Maioria absoluta retornou para casa desolada

De Daniel Dórea, no jornal A Tarde desta segunda-feira:

“Quem pegou a maltratada estrada BR-324, que liga Salvador a Feira de Santana, já podia perceber que a tarde de ontem tinha tudo para ser tricolor.

Saindo dos carros, quase todas as bandeiras que tremulavam tinham as cores marcantes do Esquadrão de Aço. Os torcedores exibiam orgulhosos o seu amor pelo clube, todos otimistas pelo bom resultado conquistado no último domingo, em pleno Barradão.

“Hoje vai ter mais créu e o título é nosso”, decretou Raimundo Cerqueira, que levou a família toda para a Princesa do Sertão, esperando ver outro chocolate tricolor.

A maioria dos apaixonados vinha de Salvador, mas foram ao Jóia também muitos moradores de Feira de Santana. O comerciante Roberto Freitas não é fanático, mas não ia perder a oportunidade de assistir a um dos times que escolheu para torcer desde pequeno.

“Esse Ba-Vi promete. Sorte do povo de Feira que o Bahia resolveu mandar o jogo aqui”, disse ele, mais preocupado com o seu Mengo na final do Carioca.

Um grupo de aproximadamente 30 pessoas cercou o ônibus da delegação do Vitória, que chegou ao estádio às 14h30, e as ofensas rolaram soltas.

Os principais atingidos foram Ramon, Rodrigão e o zagueiro Leonardo, que atuou no Bahia em 2004.

A emoção começou na preliminar, disputada pelos juniores de Bahia e Vitória, que lutam pelo título da categoria. O Esquadrãozinho de Aço perdia por 1 a 0, mas fez os torcedores que já haviam entrado levantarem com uma virada relâmpago.

Os tricolores ainda pensavam em proferir o clássico discurso do “fazer barba e bigode” quando o Leãozinho empatou.

A hora de a bola rolar no jogo principal se aproximava e, com o Bahia já em campo, a torcida cantava em peso o nome de Rogério – herói da goleada no Barradão – e curtia com os rivais.

Os hits do último triunfo foram todos reprisados pela massa que tomava conta de mais de 3/4 do estádio.

Porém, só teve “chupa que é de uva” e “créu” antes do jogo começar. Depois, apenas tensão, nervosismo e muita tristeza. Até que teve uma rápida comemoração logo nos primeiros minutos, quando Rogério apareceu livre, driblou o goleiro e marcou. Mas a alegria durou até o final do primeiro tempo, quando Ramon tratou de calar a maioria dos 15.060 pagantes.

O placar de 3 a 0 tirou a liderança e os sorrisos dos tricolores, que jogaram garrafas de água no campo, direcionadas a Ramon e Rodrigão. Vale ressaltar que a torcida do Vitória também atirou objetos em Ávine.”