A edição desta segunda-feira do jornal Correio da Bahia contou com uma interessante entrevista do técnico Oswaldo Alvarez, que falou sobre diversos assuntos. Confira:
O Bahia contratou 15 jogadores e cinco já foram liberados. Os nomes foram indicados por você? Quais você aprova?
A maioria deles eu aprovo, pois a negociação foi feita de comum acordo com a diretoria. Alguns vieram com contrato menor porque não havia opções no início do campeonato. É difícil você contratar 15 atletas e todos darem certo. O grupo vinha de um rebaixamento e as dificuldades são grandes. Você pode observar que a maioria dos clubes que fizeram muitas reformulações teve problemas, como o Corinthians. É complicado acertar até em relacionamento pessoal e social entre eles. Acho que fizemos tudo com planejamento e o time está crescendo no momento certo da competição.
De acordo com o regulamento da Série B, sobra ao Bahia o período de um mês (até 26 de julho) para contratar. Ainda há algum setor carente no time?
Nós ainda temos uma vaga no meio-campo. Perdemos Danilo, Galeano e Jair e não chegou ninguém. Caso a gente encontre um bom nome, pode vir um novo reforço no meio, para o setor de criação, e, talvez, até mais um atacante, para não corrermos nenhum risco.
O jogo contra o CRB será pela 11ª rodada, de um campeonato que tem 23 jogos na 1ª fase. Que avaliação você faz da primeira metade da competição?
O campeonato está muito equilibrado, praticamente todo mundo está embolado, a exceção do Náutico que avançou um pouco, mas que não é grande coisa. Acho que a tendência é o equilíbrio permanecer até o final, pois tem muito time querendo se classificar entre os oito, enquanto outro grupo quer escapar do rebaixamento, onde caem seis equipes. Ambos os grupos não devem se desgarrar.
O Bahia vem apresentando futebol para se classificar nesta primeira fase. Mas o time tem condições de, no final, terminar entre os dois primeiros e subir para a primeira divisão?
É lógico que a gente tem. Tenho visto os outros atuarem e não há nada de excepcional. Há grupos formados há mais tempo e que estão mais entrosados e, por conseqüência, um pouquinho mais à frente. Mas o Bahia, mesmo com todas as dificuldades, com a pressão e críticas que sofreu desde janeiro, está entre os oito, pronto para passar à segunda fase. Lá, a coisa muda de figura, enxuga-se o número de equipes e ficam os melhores. É óbvio que, se não temos uma equipe infinitamente melhor que os demais, ninguém é infinitamente superior a nós.
Quais equipes você considera bem preparadas e que devem disputar o acesso com o tricolor? Seriam Brasiliense e Náutico, líderes da Série B?
A equipe que, por enquanto, mais gostei de ver jogar foi o Fortaleza. O Náutico também fez boas partidas e o Brasiliense observei apenas um jogo, quando ele empatou por 0x0, com o Santa Cruz, em casa. A idéia que tenho desta equipe ainda é um pouco distorcida, pois quem está sempre rondando a liderança não pode jogar aquilo. Provavelmente foi uma má jornada. Eles têm o artilheiro da competição (Val Baiano) e devem estar atuando bem. Já o Náutico tem um ataque muito bom e que faz muitos gols. No entanto, em termos de padrão de jogo, consistência e com jogadores experientes e de qualidade, foi o Fortaleza quem agradou.
Você tem uma base formada por oito jogadores (Márcio, Neném, Leonardo, Reginaldo, Neto, Henrique, Robert e Neto Potiguar). O que falta para preencher as outras três vagas?
Aos poucos temos conseguido encaixar as peças. Defensivamente, a gente não teve problemas desde o início do ano, tanto que tivemos a melhor defesa do estadual (foram nove gols sofridos em 14 partidas). Se você avaliar Neném, Leonardo, Reginaldo, que entrou há pouco tempo pois estava contundido, Bruno, que pela lesão do Elivélton tem jogado constantemente, Neto e Henrique as mudanças são poucas, fazendo um ou outro encaixe. O que nos preocupa é do meio para frente. Temos o Robert e estamos tentando acertar o ataque, para conseguir o mesmo entrosamento da defesa.
