O Bahia tem 7 jogos e 1 carta na manga para tentar fugir do drama do rebaixamento à série B do campeonato brasileiro. Os sete jogos, conhecemos todos: Corinthians, Vasco, Fluminense, Goiás, Atlético-MG, Fortaleza e Santos. A carta na manga é o jogo a menos, contra o Corinthians, que será disputado na próxima quinta-feira, na Fonte Nova. Depois da partida horrorosa contra o Sport, só mesmo a mística tricolor para manter acesas as esperanças da nossa torcida.
De longe, há mais um motivo para estarmos esperançosos. Dos 7 jogos, três (Vasco, Goiás e Fortaleza) são contra adversários diretos na dura disputa pela permanência na série A do Brasileirão. De perto, as atuações do nosso tricolor não deixam margem para grandes esperanças. Dependemos mais de milagres, de sorte ou de tropeços alheios do que podemos confiar numa apresentação digna da história grandiosa do Bahia. A própria partida contra o Sport, outro que compete para não cair, é uma demonstração da falta de ânimo que motiva nossos jogadores. Depois de um primeiro tempo em que se mostrou competitivo, o Bahia permaneceu no vestiário, “recusando-se” a jogar a etapa complementar. Perdemos por 2 gols, graças ao VAR que anulou outros 3 do clube pernambucano, um deles, a meu ver, de maneira duvidosa.
A apatia é tamanha que, na entrevista pós-jogo, o técnico Dado Cavalcanti cravou a melhor definição para o futebol do Bahia, nesta temporada 2020/2021. “Poucos jogadores colocaram o pé na bola, poucos jogadores dividiram”, afirmou o comandante tricolor. O volante Ronaldo não deixou por menos: “o campeonato está acabando e não podemos ficar nessa moleza”. Para arrematar, o presidente Guilherme Bellintani classificou o desastre da Ilha do Retiro como “uma vergonha”. Poderia ter parado por aí, mas resolveu lembrar aos jogadores que o rebaixamento seria uma “mancha nos currículos” de cada um. Não me recordo de se contratar jogador por currículo, talvez o presidente, como sócio de uma faculdade, tenha confundido jogador com professor. A conferir.
Parafraseando Nélson Rodrigues, de há muito faltam no Bahia jogadores que disputem cada bola como se fosse um prato de comida. Mas, é fato também que nos tem faltado dirigentes, administradores e treinadores que não ajam como o pior cego do futebol, ou seja, aquele que só enxerga a bola, para ficar no universo Rodriguiano. Será necessário um rebaixamento – que pode colocar em risco toda a evolução do tricolor pós-democracia – para que enxerguemos que algo vai mal? É difícil, à distância, apontar o quê vai mal, sem incorrer nas teorias habituais da conspiração. No entanto, já não dá para esconder que entre a produção do time em campo e a estrutura do clube há uma distância enorme e não há quem consiga reduzí-la. Nem técnicos, nem dirigentes. É hora de mudar. Ou se reformula o elenco ou os resultados vão reformular a cúpula do clube. A época dos discursos pueris acabou. Não é possível enganar a todos, o tempo todo. A conta, uma hora, chega.
Ao torcedor, resta apoiar, ainda que sofrendo, ainda que revoltado. A maior grandeza do Bahia é sua torcida, apaixonada, vibrante, que nunca lhe abandonou, nem nos piores momentos de sua história. Jogadores passam, técnicos passam, dirigentes passam. O Bahia e sua torcida são permanentes. BBMP!!
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