De Nelson Barros Neto, do Jornal A Tarde
Em janeiro de 1998, pouco antes de fechar a parceria com o Opportunity, dirigentes tricolores admitiram que o clube estava em estado de insolvência, à beira da extinção. A dívida, na época, era de R$ 5.372.873,00 mas ela terminou devidamente quitada, com sobras, pelos investimentos iniciais do banco.
O problema é que, em apenas nove anos de Bahia S/A, a empresa já está com um passivo descoberto de R$ 45,974 milhões, segundo balanço publicado no último dia 3 de dezembro pela Comissão de Valores Imobiliários (CVM): 1020% de aumento.
Isso significa que se o clube vender todos os seus bens, hoje, ainda vai dever esse valor exorbitante, ensinou o economista Marcus Verhine, integrante do grupo oposicionista Bahia Livre, em janeiro, a A TARDE.
Diretor financeiro do Esquadrão de Aço, Marco Costa não via motivo para preocupações. Parte da dívida seria sanada pela Timemania (loteria do governo federal) e o restante perdoada pelo grupo Opportunity até 2023 graças ao acordo firmado com a instituição em outubro de 2006.
Quando cheguei ao Fazendão, tínhamos que pagar R$ 220 por mês de débitos trabalhistas e negociação com fornecedores. De lá para cá, isso caiu para menos de um terço, acrescentou. Projetos de marketing também estariam ajudando.
DEFESA Porta-voz da sociedade dentro do Bahia, o diretor Jorge Goldenstein tenta defender a parte do Opportunity. Quando o banco decidiu entrar no ramo do futebol, na virada do século, sua intenção era também comprar clubes de outros Estados para formar uma liga, nos moldes do que acontece no basquete norte-americano.
Porém, depois do contrato assinado com o tricolor, a legislação mudou e foi proibido que um único grupo controlasse mais de um clube do futebol brasileiro. Os planos precisaram ser alterados.
Depois do investimento inicial de R$ 12 milhões (metade para pagar as dívidas, e outra para contratações), o Opportunity teria tomado cuidado em aplicar mais capital na sociedade.
Quanto mais dinheiro investíssemos, mais o Esporte Clube Bahia diminuiria sua participação acionária. Daqui a pouco, o Bahia sumiria na história, e não era esta a nossa intenção, revelou.
Cronologia – O Bahia e o Banco Opportunity
* 1998.JAN
Rebaixado pela primeira vez à segunda divisão do Campeonato Brasileiro, vivenciando a maior crise financeira de sua vida, o Bahia resolve se tornar clube-empresa acertando parceria com o Opportunity. O banco fica com 51% das ações ordinárias (direito a voto) e a sociedade teria duração de 25 anos. Promete-se a contratação de três jogadores de seleção
* 1998.JUN
O clube volta a ser campeão baiano após três anos de hegemonia do Vitória, mas naufraga no Nacional e a parceria começa a ser contestada pela torcida. Reforços de peso não vieram
* 2004.FEV
Novos fiascos, culminados com mais uma queda para a Série B, fazem o banco retomar o controle das ações e impor as entradas do superintendente Miguel Kertzman e do diretor de futebol Walter Telles. O time faz ótima campanha no Brasileiro, mas perde a chance de subir na última partida
* 2005.JUL
Alegando inércia da instituição financeira, o então presidente Marcelo Guimarães decide romper com o Opportunity
* 2005.NOV
Ministério Público Estadual acata pedido de oposicionistas do Bahia e move ação para investigar supostas fraudes na formação da S/A, até hoje inconclusa
* 2006.OUT
Depois de especulações de que a oposição amparada por investidores de fora do Estado estaria disposta a recomprar as ações da sociedade, a diretoria tricolor chega a um acordo com o banco e aprova o chamado distrato, em assembléia geral, por 88 votos a 8. Sem dinheiro, crédito viria da venda futura de jogadores do clube até 2023.
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