Conselheiros pregam mudanças na gestão do Tricolor

Fanáticos, como qualquer torcedor, alguns conselheiros de maior notoriedade do Bahia comentaram o rebaixamento e a situação que o clube vive. Para a maioria deles, o maior problema é administrativo. Os equívocos gerenciais durante a temporada foram apontados como os principais vilões da péssima campanha do time em 2003.

Marinaldo Moradilo, presidente da Bahiatursa, pós-graduado em desenvolvimento econômico, sugere que o presidente Marcelo Guimarães deveria entregar o cargo.

“Marcelo é um empresário vitorioso, só que não deu certo no Bahia. Ele é uma pessoa inteligente, digna e não há dúvidas de que é apaixonado pelo clube. Ele não tem que provar nada para ninguém, mas tem que ter atitude de grandeza de permitir que o Bahia passe para a mão de um outro tricolor. As pessoas ainda não se deram conta da força social e econômica do Bahia”, avaliou.

Segundo o conselheiro, empresário e professor da Escola de Administração da Ufba, Antonio Carlos Magalhães Jr: “Enquanto o Bahia S/A não tiver uma gestão empresarial e profissional, não terá nenhum sucesso. Futebol é negócio e precisa ser gerido como tal. Essa é a questão fundamental. Depois, tudo que vier será conseqüência dessa gestão”.

E acrescentou: “O problema é então mudar, instalar uma gestão verdadeiramente empresarial. Como o Bahia não está sendo gerido como empresa, não está apresentando resultados que a torcida espera, que são as grandes conquistas dentro do futebol moderno”.

“Integro um movimento independente que luta pela reestruturação do Bahia, que teve um dono e vários marionetes por 20 anos. Somos cerca de 40 conselheiros, que defendemos uma faxina, com total mudança. O conselho do Bahia não funciona e não é ouvido como tal. A atual direção precisa entender que não está mais amparada pelos torcedores. Assim, a situação de 2004 será pior, pois a torcida não respeita esses dirigentes”, concluiu o jornalista Nestor Mendes Jr, autor do livro Bahia Esporte Clube da Felicidade – 70 anos de glórias.

“Estou muito triste, porque, basicamente, sou torcedor, vou ao estádio, e nunca dei nenhum conselho, nem um centavo ao Bahia. Para mim, tem que juntar as pessoas que possam criar uma proposta consistente e não simplesmente fazer o presidente cair. Marcelo Guimarães tem responsabilidade, mas ele mesmo já contribuiu muito um dia para tirar o time do buraco em outra oportunidade”, disse o conselheiro e cantor Jorge Zarath.

“O Fundamental nesse momento é encontrar a união no clube, que foi tentada, mas deixou muita gente importante de fora. Isso fez o time perder sua identidade e apoio dentro e fora da Bahia, como na CBF e no Clube dos 13. Hoje, o clube precisa de melhores profissionais, sobretudo na parte referente ao futebol. Os conselheiros estão como estão os torcedores, com o sentimento de revolta. Até a natureza acordou hoje (ontem) com a cara do Bahia. O céu cinzento, a chuva, não foi por acaso. A Bahia está triste”, comentou o conselheiro e secretário estadual da Cultura e Turismo, Paulo Gaudenzi.

O treinador de basquete do Bahia e também conselheiro, Hernani Santos, lamenta a situação do clube e se diz triste como a cidade de Salvador. “Certamente o time chegou a essa situação por conta de alguns equívocos, que foram inclusive apontados pela imprensa durante todo o ano. O trabalho do Bahia no esporte amador é vitorioso e reflete igualmente sua administração coletiva, sobretudo não-personalizada, formada por pessoas, pelo menos no meu caso, independentes”, revelou.

Correio da Bahia (Adaptado)