De Herbem Gramacho, no jornal A Tarde desta terça-feira:
“A cada recomeço, uma nova agonia. Desde 2003 a história é resumida assim. Cansados dessa sina, torcedores do Bahia voltaram a protestar, ontem à tarde, na reapresentação do elenco tricolor.
Foram cerca de 30 pessoas na entrada do Fazendão. Longe da multidão que costuma colorir a Fonte Nova, mas representativo de quem pôde comparecer em Itinga numa tarde de segunda-feira.
A idéia do protesto surgiu numa reunião do movimento Consciência Tricolor, criado há três meses por jovens torcedores que garantem não ter interesse em possuir cargos no clube. Depois, o germe foi lançado na internet, através da comunidade do Bahia no Orkut.
Um dos cabeças da manifestação era o administrador Orlando Vidal, 25 anos. Nossa intenção é de não deixar morrer a onda de protestos. A gente não esqueceu de nada que eles (a atual diretoria) fizeram. Em qualquer outra empresa, uma pessoa que vai mal durante um, dois ou três anos é posta pra fora, diz, em analogia ao Bahia, onde isso não acontece.
A volta de Ruy Accioly ao posto de diretor de futebol ele é também vice-presidente de futebol e presidente do Conselho Deliberativo atiçou ainda mais a ira. Eles não estão voltando por mérito, mas por apadrinhamento. O plural foi usado para incluir o ex-presidente Marcelo Guimarães, que voltou a participar das reuniões da cúpula tricolor.
O grito de eleições diretas também tomou conta do protesto. A descrença na diretoria do clube chegou ao limite. É mais fácil a torcida fazer o estatuto do que eles, afirma o torcedor Jaílton Bispo dos Santos.
A reforma nos estatutos do Bahia é promessa de campanha ainda não-cumprida pelo presidente Petrônio Barradas, que tomou posse em novembro de 2005.
O manifestante Leandro Fernandes cobra respeito aos tricolores, pois foi a presença da torcida nos jogos contra Fluminense (47 mil pagantes) e Vitória (60 mil) que possibilitou ao clube manter os salários em dia durante o Estadual.
APLAUSOS A raiva da galera era contra a diretoria. A comissão técnica e a maioria dos jogadores foram poupados das críticas.
Ao chegar no Fazendão, dentro de um carro, o meia Danilo Rios foi aplaudido e teve seu nome gritado em coro. Danilo Gomes também recebeu elogios. Foi o único a parar o carro para ouvir os torcedores. E saiu com mais moral. O mesmo não aconteceu com Nonato e Ávine, hostilizados ao chegarem no trabalho.
ABERTAS Precavida, a diretoria do Bahia solicitou uma viatura da Polícia Militar na porta do Fazendão. Mas os PMs nem precisaram descer do carro. Nenhum manifestante quis atravessar o portão. Minha intenção é de mobilizar a torcida. Não tenho intenção nenhuma de entrar em contato com a diretoria, antecipou o bacharel em Direito João Victor, responsável por espalhar o protesto no orkut.
Alvo das críticas, o presidente Petrônio Barradas aceitou o protesto sem perder a calma. Sou a favor da democracia, qualquer pessoa tem direito de protestar. E as portas do clube estão abertas a quem quiser ajudar.
Mas quando o assunto é estabelecer eleições diretas, a democracia sai de cena por um instante e o dirigente continua com o discurso contra a pressa. Eu não precisava prometer reforma de estatuto só para me eleger. Falei por convicção, declara Petrônio Barradas, como garantia de que vai implantar eleições diretas no clube.
Quando? O cartola sai pela tangente. Afirma que, por se tratar das leis do clube, o novo estatuto demora a ser lançado. E já se passou um ano e meio de mandato”.
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Cadê a reforma urgente e imediata?
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