Em 1996, Antonio Pithon assumiu a presidência do Bahia no meio de um vendaval, com o clube endividado e às vésperas de iniciar o Campeonato Brasileiro. De acordo com ele, Paulo Maracajá e Francisco Pernet (presidente à época), foram ao seu escritório implorar para que assumisse o cargo. Decidiu, então, assumir o pepino.
Sua gestão durou um ano e cinco meses. Na primeira temporada, livrou o time do rebaixamento no Brasileirão na última rodada, contra o Flamengo. No ano posterior, o time acabou degolado.
Analisando sua administração, Pithon admite três erros. O primeiro foi afastar o diretor de Relações Públicas, Nestor Mendes Júnior, a mando de Osório. O segundo foi a demissão de Edmundo Franco, diretor de Futebol, por exigência de Maracajá, Osório e Marcelo Guimarães, que impuseram Rui Accioly. Por fim, deveria ter feito auditoria nas contas de Pernet e Maracajá.
Mas Pithon alega boicote por parte dos cardeais tricolores. As barreiras iam além de pedidos pessoais de conselheiros influentes para que outros clubes do País não cedessem jogadores emprestados. No caso do português Jorge Silva, bom jogador, até a Federação Portuguesa demorou para dar a transferência. Tive que pedir auxílio ao Dr. João Havelange, com quem mantinha contato.
ROUBO A maior mágoa de Antonio Pithon surgiu após sua saída da presidência. Ele revela tristeza por conta de determinadas atitudes, como a retirada de placa com seu nome na sede social, e denúncia de que teria roubado dinheiro do clube.
Para pôr a folha salarial do elenco em dia na reta final do Brasileiro de 97, recorri ao presidente da CBF, Ricardo Teixeira, de quem fui diretor. Ele adiantou R$ 500 mil, por conta de cotas de TV. Mas o Bahia precisava de mais R$ 150 mil, então recorri a um empréstimo pessoal, cedido por Ricardo. Quando passei o bastão a Marcelo, perdi esse dinheiro e ainda me acusaram de roubo.
Pithon revela que, antes de assumir, solicitou ao Conselho autorização para ser dirigente remunerado. Seria uma maneira de compensar o tempo de dedicação ao clube, que era integral. Os donos do poder diziam que não ganhavam nada, mas se candidatavam a vereador e deputado, usando a estrutura do clube. Quis dar uma administração profissional ao Bahia, mas fui impedido e boicotado.
Para ele, o ônus do rebaixamento de 97 deveria ser dividido com outros dirigentes. Pithon fala que, após a saída de Edmundo Franco, passou a tocar a parte financeira do clube, deixando o comando do futebol com o grupo de Paulo Maracajá. Foram eles que indicaram o técnico Jair Pereira e fizeram as contratações equivocadas. Mas assumi a culpa, como presidente.
A Tarde
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