Crise do rival veio em ótima hora para a diretoria

Intitulada “Foco desviado”, a matéria abaixo – do repórter José Raimundo Silveira – se encontra na edição desta quarta-feira do jornal A Tarde:

“Passados quatro dias da maior tragédia da história do clube, a torcida do Bahia espera providências. Mas, até o momento, só medidas administrativas foram tomadas pela direção. Enquanto o rival pega fogo, o ambiente no Fazendão é mais de resignação. Embora os tricolores resistam em admitir, o foco no rebaixamento do Leão acabou sendo benéfico, por reduzir a pressão popular.

A queda para a Terceirona era hipótese cogitada pelo menos cinco partidas antes do fim da fase inicial da Série B. Até o tricolor mais otimista pouco acreditava que o time escaparia com vida no jogo decisivo, em Jundiaí.

O Vitória, ao contrário, alimentou esperança de ficar no G-8 até a antepenúltima rodada, mas foi rebaixado em casa. O baque foi mais impactante, portanto.

O clima de comoção causado pela imagem do choro convulsivo de um torcedor, no aeroporto de Salvador, após a derrota para o Sport, criou expectativa de conseqüências trágicas diante de um futuro descenso. Confirmado o vexame, o que se vê pelas ruas é o conformismo por parte dos torcedores. No máximo, críticas, lamentos e juras de ausência nos jogos da próxima temporada.

No retorno dos jogadores após a derrota para o Paulista, protestos eram esperados no aeroporto. Porém, apenas poucos gatos pingados surgiram por lá, sem causar tumulto. O presidente interino, Petrônio Barradas, garante que não temeu hostilidades. “O baiano é pacífico por natureza. Já esperava esse tipo de reação, pois a torcida do Bahia não costuma fazer vandalismo”.

Petrônio não fala com todas as letras, mas insinua que a grave crise interna do arqui-rival jogou os holofotes do pós-rebaixamento para a Toca do Leão. “Nossa situação é difícil, mas a coisa lá está mais feia. A questão é que nós já encaramos nossa realidade que, infelizmente, é a Terceira Divisão. Só resta trabalhar e descascar esse pepino”.