De Paulo Cobos, na Folha de S. Paulo desta quarta-feira:
“GESTÃO DE VÁRZEA LEVA O CAOS À SÉRIE C
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Atletas amadores, erros na contagem de cartões e até endereço errado amontoam SJTD de casos envolvendo torneio
Edição de 2007 tem grupos modificados no meio da competição, que já está na terceira fase, e pode até acabar na Justiça comum
É um campeonato organizado pela CBF, que orgulha-se de seu profissionalismo. Mas a terceira divisão do Brasileiro é um pastelão típico da várzea. Tudo por causa do artigo 214 do código disciplinar, que pune com perda de pontos e multa o clube que escalar jogadores sem condições de jogo.
Só nas edições de 2006 e 2007 a Série C teve nove equipes punidas por isso -somadas, elas perderam 72 pontos. Nas duas principais divisões, só houve um caso desse no período, com o Marília, neste ano. E os motivos para as punições são muitas vezes bizarros.
O último a ser punido foi o Imperatriz, do Maranhão. Isso porque o time errou na contagem dos cartões amarelos de um atleta e perdeu seis pontos no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), o que tirou o clube da terceira fase, dando lugar à paraense Tuna Luso.
“Não soubemos interpretar uma norma da CBF”, diz Léo Caldas, o presidente do clube. Ele se refere ao fato de que, quando um atleta é expulso por levar dois amarelos no mesmo jogo, esses cartões não são contabilizados para a conta de uma suspensão por três amarelos.
Caldas, que vai recorrer da punição, reclama da relação dos times da Série C com a CBF. “Falta mais contato. Tudo tem que passar pela federação, e muitas vezes lá o lado político fala mais alto”, afirma.
A falta de contato, aliás, foi a desculpa para a escalação de outros jogadores irregulares.
O Nacional de Patos, da Paraíba, perdeu seis pontos por escalar um atleta que havia sido suspenso no STJD dois dias antes de entrar em campo. O clube diz não ter recebido comunicado sobre a pena. Mesmo com a punição, a agremiação conseguiu avançar de fase.
No ano passado, o Ananindeua, do Pará, também perdeu seis pontos pelo uso de jogador suspenso. O time reclamou de que a comunicação da pena foi enviada para endereço errado.
Com pouco dinheiro, os clubes da Série C até apelam para atletas amadores, o que gerou o caso que coloca até em risco o fim da competição.
O Araguaína, do Tocantins, foi punido ainda na primeira fase pela escalação de um jogador sem contrato profissional, que não tinha seu nome no BID, o boletim da CBF que mostra quem tem condições de atuar.
Mas o clube recorreu e, na semana passada, quando o campeonato já estava na terceira fase, reverteu o quadro. Só que a CBF diz não ter como modificar o torneio agora. “Vamos até o fim, incluindo a Justiça comum, para defendermos nosso direito”, diz Itamar Perin, presidente do Araguaína, que, porém, faz uma mea-culpa.
“Se fôssemos mais profissionais, isso não teria acontecido. Nosso supervisor caiu numa conversa fiada de que o jogador poderia atuar, mesmo sem ter nenhum documento”, diz o cartola, que montou parte da administração do clube na sua loja de móveis no Tocantins.
POPULAR: BAHIA É LÍDER DE BILHETERIA
A Série C é um fiasco de público (média de 2.200 pagantes). Mas tem o rei da bilheteria das três divisões do Nacional. O Bahia tem média de 29,7 mil pagantes -responde por 22% do público total do torneio”.
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