De Eliano Jorge e Herbem Gramacho, no jornal A Tarde:
“O maior adversário do aristocrático Fluminense é o ambiente do clube. A pressão por melhores resultados vem da torcida, da mídia, dos cartolas e da própria consciência dos jogadores. Quanto mais vexames, pior fica o estado psicológico do elenco.
O último tropeço foi o 1 a 0 do América, de Natal, no Maracanã, anteontem. Alguma decisão tem que ser tomada, não pode ficar assim. Ganhamos lá e aqui passamos essa vergonha com um (jogador) a mais, e correndo o risco de não se classificar, reclamou o experiente zagueiro Luiz Alberto. O goleiro Fernando Henrique aconselhou, ontem, na TV: É hora de a gente ter a cabeça fria.
No Estadual, o clube soma três vitórias, dois empates, cinco derrotas, 13 gols pró e 15 contra. Na Copa do Brasil, eliminou a acreana Adesg, com dois triunfos, e o América, com 2 a 1 e 0 a 1.
CONTURBADO Cheio de nomes famosos, colecionou seis treinadores no ano passado. Não ganhou nada e quase desabou à Série B. Para 2007, mesclou promessas das divisões de base, jogadores veteranos e emergentes.
Enquadram-se nesta última categoria o lateral-direito Carlinhos e o meia Cícero, revelados em Vitória e Bahia, respectivamente. Outro conhecido dos baianos é o atacante reserva Rafael Moura, que não evitou o descenso rubro-negro em 2004.
Contratado para planejar e dar jeito no departamento de futebol, o ex-lateral-esquerdo Branco tenta contornar a péssima fase. Temos total confiança no trabalho do (técnico) Joel, da comissão técnica e dos jogadores. Não estamos satisfeitos com os resultados, o que é normal, mas não vai ter mudança, garantiu, em declaração reproduzida no site oficial tricolor.
Joel Santana acumula quatro derrotas e quatro vitórias. Um clube grande como o nosso não pode oscilar tanto de uma partida para outra, acrescentou Branco.
Quarto colocado entre seis equipes da sua chave, o Flu precisa vencer o Boavista no Maracanã, domingo, e secar três concorrentes. O Volta Redonda recebe o Americano. O Friburguense visita o Madureira. Ao América, resta golear o Flamengo. Penúltimo do seu grupo na Taça Guanabara, o primeiro turno, o Flu dançou logo na fase inicial.
Atrás de um esquema de jogo
O maior problema encontrado pelo Fluminense na atual temporada é a falta de um esquema tático definido. A troca de treinador em um curto espaço de tempo é o principal motivo. Joel Santana estreou à frente da equipe no dia 28 de fevereiro, após a saída de Paulo César Gusmão.
PC Gusmão saiu porque o Flu não se classificou na primeira fase da Taça Guanabara. Joel Santana assumiu e, em oito jogos, ainda não conseguiu definir a maneira do time jogar.
Os responsáveis pela defesa são os ma is garantidos até aqui. Thiago Silva e Luiz Alberto compõem a dupla de zaga. Carlinhos, ex-Vitória, é o dono camisa dois. E Ivan, ex-Atlético Paranaense, joga na esquerda.
No meio, as mudanças são constantes, o que prejudica o entrosamento do grupo. Cícero, David, Arouca, Romeu, todos jogam no setor em que só o volante Fabinho e o astro Carlos Alberto têm camisa garantida.
O volante Fabinho tem a missão única de destruir jogadas. É aquele marcador que não costuma passar do meio-campo com a bola dominada. Foi campeão mundial pelo Inter. A lesão de Arouca impediu uma repetição do meio-campo. Mas desde que se curou, tem sido titular. O volante de 20 anos tem mais facilidade de sair para o jogo.
Ex-Bahia, Cícero tem começado no banco com freqüência, apesar dos dois gols que decidiram o Fla-Flu vencido por 2 a 1, no último dia 29. Quando ele não joga, o volante David ganha chance e reforça a bendita pegada.
No ataque, Alex Dias tem lugar garantido. Seu companheiro oscila entre Soares e Lenny, 19 anos, titular na derrota de 1 a 0, quarta, contra o América-RN, que garantiu a vaga.
Herói e vilão da turma tricolor
O técnico do próximo adversário do Bahia na Copa do Brasil é um velho conhecido da torcida tricolor. Atende pelo nome de Joel Santana e já teve três passagens pelo futebol baiano. Foi amado o odiado pela torcida que vai enfrentar na Copa do Brasil.
Na primeira, a consagração. Joel Santana chegou ao Bahia durante o Campeonato Baiano de 1994. Logo na estréia, levou uma surra de 4 a 0 do Vitória, na Fonte Nova.
Ficou até o final da competição e deu o troco, no famoso Ba-Vi do dia 7 de agosto, com gol de Raudinei no último minuto. Continuou à frente do Bahia no Brasileirão e foi até as quartas-de-final, quando o time caiu diante do futuro campeão Palmeiras.
Joel Santana então seguiu para o Fluminense, onde seria campeão estadual de 95, com outro gol salvador. Daquela vez, a barriga de Renato Gaúcho garantiu o troféu.
O treinador voltaria a assumir o Bahia em 1999. A marmelada (ou laranjada?) dos dirigentes tricolores impediu a realização do segundo Ba-Vi da final, e o título acabou repartido entre Bahia e Vitória.
Joel Santana ficou para a Série B do mesmo ano, quando o Bahia bateu na trave. Chegou ao quadrangular final, mas ficou em terceiro e apenas dois times subiam.
A torcida tricolor culpou Joel por ter mantido titular o goleiro Alex Guimarães, apesar das más atuações que culminaram num frangaço na partida decisiva contra o Santa Cruz (o Bahia tomou 2 a 1, em Recife, e foi eliminado por antecipação). Para piorar, corria solta a história que o goleiro Alex era genro de Joel.
Depois daquele episódio, o treinador carioca, hoje com 59 anos, só voltou a Salvador para treinar o Vitória. E se deu bem. Foi bicampeão baiano, em 2002 e 2003, mas nenhum dos títulos foi sobre o Bahia. Em 2002, venceu o Fluminense de Feira. Um ano depois, a Catuense.
Também em 2003, Joel treinava o Vitória na goleada de 7 a 2 sobre o Palmeiras, no Parque Antárctica. Aquele jogo revelou o atacante Nádson para o Brasil. Ele fez quatro”.
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