem o Esporte Clube Bahia e fazê-las nos ouvir já pensei.
Um caminho há de ter. Nenhum problema é insolúvel. É somente uma questão de ter fé. Quando centrarmos as nossas forças em determinado caminho e entendermos que nenhum caminho é perfeito, porque trilhados por nós, imperfeitos, mas, mesmo assim, um caminho; então, caminharemos juntos e alcançaremos o nosso ideal. Afinal, já disse o poeta (ainda bem que eles existem!): Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade.
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