A matéria abaixo se encontra no maior e mais respeitado jornal do país, a Folha de S. Paulo. O tema merece reflexão, confira:
“A rodada do final de semana nas Séries A e B do Brasileiro foi catastrófica para o Nordeste. Se o campeonato terminasse hoje, a Região não teria nenhum representante na Primeira Divisão no ano que vem, fato que jamais ocorreu na história do Nacional, disputado desde 1971. Pela Série A, o Vitória, única equipe nordestina na atual edição, foi derrotado pelo São Paulo por 4 a 1. Mesmo atuando em Salvador, o time não conseguiu fugir da zona de rebaixamento, em que entrara na rodada anterior ao ser goleado por 5 a 1 pelo Coritiba.
O próximo e penúltimo jogo do Vitória é espinhoso: contra o Cruzeiro, no Mineirão. Com a derrota de ontem para o Inter, em Porto Alegre, o clube mineiro, atual campeão brasileiro, segue entre os ameaçados de descenso e precisa ir bem nas rodadas restantes para enterrar de vez o fantasma. O último jogo do Vitória é em casa, contra a Ponte Preta, que está na disputa por uma das vagas na Copa Sul-Americana.
O vexame nordestino no final de semana foi ainda maior na Série B. O Fortaleza foi derrotado pelo Brasiliense, do Distrito Federal, que se garantiu na Primeira Divisão no ano que vem, e o Bahia caiu diante do Avaí, de SC, que agora está bem próximo de obter também a sua vaga na principal divisão – basta um empate contra o time cearense na derradeira rodada, no sábado.
Nem Bahia nem Fortaleza dependem apenas de seus próprios jogos para garantirem a vaga restante. Apesar de disputar a Segundona, o time baiano, campeão brasileiro de 1988, é o recordista disparado de público do Brasileiro, com média de 32.388 pagantes por partida. O líder desse ranking na Série A é o Corinthians, com 14.435 torcedores por jogo.
Região mais pobre do Brasil, detentora de dois títulos do Nacional (além da conquista do Bahia, o Sport triunfou em 1987), o Nordeste continua lotando estádios, algo cada vez mais raro no país. Graças principalmente aos clubes da região, a Série B tem média de público parecida com a da Série A (6.547, contra 7.807). Dos sete campeões de público da Segundona, seis são do Nordeste, todos com média superior à da elite.
Caso se confirme o naufrágio nordestino, o Brasileiro de 2005 será a consumação de uma tendência que já ficou clara neste ano. Na atual edição, 87,5% dos participantes são do Sudeste e do Sul, as regiões mais ricas do país – o maior índice da história. Os únicos “periféricos” do Brasileiro-2004 são Vitória, Goiás e Paysandu. Dos três, o único que está livre do rebaixamento é o clube do Centro-Oeste.
Caso Vitória e Paysandu sejam rebaixados e o Avaí suba para a primeira divisão, a “concentração de bola” crescerá ainda mais: o Sul e o Sudeste ficariam com 20 dos 22 participantes do Brasileiro-2005, ou 91% do total. Predominantes na Série B (neste ano representam 33% dos 24 participantes), os clubes do Nordeste terão no ano que vem a companhia de pelo menos um campeão brasileiro, o Grêmio, primeiro rebaixado da Série A. Atlético-MG e Guarani, outros ganhadores do Nacional, pouco avançaram nesta rodada e seguem ameaçados de sucumbir.”
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