O que era apenas senso comum ganhou, ontem à tarde, ar de informação oficial. Rodeada por repórteres, numa saleta da Secretaria de Segurança Pública, a delegada Marilda Marcela da Luz divulgou o tão aguardado laudo do Departamento de Polícia Técnica sobre as causas do desabamento de domingo retrasado, na Fonte Nova.
A conclusão dos peritos Roberto Ventin, Eduardo Rondamilas e Gilberto Pinheiro Filho põe a culpa no péssimo estado de conservação do estádio – nenhuma novidade, portanto, em relação ao relatório apresentado seis dias antes pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea).
Alguém vai ter que pagar por isso, decretou a delegada, preferindo ainda não acusar nominalmente os eventuais responsáveis. Mas promete terminar o inquérito policial até o fim do ano, dentro do prazo fixado pelo Código Penal.
A partir de segunda-feira, começará a ouvir dirigentes de Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), Federação Bahiana de Futebol (FBF), Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Polícia Militar (PM), Vigilância Sanitária, Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município (Sucom) e Esporte Clube Bahia.
Segundo ela, todos podem ser indiciados por homicídio doloso ou culposo, lesão corporal grave ou gravíssima e expor a perigo vida alheia.
Marilda deseja saber quem deixou de tomar as medidas cabíveis para prevenir a morte dos sete torcedores do Bahia, mesmo tendo tomado conhecimento da situação precária da praça esportiva. O jeito é verificar a documentação produzida anterioramente sobre o caso, explicou.
De acordo com o laudo, a estrutura do Setor Nordeste (3º vão após o Portão 11, no sentido horário) possui infiltrações, fissuras, exposição de ferragens, corrosão do aço com redução de seu diâmetro e desprendimento de pedaços de concreto por falta de aderência com a ferrugem oxidada, o que tornava a estrutura debilitada para suportar os esforços ao qual era submetida. Leia-se a puladeira geral da maior torcida organizada do Bahia, a Bamor.
Os engenheiros salientam ainda que a falta de manutenção proporcionou efeitos irreversíveis na oxidação da ferrugem, o que causou o rompimento no local do acidente. E frisam, de negrito: As evidências encontradas denotam a fragilidade da estrutura devido à falta de conservação de seus elementos. Ou seja, o famoso descaso em relação à Fonte.
A Tarde – Nelson Barros Neto
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