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Propaganda enganosa

Notícia
Historico
Publicada em 22 de dezembro de 2006 às 00:01 por Da Redação

Sancionada pelo presidente Lula no último dia 14 de setembro, a lei que cria a Timemania foi comemorada por clubes de todo o País. Cartolas chegaram a estourar fogos e disseram, em uníssono, tratar-se da salvação do futebol nacional.

A situação se repetiu no Bahia. Não foram poucas as vezes em que, questionado sobre o vazio nos cofres tricolores, o presidente Petrônio Barradas depositou suas esperanças no jogo a ser organizado pela Caixa Econômica Federal (CEF) com o objetivo de sanear as dívidas das equipes brasileiras.

Mas há um grande porém nisso tudo, que parece não ser levado em conta no Fazendão. É que, além de o governo impor contrapartidas aos times, a distribuição das receitas da venda das cartelas será ínfima em relação aos que habitam a Série C do certame brasileiro.

ENTENDA – A previsão inicial de arrecadação com a Timemania é de R$ 500 milhões anuais. Dessa quantia, entretanto, apenas 22% vão para os clubes – e eles terão cotas diferenciadas. Os 20 participantes da Série A devem ficar com 65%; os 20 da Série B, com 25%; e um terceiro grupo, formado por 40 agremiações, com somente 8%. Isso porque, apesar de aparecerem 80 equipes no volante da loteria, outros 20 times, que seriam “reservas” em caso de desistências, fariam jus a 2% do valor.

E todos eles, ao entrar no projeto, precisam confessar sua dívida à Receita Federal e manter os novos recolhimentos em dia. O débito a ser coberto pelo projeto será parcelado em 180 meses (15 anos) e o clube ficará obrigado a complementar o pagamento mensal, se a sua cota for insuficiente.

“Por isso, mesmo que a Terceira Divisão receba 10% dos 110 milhões previstos pela Caixa, a situação do Bahia seria complicada, tendo de desembolsar cerca de R$ 116 mil mensais para continuar ‘se beneficiando’ da loteria”, conta o economista da Associação Bahia Livre, Marcus Verhine.

“O clube também não poderá atrasar nenhum imposto, sob pena de ser retirado do jogo, então essa tradicional prática adotada pelo tricolor não vai poder continuar. Assim, pergunta-se: será que o Bahia está realmente planejado para a Timemania? Os clubes do Rio já estão há três meses falando em se reestruturar, mas nunca vi uma declaração de Petrônio, de ninguém, sobre o assunto”, acrescenta.

RESTANTE – Verhine explica que o projeto pode até ser bom para os clubes, mas é muito melhor para o governo: “É perfeito para o Fisco. O dinheiro não vai entrar diretamente nos times, e sim numa conta específica da dívida confessada de cada um deles. As equipes só terão chance de utilizá-lo para contratações, por exemplo, depois de estarem quites com a Receita. Então o governo se cobre, garantindo dívidas impagáveis, e ainda posa de fomentador do futebol nacional”.

Para os clubes, o lado positivo é que, sem débitos exorbitantes, fica mais fácil de conseguir crédito, financiamento e investimentos junto a bancos e empresas. “Times com patrimônio liquido negativo, como é o caso do tricolor, não podem obter empréstimos de instituições financeiras”, ensina o economista do Bahia Livre.

Ele reitera as dificuldades que o Esquadrão de Aço deve enfrentar com a Timemania e dá uma sugestão. “O Bahia está preparado para entrar com dinheiro mensalmente? Tem caixa para isso? Uma saída seria usar sua força política e influência de fundador do Clube dos 13 para tentar algum diferencial sobre os demais times da Série C, já que sua dívida é muito maior que a do restante deles”, conclui.

OLHO NO FUTURO – Vice-presidente de marketing azul, vermelho e branco, Marco Costa defende a participação do Bahia no projeto. “O clube já sabia que era assim quando aderiu. Só que achava que ia subir”, explicou, reconhecendo que, “num primeiro momento, a loteria não é tão rentável, mas pensamos no conjunto, no que pode ocorrer no futuro”.

Segundo Costa, o tricolor ainda não fez as contas, porém segue a orientação do Clube dos 13. “Timemania é coisa a longo prazo. Evidente que na Série B já teríamos um percentual bom, mas ela vai ser muito bem-vinda”.

De fato, se o Bahia tivesse subido, as contas fechariam. Pelo rateio da Segundona, a equipe receberia algo em torno de R$ 114,5 mil mensais e não teria maiores problemas para honrar seus compromissos com a Receita Federal. Ao final dos 180 meses previstos pela Caixa, o que viria seria lucro.

CONTRAPARTIDAS – O diretor do Esquadrão aproveita para garantir que o clube já cumpre todos os requisitos estipulados na lei da Timemania. “Apresentamos nosso balanço financeiro anualmente na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), somos auditados pela Delloitte, uma das cinco maiores empresas do mundo na área, e realizamos programas sociais. Nosso projeto da divisão de base já é feito e vai ser ampliado”, diz.

Marco Costa alega ainda que o clube terá participação nas apostas. “Portanto, o torcedor também poderá apostar mais no time do coração, o Bahia, e nos ajudar”, acredita o diretor.

Matéria publicada na edição de 21/12/2006 do jornal A Tarde

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