Recentemente li uma frase que me veio à cabeça nesta manhã de quinta feira, 16 de maio de 2013: a hora mais escura é a que antecede o nascer do sol. Pai Google me disse que se trata de um provérbio espanhol. Nada mais apropriado para esse momento que vivemos na história do Bahia. O clube nunca viveu um momento tão tenebroso como esses primeiros meses de 2013. Muitos poderão até discordar, falando que há bem pouco tempo estávamos na Cerei C e éramos humilhados por ferroviários e ipatinguenses. O Fazendão era só ruína e servia-se cachorro quente no almoço. Hoje nossos atletas comem batata frita, vencemos um baiano depois de 11 anos, estamos na Série A e ficamos em 5º no segundo turno do último nacional.
Já que num primeiro olhar de soslaio o Bahia de hoje é melhor que o de outrora, por qual razão digo que vivemos nas mais densas trevas desses 82 anos de vida? Não há apenas um motivo, razão ou causa. Os sintomas, as doenças e os efeitos colaterais são sabidos e discutidos há quase vinte anos em rodas de amigos, fóruns virtuais e na frente de microfones e câmeras de rádio e TV.
Mas eis que neste ano de 2013, como diria Cássio Nascimento, 191º da independência, 114º da proclamação da República e 16º da Dinastia Guimarães-Barradas-Acyoly, surge um elemento até então inédito, mas esperado há milênios: a revolta da até então passional e ovídea torcida do Bahia. E aí está o diferencial para outros momentos críticos, difíceis de manejar que já vivemos.
Se antes esses mesmos torcedores apaixonados se limitavam a ligar para rádios chorando e brigar com rivais e até mesmo cônjuges e amigos, mas sem nunca abandonar o time em campo, hoje esse torcedor acordou. Percebeu que o(s) time(s) discarado(s) -é com I mesmo, porque baiano que se preza não fala nem escreve descarado- que vem desonrando o uniforme descaracterizado do Bahia nos últimos anos não tem culpa de absolutamente nada. Por mais que seja sério e esforçado, um cidadão como Dannos Morais, Obina Wan Kenobi, dentre outros, não são dignos de vestir a camisa do Bahia. A culpa é, e sempre foi, de quem os contratou.
Ainda que a maioria da torcida só esteja pedindo a cabeça do Filho de Marcelo Guimarães numa bandeja, a mobilização em prol disso despertou a atenção de vários tricolores de ocasião, em especial os muitissississississímos(Patrícia Poeta feelings) oportunistas políticos baianos. Somem a esse bando de motivação duvidosa os jornalistas locais, nacionais e mesmo de fora do país, e um novo elemento também de motivações ainda nebulosas, que é o patrocinador/sócio/administrador da Fonte Nova. Os seguidos fiascos de renda e público no estádio de mais de 600 milhões de Dilmas tem chamado a atenção dos arrendatários da Bagaça. Sem dúvida, não vão querer perder seu principal cliente e deverão cobrar mudanças no clube de maneira a acalmar o rebanho.
Por último, e mais importante, existe um trabalho sério feito por pessoas anônimas, corajosas e realmente abnegadas, chamadas simplesmente de oposição, como se fossem apenas um grupo ou linha de pensamento, mas que na realidade desde os anos 90 busca de diversas formas entregar o clube a quem de direito, a saber, a sua torcida. Reuniões, manifestos, passeatas e mesmo uma convenção que buscava agregar idéias para modernizar o clube foram realizados nesses quase vinte anos e, pelo visto, agora começam a surtir efeito.
Olhando para o leste, é possível observar que o céu começa a mudar de cor, os primeiros raios de luz da aurora já estão fazendo as estrelas de outrora sumir e há a esperança de que novamente a principal delas tome o céu tornando-o azul, casando-se com o branco das nuvens e o vermelho do coração de cada torcedor do Bahia.
Tal como o amanhecer ensolarado que nos dá a esperança de um bom dia produtivo ou de praia, que essa revolução que já está em andamento nos permita ver um Bahia novamente vencedor, moderno, respeitável e, principalmente democrático, como nunca antes fora.
Tenho um(a) filho(a) encomendado(a) para novembro, moro fora de Salvador numa cidade que só tem pseudo cariocas e paulistas, tenho fé que eu possa dar a essa criança uma coisa que meu velho pai morreu sem poder me dar: um time para chamar de seu e que lhe dê orgulho!
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