Considero normais os altos e baixos do time Tricolor nessa, digamos assim, jornada preparatória para os respectivos torneios nacionais e internacional. Confesso que demorei um pouquinho para entender a filosofia de trabalho do treinador Dado Cavalcante, até achei logo após o Bavi que era o momento certo de ele deixar o barco, “não havia passado no teste.” Em futebol, todavia, nada é tão conclusivo e nem definitivo assim. Não funciona com irracionalidade.
Ademais a minha proposta é de isenção sobre coisas pertinentes ao esporte e fatos. Não escrevo sobre os meus sentimentos clubístico, mesmo quando eles assim parecem. Tento expressar, sim, o sentimento do torcedor que não tem o mesmo privilégio que tenho como colunista deste veículo, não oficial do clube, porém informativo de absoluta credibilidade sobre tudo que ocorre no Bahia e vira notícia.
Segundo os estudiosos do assunto, o futebol não é uma ciência, mas muito poderá beneficiar dos seus contributos desde que os investigadores cumpram uma regra de ouro, ou seja, respeitar a sua especificidade, o que significa cuidado redobrado para não desvirtuarem a matriz que lhe confere identidade. Como diz o Doutor em esportes, Israel Teoldo, “a ciência é a sustentação da arte no futebol”, complemento dizendo que sem a ciência ainda viveríamos o futebol dos primórdios bem pobre fisicamente, em campo — exceto o indiscutível e natural talento técnico.
Nem só da prática grosseira — sem a lapidação — do campo de várzea sobreviveria o futebol profissional. As ciências fisiológicas, do treinamento, das táticas, médicas, psicológicas, sociais, dentre muitas, interagem junto às virtudes dos jogadores e das equipes, forjando assim um ambiente transdisciplinar numa tentativa única de dar sentido a complexidade que envolve um jogo de futebol.
Partindo dessas teorias e mais a prática, vejo em Dado Cavalcante um jovem treinador que segue buscando a excelência para a sua profissão com objetivos traçados de forma bem convicta e consciente da responsabilidade que é dirigir um clube de massa na parte que lhe toca, ou seja, o futebol na prática final em campo.
Repertório tático, senso organizacional e disciplinar, ele tem e sabe exercê-los. Em palavras mais claras, é um estudioso que sabe usar a teoria em benefício da prática. Pessoas inteligentes não se deixam conduzir por vaidades e nem por opiniões de quem pouco entende do objeto em exercício. Assim entendo que, Dado Cavalcante, ao assumir o cargo de treinador defendeu, em tese, junto ao Presidente do Bahia uma absoluta liberdade de ação no seu espaço.
Por exemplo, as dispensas que ocorreram e as que virão, tem certamente o crivo do treinador, bem como dos atuais e futuros contratados. Há uma filosofia que para mim está bem clara: a preferência de Dado é trabalhar potenciais à exaustão. Claro, usando uma “espinha dorsal” capaz de dar o equilíbrio necessário à prioridade do Bahia que é uma campanha digna com busca intensa de um título na Sul-americana e uma consequente participação na Libertadores. Senão, intensifica-se a busca na Copa do Brasil e no próprio Brasileirão. Fato é que há um Norte e isto é muito bom.
O meu ponto de vista sobre o trabalho do profissional Dado Cavalcante não é previsão, nem qualquer coisa de absoluto. Apenas faço uma analogia sobre o perfil que vejo do treinador do Bahia, bem como o que observo no atual discurso do Presidente mostrando-se disposto a realizar algo diferente do que foi até então. Se a minha análise me será fiel, só o futuro dirá.
ATÉ QUE ENFIM
Fim da transferência de responsabilidade nos clubes. A incompetência campeava na falta de lideranças e coragem de expor fraquezas nas diretorias dos clubes e o treinador pagava a conta. Agora cada clube só poderá trocar de técnico uma vez por temporada. Só não entendi o voto contra do Bahia não concordando absurdamente com a maioria, numa prova inequívoca de que Dado não é uma unanimidade, e, por isso mesmo talvez não emplacasse o inicio do certame maior do futebol do Brasil.
Ao meu ver começa a partir de então a retirada das máscaras dos verdadeiros culpados pelo fracasso do futebol numa competição como é o Campeonato Brasileiro. Que bom que no caso do Bahia Dado terá mais tranquilidade para trabalhar com mais independência. A diretoria pode até trocar se quiser agora, mas será uma atitude inócua e terá de segurar as pontas para não sofrer solução de continuidade com um incógnito trabalho do próximo treinador.
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