A única crise que o Bahia enfrentou desde sua chegada foi no início da Série B, com o episódio das pipocas no aeroporto, onde a torcida lhe poupou. Isto dá mais tranqüilidade para realizar o trabalho?
A gente fica satisfeito da torcida confiar, tanto que os trouxemos até aqui para mostrar o que estava acontecendo. Agora, esta crise e o pessoal que foi ao aeroporto não formam a grande torcida do Bahia. Tem que deixar claro que foi um grupo menor, que está despontando entre as torcidas tradicionais, e que se manifestou de forma pacífica.
Há dois jogadores, Emerson e Valdomiro, que têm uma certa história no clube. Como é colocá-los no banco de reservas?
Não tem problema algum. O Emerson é uma pessoa, um ser humano e homem acima de qualquer suspeita. Ele é profissional e entende perfeitamente minha posição. Claro que ele gostaria de jogar e fica descontente com o banco, porém respeita minha escolha. Quando eu cheguei, ele estava sem contrato e o Márcio começou atuando no Baiano e foi muito bem. Assim, nada mais justo que mantê-lo, pois, inclusive, está bem até hoje. Para o Emerson ser o ídolo que é hoje, ele também teve que substituir alguém no Grêmio quando era jovem. Neste imprevisto da renovação, que demorou um pouco, o Márcio aproveitou. Não digo que sou justo com o Márcio e injusto com o Emerson, apenas que estou sendo coerente.
E o caso Valdomiro. A diretoria aceitaria negociá-lo em definitivo, mas a transação não saiu. Ele está reintegrado ao grupo e volta a disputar posição na defesa?
O Valdomiro nunca foi afastado do grupo, mas do banco de reservas. Na ocasião, entendemos que, apesar dele não estar jogando mal, houve um ou outro erro que todo mundo comete. Tire como exemplo nosso ataque. Se fosse por erros, teríamos que mandar todo mundo embora, pois o que perdemos de gol desde o início do ano… Mas não é assim que funciona o futebol. O problema é que Valdomiro tem uma história antiga. Ele foi criticado por algo que não deveria pagar sozinho, porém, como todo mundo que participava do time ano passado foi embora, ele pagou o mico sozinho. Então, decidimos dar um descanso para que todos tivessem um pouco de paciência. As negociações não deram certo e, a partir de agora, ele, que nunca deixou de treinar, volta a brigar. Tendo condições, pode ser aproveitado no banco.
Você tem costume de revelar jogadores, seja no Mogi Mirim, Atlético-PR, Corinthians ou São Paulo. Aqui no Bahia existe algum jogador que tem condições de, em dois ou três anos, chegar à Seleção Brasileira?
Dois (Ernane e Neto Potiguar) já foram. É sub-20, mas é seleção. O Ernane foi promovido quando chegamos, enquanto o Neto se destacou no Campeonato Baiano de Juniores. Hoje, a grata surpresa, que veio pela necessidade de atacantes, já é uma realidade dentro do clube. Aqui havia bons jogadores, porém com o astral ruim por conta do rebaixamento. O Márcio também é uma realidade, um grande goleiro. Espero que eles continuem bem para, num futuro próximo, servir à seleção principal.
Em praticamente seis meses de Bahia (foi anunciado em 12 de janeiro), qual a avaliação que você faz, principalmente, no aspecto psicológico?
Tivemos uma ascensão muito grande. Quem está de fora não sabe o que passamos aqui dentro e como estava o clube. O trabalho feito junto a Walter (Telles, diretor de futebol), Miguel (Kertzman, superintendente) e Marcelo (Guimarães, presidente) foi de uma transformação geral. Talvez a ascensão não seja tão visível a quem está fora do time. O Bahia montou uma equipe que briga entre os oito primeiros sem gastar um centavo de empréstimo, apesar das dificuldades de se contratar. Pelo contrário, tem jogador que o clube tem percentual. Não fazemos milagre, mas um trabalho muito bom.
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