“19 de fevereiro de 1989: naquela tarde de domingo, o Bahia decidia, contra o Inter, a final do Campeonato Brasileiro de 88. Com total brilhantismo e justiça, em pleno Beira-Rio, o Esquadrão levantou a taça onde o Colorado – que estava invicto em decisões nacionais – havia cravado seu tri-brasileiro. 17 anos depois, os clubes seguiram trajetórias completamente opostas…”. O trecho acima foi escrito por um dos inúmeros participantes do Fórum ecbahia.com.br, o tricolor Cláudio Paes, e é mais do que oportuno.
Traçando um paralelo entre os finalistas daquela decisão, enquanto o vencedor figura hoje no porão do futebol tupiniquim, o perdedor tem tudo para conquistar, nesta quarta-feira à noite, a badalada Taça Libertadores da América, diante do todo-poderoso São Paulo. Seria mera coincidência? Confira texto do diretor de redação da conceituada revista Placar, Sérgio Xavier Filho, e compare você mesmo com a realidade azul, vermelha e branca:
“Não faz tanto tempo, apenas cinco anos. O Internacional estava em situação pré-falimentar, quebrado, se arrastando para a segunda divisão brasileira. Sem títulos e com dívidas crescentes, o Inter era uma conta que não fechava. Os torcedores abandonavam o barco, e o quase centenário clube gaúcho se apequenava. Foi quando um tal Fernando Carvalho assumiu a presidência colorada. Nenhuma idéia mirabolante, apenas administração profissional. Parece pouco, mas não é no mundo do futebol. Por envolver paixão e pressão de torcida, o meio cobra loucuras e bravatas.
Das arquibancadas e das páginas de jornal vêm a ordem para comprar grandes jogadores e arrumar o time. Danem-se a contabilidade e os papagaios. Carvalho não caiu na tentação. Impôs um plano de saneamento e percebeu que a conta do futebol poderia fechar com a venda de uns dois jogadores por ano. Para isso, era preciso formar nas divisões de base ou contratar desconhecidos pelos rincões brasileiros. Foi o que o Inter fez. Devagar, formou e contratou (danado, Carvalho demonstrou ter olhos de lince para identificar futuros jogadores). E nos últimos anos viu aparecer Daniel Carvalho, Nilmar e outros. Vendeu bem e se capitalizou.
Em paralelo, trabalhou a auto-estima colorada. Também sem afobação, foi consertando e modernizando o Beira-Rio. Um estádio confortável e moderno pode ser um chamariz para atrair novos sócios (ter um time vencedor é o principal, claro). O modelo do Barcelona deve ter inspirado Carvalho. Lá, o clube vive dos seus mais de 100 mil sócios. Em Porto Alegre, no início de agosto, o Inter comemorou o sócio número 40 mil. Não é pouco. É mais de um milhão de reais por mês que entra para os cofres vermelhos. Com salários em dia, jogadores costumam render que é uma beleza. Nos últimos anos, o Inter praticamente não trocou de técnico, primeiro Muricy, agora Abel Braga.
Finalmente chegamos ao futebol. O Internacional que venceu o São Paulo não foi apenas um time de futebol. O Inter que derrotou no Morumbi o campeão do mundo foi um clube, um grande clube. Pelo que fez e vem fazendo fora e dentro de campo, talvez apenas o São Paulo possa se comparar ao Inter no quesito administração/resultados. Com a diferença que o Internacional estava quebrado, não faz tanto tempo, e por isso o feito merece mais destaque. O exemplo deveria ser inspirador. Alguém se habilita a imitar o Colorado?”.
JÁ AQUI…
Infelizmente a diretoria do Bahia não. Aproveitando outro comentário no Fórum do site, este do tricolor Dude, “o que falta no Bahia além da competência é a vontade de mudar, pois tenho certeza de que se houvesse uma mudança no Estatuto (com sócio podendo votar) e se se fizesse uma campanha em massa para explicar ao torcedor isso, teríamos milhares de sócios em dia”.
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