No início da noite desta terça-feira, o espaço reservado para a comunicação oficial da diretoria tricolor serviu para sediar uma “rusga” perante um dos maiores ídolos do clube, primordial para a conquista do título nacional de 1988. O atual diretor de futebol, o empresário Antônio Garrido, criticou a postura do antigo ocupante do cargo, o ex-jogador Bobô, que após o vexatório rebaixamento do Bahia à Terceirona resolveu “soltar o verbo” contra a administração que até pouquíssimo tempo participava sem nada reclamar.
Vale destacar a nota divulgada pela assessoria de imprensa do Esquadrão, que curiosamente acabou até desmentindo algumas alfinetadas de Garrido, como os reforços contratados na gestão anterior. Confira a íntegra dos textos, primeiro a Carta aberta ao amigo Bobô, depois o referido Esclarecimento:
“Caro amigo Bobô, Sempre fomos amigos, há quase 20 anos. Não seria agora, sem nenhum motivo, que essa maravilhosa condição deixaria de existir, apesar do destino, sem nenhuma interferência minha, ter-me colocado na função que você, até recentemente, desempenhava no E.C. Bahia.
É nessa condição de amigo antigo que, neste momento, me dirijo a você. Estou surpreso, caro Bobô. Muito surpreso com suas declarações públicas que ferem, frontalmente, o menor índice de ética que se possa desejar, em qualquer atividade humana, ainda mais porque você ataca, de maneira gratuita, pessoas que lhe deram emprego, que lhe pagaram salários e que, se lhe contrataram, foi confiando em sua capacidade técnica e, principalmente, em sua lealdade.
Amigo Bobô, sempre, todas as vezes que você assumiu qualquer cargo nas Divisões de Base, como treinador ou como coordenador, no Bahia, eu era o primeiro a te procurar, oferecendo ajuda material, se necessária, e muito mais importante, o apoio da minha experiência como ex-vice-presidente das Divisões de Base, que exerci por três anos, e como administrador e empresário que sou. Você jamais recusou meus conselhos e sempre nos encontramos para debatermos as dificuldades, até junto com Enaldo Rodrigues.
A minha colaboração era de um tricolor apaixonado e de um amigo que queria e ainda quer ver seu sucesso. Mas, amigo, não posso ver, sem reação, você atacar pessoas que lhe deram emprego, como Marcelo Guimarães que, se errou, e, pessoalmente, até acredito que possa ter cometido erros, tentando acertar, sem dúvidas, pois ele também é tricolor, e não é nenhum masoquista, você não estava lá, ao seu lado? Quem era o diretor de futebol? Quando as contratações de jogadores velhos, como você cita Uéslei, Dill e Viola, foram efetuadas, o que você fez, como diretor? Não seria hora de ser contra? Não seria aquela a hora exata para você pedir demissão? O que te impediu?
Você foi um aprovador tácito daquelas contratações, pois seu cargo permitia que você as vetasse. Eu teria feito isso! Ou teria entregado o cargo. Você disse ao globoesporte.com, no dia último dia 29 de setembro, que sua maior preocupação é com a vaidade dos dirigentes atuais.
Quem? Quem, nominalmente, você considera vaidoso dentre os atuais dirigentes? Você me conhece há 20 anos, já te ajudei por mais de 10 anos e nunca procurei aparecer. Onde está minha vaidade? Quanto você ganhava para ser diretor de futebol? E quanto ganho eu? Nada! Nem um centavo!
Fui tentar salvar o meu time por um chamado de um homem de bem: Petrônio Barradas, humilde, tricolor e com muitos e muitos anos de serviços prestados ao Bahia, muitos deles sem que ninguém tenha tomado conhecimento. Quase conseguimos. Ganhamos 10 pontos em 21 disputados. Se tivéssemos assumido antes, ou seja, se você tivesse renunciado antes, com certeza estaríamos classificados.
Na mesma entrevista, você se reporta a jogadores como Zanata, Cláudio Adão e Zé Carlos. Foi bom, isso foi muito bom! Sabe o que Zé Carlos fez nas vésperas do jogo contra o Santo André? Enviou um soneto de auto-ajuda e de estímulo aos jogadores, que eu tive prazer de ler, para todos, na minha preleção aos atletas, e ganhamos o jogo por 3 a 0. Você apareceu para ajudar?
Você, pelo que sei, sem nenhum motivo, renunciou ao cargo sem que ninguém tivesse lhe pedido isso. Teria sido medo? Será que você verificou o quanto errou, antes, e achou que não havia mais solução?
Petrônio e eu achamos, naquela oportunidade, que mesmo recebendo o clube na vice-lanterna e, ainda, apesar dos erros que certamente foram cometidos, ainda havia chance e agarramos essa chance até o último jogo. Tivemos, pelo menos, coragem. Não merecemos críticas por isso. Principalmente por quem cometeu ou concordou com os erros. Assim, caro Bobô, você está sendo injusto com o clube que sempre lhe acolheu.
Atenciosamente,
Antônio Jorge Moreira Garrido
Diretor de Futebol”
ESCLARECIMENTO
“O ex-diretor de futebol do Esporte Clube Bahia S/A, Raimundo Nonato Tavares da Silva, o Bobô, assumiu o cargo em 04 de março de 2005. Permaneceu até 22 de julho de 2005, quando solicitou publicamente sua voluntária demissão. Foram, portanto, quatro meses e 17 dias exercendo a função.
Durante a gestão de Bobô, quatro técnicos trabalharam sob o comando dele Hélio dos Anjos, Zetti, Jair Picerni e Carlos Amadeu. O único não contratado pelo então diretor foi Hélio dos Anjos. Sob a responsabilidade de Bobô, foram contratados ainda os seguintes jogadores: Badé, Luciano Amaral, Esquerdinha, Ney, Jales, Gabriel, André Cunha (que ficou menos de 24h no clube), Jucemar e Jóbson”.
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