Um dos grandes goleiros que já vestiram a camisa tricolor, Emerson Ferretti permaneceu morando em Salvador mesmo após o fim de sua carreira. Ele atualmente é comentarista de futebol, já geriu o Ypiranga no início de sua pós-carreira no campo, e tem o sonho de voltar a ajudar o Bahia. Desta vez, utilizando sua formação como gestor.
Com o segundo mandato do presidente Guilherme Bellintani chegando próximo da metade e uma nova eleição marcada para o fim de 2023, os bastidores do clube já começam a se aquecer, sobretudo porque não haverá mais uma reeleição. Ou seja, o clube terá um novo presidente a partir de 2024.
Durante entrevista ao canal Sou Mais Bahia, no Youtube, o ex-goleiro foi perguntado sobre uma possível candidatura ao cargo de presidente do Esporte Clube Bahia em 2023 e não negou que poderia aceitar concorrer. Confirmou, inclusive, já ter sido procurado por grupos políticos.
“Meu nome sempre acontece rondando quando acontece eleição: ‘tem o Emerson’… Dessa vez, aparece com mais força. É um movimento espontâneo por parte de muitos torcedores, inclusive com mensagens diretas em minhas redes sociais pedindo para que eu concorresse à presidência. Fui sondado por grupos políticos de dentro do Bahia para ver essa possibilidade. Existe meu desejo de poder ajudar o clube de alguma outra forma além de atleta. Há muitas perguntas sobre se eu aceitaria ser gerente ou diretor de futebol… Existe um desejo muito grande de voltar a ajudar o clube”.
Entretanto, relatou que há um longo caminho a percorrer para que uma decisão como essa possa pensar em ser tomada.
“Mas, para decidir uma possível candidatura é preciso que algumas coisas aconteçam. Primeiro, estar preparado para assumir o cargo. O Bahia precisa de um bom gestor. Não é uma crítica a quem gere hoje. Mas quem quiser ocupar a cadeira de presidente do Bahia precisa estar muito bem qualificado. Eu preciso, se quiser ser presidente do Bahia um dia, estar bem preparado para o cargo. Segundo, eu sozinho, também não vou fazer nada. É um desafio muito grande.
Emerson falou até sobre como enxerga uma possível campanha para concorrer ao cargo e como iniciaria seu trabalho na cadeira de gestor do clube.
“(…) Preciso de uma equipe qualificada por trás. Não é só o Emerson. Cada um na sua área. E quando chegar o momento da eleição, a gente precisa já ter anunciado para o sócio que vai votar o nosso projeto do clube, nossa equipe de trabalho, nosso plano para o Bahia, para que o torcedor possa ter conhecimento e votar embasado. Não posso concorrer a uma eleição, ganhar, e pensar: ‘agora eu faço o quê?’. O Bahia não pode perder tempo. Para uma possível candidatura, eu preciso estar preparado. Tenho feito esse trabalho, não quer dizer que é para isso, mas se for o caso eu sigo. Preciso ter uma equipe preparada junto comigo, para que possamos fazer o melhor pelo clube. E preciso ter um projeto montado para que quando a gente sente na cadeira, já dê o ‘start’ logo em seguida, não perder tempo”.
Por fim, ele falou sobre as dificuldades que reconhece que teria de encarar, caso aceitasse concorrer e possivelmente ganhasse a eleição. Mas, novamente admite que é uma possibilidade que enxerga como plausível, a depender sobretudo caso ele entenda que pode ser capaz de assumir o cargo.
“(…) São algumas premissas que precisam acontecer para tomar uma decisão nesse nível, pois vai mudar toda a minha vida. O Bahia vai virar meu filho, vou precisar cuidar 24 horas por dia. Vou estar colocando em risco até minha condição de ídolo. Se eu não for um bom gestor… O torcedor não quer mais um bom goleiro, isso já foi. Agora para quem sentar lá, precisa ser um bom gestor. São coisas que eu penso sobre essa possibilidade e esses pedidos para ser presidente do Bahia. Pode ser que aconteça? Pode ser. Mas ainda precisa amadurecer muito e preciso me preparar muito para poder chegar lá e, principalmente, não decepcionar a torcida do Bahia. Chegar lá e fazer o que eu fiz dentro de campo na Fonte Nova, com minha ajuda e de minha equipe podíamos fazer a alegria do torcedor tricolor. Para sentar naquela cadeira, o objetivo tem que ser o mesmo. É trabalhar para o torcedor voltar a ser feliz. Esse é o objetivo. Se eu entender que não reúno essas condições, prefiro nem concorrer para não decepcionar quem vai apostar nisso. Se eu vir que posso ter um trabalho que fará a felicidade do torcedor, terei o maior prazer em ajudar o Bahia, como presidente ou qualquer outro cargo”.
Formação e estudo voltados para gestão esportiva
“Nos meus últimos anos de Bahia e um ano e meio no Vitória, eu jogava e estudava. Fiz faculdade de administração, sou pós-graduado em gestão esportiva e sempre gostei da área de gestão. Tanto é que quando o Ypiranga apareceu na minha vida, do nada, foi uma oportunidade logo depois que eu me formei de colocar o conhecimento teórico em prática, mesmo sem experiência nenhuma como gestor. Foi uma oportunidade de aprender muito. Estou fazendo curso de especialização que o Fortaleza criou, com aulas com o presidente Marcelo Paz, que é um grande gestor. Procuro sempre estudar, me atualizar, até porque sou comentarista e preciso dar minha opinião”.
Visão sobre a SAF
“Acho que a SAF veio para ficar. É uma alternativa para os clubes, que precisa ser muito bem estudada. É uma lei muito ampla, que dá a oportunidade de fazer muitas composições. Existe uma liberdade para o clube escolher a forma como quer vender ou encontrar um parceiro, inclusive pode virar SAF e não vender para ninguém. O próprio clube pode ser dono de 100% da SAF, mas a associação vai continuar com as dívidas. Acho que cada clube precisa fazer o seu dever de casa e ver o que é melhor para si. (…) É uma alternativa, sim, que vem fazer com que os clubes busquem recursos onde não teriam acesso como associação. Podem lançar debêntures, ações na Bolsa de Valores, atrair investidores de fora do país… É uma série de situações que precisam ser bem analisadas, até porque é um passo importante. A SAF vai ter um gestor, um dono, e aí muda totalmente o que se conhece como dia-a-dia da associação. É uma coisa que precisa ser bem pensada, mas viável com certeza”.
Quando virou torcedor do Bahia?
“Eu costumo dizer que comecei a torcer para o Bahia em 89, quando foi para a final do Brasileiro contra o Inter. Eu era gremista, nasci em uma família gremista. Então a torcida foi muito grande naquela decisão. Brincadeiras à parte, comecei a conhecer mesmo quando cheguei aqui. (…) Pude perceber que a torcida tinha um amor diferente pelo Bahia. Sempre morei em Salvador, frequentei lugares, sempre falei com a torcida. Percebia que era um amor diferenciado, que a gente que vestia a camisa tricolor precisava respeitar muito. Veio meu respeito e a minha admiração”.
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