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Bombeiro sim, senhor

Notícia
Historico
Publicada em 4 de junho de 2008 às 21:52 por Da Redação

O bem-sacado título é da matéria do repórter Eduardo Rocha, publicada na edição de hoje do Correio da Bahia. A reportagem lembra o desabafo do técnico Arturzinho em dezembro do ano passado, logo após ser informado que não continuaria no tricolor mesmo depois de comandar o grupo que devolveu o clube da Série C para a Série B. O texto também faz uma comparação dos números do Bahia em 2007, com Arturzinho, e em 2008, com Comelli e relata um encontro de torcedores com o elenco tricolor.

Confira, abaixo, a íntegra da matéria

“Seis meses atrás, diretoria do Bahia dispensou Arturzinho, que volta para dar jeito ao fraco início na Série B

Questão de coerência: o que mudou em seis meses? Que fato significante pode ter alterado radicalmente a decisão tomada em 3 de dezembro de 2007, de dispensar o treinador do acesso cinco dias depois do retorno à Série B? Espaço aberto para a diretoria do Bahia, procurada insistentemente para responder à questão, mas trancada em reunião estendida por tarde e noite de ontem.

Celulares desligados, apenas Arturzinho respondeu. “Acredito que, por tudo o que passamos na Série C, não precisavam ter aquela atitude. Poderíamos ter continuado o trabalho. Fica comprovado agora que a questão não era financeira”, defendeu-se o novo-velho comandante tricolor, substituto de Paulo Comelli, comunicado, por telefone, de sua demissão na manhã de ontem.

Clara referência ao episódio de sua saída do clube, quando a imprensa chegou a revelar proposta salarial e prêmios por produtividade, algo em torno de R$50 mil mensais e outros R$500 mil em caso de acesso à elite, aluguel de casa e carro. O Bahia sequer fez contraproposta. Simplesmente anunciou desinteresse. A entrevista o Correio da Bahia, dia 4 de dezembro, teve tom de desabafo.

“Divulgar valores foi uma falta de ética. Alguém sabe quanto ganha o Vadão no Vitória? Isso não pode ser divulgado. E outra: eles me ofereceram essa mesma premiação no início do ano. Teve prêmio até para ser vice-campeão baiano”, alardeou, sem deixar de complementar. “Não quero mais ser bombeiro. Não quero mais apagar incêndio de ninguém, porque no final acabo queimado”, bombardeou Arturzinho. O discurso atual é conciliatório.

O técnico enumerou quatro fatores que pesaram no seu retorno: possibilidade de ascensão, do time e particular; proposta salarial; reconhecimento – tardio – do trabalho desempenhado ano passado; e a chance de voltar a Salvador. Assegurou que a conversa foi rápida. Telefonema pela manhã e o embarque no início da tarde. Enquanto vinha, o antecessor passou no Fazendão para tratar pendências.

“Tudo resolvido”, confirmou o assistente técnico André Chita, na ausência de Paulo Comelli. Em entrevista ao Globo Esporte Bahia, da TV Bahia, o ex-técnico foi direto quanto à demissão. “A Série B é totalmente diferente da Série C e o próprio grupo sabe que é necessário se reforçar. É questão de resultados. Futebol é assim”, minimizou. Comelli já havia tratado a hipótese da saída na edição de ontem do Correio da Bahia. “Não vou ficar aqui perdendo. Cabe a mim tomar uma atitude, à diretoria…”, resignou-se.

***

ARTURZINHO 2007

Série C

PG J V E D GP GC SG

63 32 18 9 5 62 31 31

Campeonato Baiano

PG J V E D GP GC SG

61 28 18 7 3 66 39 27

Copa do Brasil

PG J V E D GP GC SG

7 6 1 4 1 9 9 0

Total: 66 jogos; 37 triunfos, 20 empates e nove derrotas; 137 gols pró e 79 gols contra, com saldo positivo de 58 gols

COMELLI 2008

Série B

PG J V E D GP GC SG

4 4 1 1 2 2 4 -2

Campeonato Baiano

PG J V E D GP GC SG

60 28 18 6 4 49 21 28

Copa do Brasil

PG J V E D GP GC SG

1 2 0 1 1 4 5 -1

Total: 34 jogos; 19 triunfos, oito empates e sete derrotas; 55 gols pró e 30 gols contra, com saldo positivo de 25 gols

***

Comitê de ‘boas-vindas’

Quando chegou ao Bahia em 2007, Arturzinho conheceu o Público Zero, campanha das torcidas organizadas para acabar com a arrecadação de bilheteria nas primeiras rodadas do Baiano. Permanência na Série C. Indignação. Um ano e meio depois, mais protestos. Campanha irregular na Série B e nova indignação.

“A gente enfrenta sete anos de dificuldades e tem jogador na noite. Queremos garra, comprometimento, vontade”, revezaram-se os seis integrantes da torcida Terror Tricolor, no discurso ensaiado da tarde de ontem, no Fazendão. O sexteto parou um a um quase todo o elenco para a conversa. Durante o papo, a intimação: o time tem dois jogos de tolerância antes de a atitude tomar outro rumo.

Cutucado, Alison peitou. “Vocês estão de brincadeira, eu nem estou jogando! Atendo a todos muito bem, mas a cobrança tem que ser uma coisa sadia”, salientou o zagueiro, de fora dos quatro primeiros compromissos do clube na Série B por conta de uma fissura no osso do pé direito. Questionado sobre o salário, pago indiretamente pelo torcedor, Ávine mandou: “Estão atrasados, mas isso não vem ao caso. O time não está indo muito bem, mas ninguém aqui é criança”.

Elias optou por falar menos. Garantiu que não há corpo mole, mas foi advertido. “Tem que jogar mais. O time precisa de você”.

Recém-chegado, só o técnico Arturzinho escapou das críticas. “Eu já disse que, se a torcida fizer o que fez ano passado, temos grandes chances de conseguir o acesso. Nós vamos motivar esse grupo”, saiu-se.

No seu primeiro dia de avaliações, poucas novidades. Emerson Cris retomou posto no meio-de-campo e Elias ganhou a companhia de Ananias. No coletivo, muitas modificações, mas o time principal começou com Darci, Luciano Baiano, Cléber Carioca, Rogério e Ávine; Fausto, Emerson Cris, Ananias e Elias; Bruno Cazarine e Galvão. Alison só deu voltas no campo. Luciano Ferreira ficou no departamento médico, com dores no adutor da coxa direita. Marcone é mais uma dúvida para a partida contra o Criciúma, sábado, por conta do problema no tornozelo”.

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