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Manutenção ruim causou as mortes na Fonte Nova

Notícia
Historico
Publicada em 1 de dezembro de 2007 às 00:07 por Da Redação

De Diana Gomes, no jornal A Tarde deste sábado:

“Viadutos, prédios históricos, pontes, túneis e outros espaços públicos. A dúvida agora é: quais são as outras construções públicas que escondem os perigos da falta de manutenção na cidade? O primeiro laudo sobre o acidente na Fonte Nova, ocorrido no último domingo, confirma a irresponsabilidade e o descaso dos poderes públicos. Para o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia da Bahia (Crea), a falta de manutenção do estádio foi a principal responsável pela queda de parte da arquibancada, que matou sete torcedores, no final da partida entre Bahia e Vila Nova, pelo Campeonato Brasileiro da Série C.

“O acidente foi ocasionado principalmente pela falta de manutenção. Na nova avaliação, observamos que as condições precárias se estendem por grande parte do anel superior. Além da falta de manutenção, o acúmulo de água nos degraus, a deficiência da drenagem, a umidade e a ação do tempo contribuíram para a corrosão”, concluiu o presidente do Crea/BA, Jonas Dantas, sobre o estádio que é de responsabilidade da Sudesb.

O laudo divulgado nesta sexta e enviado para o Ministério Público, Governo do Estado, Sudesb e Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Brasília (Confea), pouco acrescenta ao que já havia sido apresentado pela entidade, em advertências enviadas aos órgãos públicos antes do acidente acontecer. A quantidade de alertas sobre a precariedade da estrutura, a maioria delas presente em documentos antigos, escandaliza a falta de sensibilidade e preocupação dos órgãos competentes, que ignoraram todos os avisos e só decidiram por interditar o estádio, após as mortes.

Perícia – Sete profissionais, entre engenheiros civis, arquitetos, técnicos de fiscalização e conselheiros, trabalharam na perícia.

Durante a visita, realizada na última terça-feira, os funcionários do Crea chegaram a retirar parte da arquibancada com as mãos, mostrando a fragilidade da estrutura. “O nível de corrosão não estava somente naquela parte da laje. Vigas de sustentação e pilares estavam desgastados, comprometendo ainda mais a resistência e a segurança daquele anel. Havia pedaços de ferro em estado bastante acentuado de desgaste, quase rompendo, sem nenhum tipo de resistência”, afirmou Dantas.

O relatório apresentado pelo Crea, aponta ainda problemas como desplacamento do concreto, fiação elétrica exposta de forma indevida e manta de impermeabilização danificada.

As fotos tiradas pelos engenheiros e arquitetos, que estiveram na Fonte Nova após o acidente, mostram a situação precária do local onde a arquibancada cedeu. A estrutura em volta do buraco de cerca de 5 m de comprimento por 0,78m de largura, apresentava a ferragem corroída.

A espessura da laje da arquibancada era de apenas 5 cm, conforme mostrou a medição dos funcionários do Crea.

Além dos problemas evidentes da falta de manutenção na estrutura, foram observadas falhas de condições de higiene nos banheiros e nas arquibancadas, com presença de poças de água e urina.

A falta de acessibilidade também é destacada. No estádio não foram encontradas rampas de acesso para cadeirantes e pessoas com mobilidade física reduzida, ou mesmo sanitários para portadores de necessidades especiais.

Perícias – Outros dois laudos sobre o acidente na Fonte Nova estão sendo preparados. Um deles é da Perícia Criminal do Departamento de Polícia Técnica (DPT). Por se tratar de um inquérito policial, o órgão afirmou não poder dar detalhes do andamento da perícia, mas disse que o resultado sai até o final da próxima semana, quando termina o prazo de dez dias para a divulgação da análise. Conforme explicou a assessoria de comunica, antes do parecer final, nenhum representante da polícia técnica está autorizado a dar entrevistas.

O que se sabe é que dois peritos e um coordenador do DPT estão envolvidos na elaboração do laudo. Uma equipe esteve na Fonte Nova na noite do acidente e uma nova visita foi feita na segunda-feira, pela manhã, para que se tivesse conhecimento da situação à luz do dia. Os materiais colhidos da estrutura que cedeu, foram encaminhados para análise no laboratório do DPT. Somente se forem exigidos exames mais minuciosos é que a análise poderá ser encaminhada para outro laboratório.

Um último laudo é feito pela Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O professor Luiz Edmundo Prado de Campos, que comanda a perícia, não foi encontrado para falar sobre o andamento do laudo, que foi encomendado pela Sudesb. O professor estava em reunião pela tarde e até às 20 horas não havia voltado para o laboratório de geotécnica da escola, na Federação. A reportagem deixou telefone de contato, mas não recebeu retorno.

Procurado pela equipe de A TARDE, o diretor geral da Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), Raimundo Nonato Tavares da Silva, o Bobô, não se pronunciou sobre o resultado do laudo do Crea. De acordo com a assessoria de comunicação da Sudesb, o órgão ainda não havia recebido oficialmente o documento, até esta noite. Disse ainda que assim que o laudo for encaminhado, dará o parecer oficial”.

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