De Nelson Barros Neto, no jornal A Tarde desta terça-feira:
“Transcorridos os 45 dias úteis estabelecidos pelo governo desde meados de maio, a empresa de consultoria KPMG ganhou ontem a companhia de cinco concorrentes para a disputa sobre o que será feito do Estádio Octávio Mangabeira, interditado desde a tragédia de 25 de novembro do ano passado. Os suiços foram os primeiros autorizados a elaborar os estudos da futura arena – esperança baiana para a Copa do Mundo de 2014 -, e agora só aguardam os trabalhos do Consórcio Plurisport, de origem alemã, última a entrar na parada e, por isso, com um prazo maior.
A carioca Tecnosolo S/A, com filial em seis capitais, entre elas Salvador, foi a única que divulgou detalhes de seu projeto. Enquanto a pernambucana Ponto Z e a multinacional Ernst & Young seguiram o exemplo da própria KPMG e ainda não quiseram se manifestar, a paulista Setepla promete falar com a reportagem, hoje, e a soteropolitana Urplan se limita a anunciar que uma eventual demolição não passa em sua cabeça.
“Só o que posso antecipar é que preservaríamos a Fonte Nova, mas claro que em um novo contexto”, diz a arquiteta Solange Valladão, acrescentando que o colega Carl Von Hauenschild, voz ativa após o desabamento da praça esportiva (representante que também é do Sinaenco, sindicato que havia condenado o estádio meses antes), está em férias e seria o sócio indicado para se pronunciar. O diretor da Setepla, Carlos Augusto Hirsch, só aproveitou para lembrar da parceria firmada com a empresa germânica Schultz, uma das responsáveis pela construção da AWD Arena, em Hannover, sede da Copa de 2006.
ATÉ HOTEL – Quanto ao projeto da Tecnosolo, seria hipocrisia deixar de admitir que impressiona. O vídeo apresentado tem duração de 15 minutos, começa com a tarimbada batida de berimbau, lembrança do personagem Zuza Ferreira (considerado o pai do futebol no Estado) e ressalta o famoso fanatismo da torcida local. Mas vai além disso.
“A idéia é transformar a arena em um novo referencial turístico da cidade”, conta o executivo Leonardo Camacho, emissário da proposta, que prevê a construção de uma praça do torcedor à frente da Fonte, um shopping center de um lado e um centro empresarial, com hotel, do outro. Tudo sem demolição, utilizando 100% da atual estrutura. Objetivo: “redimencionar o estádio em um complexo multifuncional, apto a funcionar 24 horas, todos os dias, não dependendo apenas de duas partidas na semana para cobrir os elevados custos”.
As arquibancadas, nas cores azul, vermelha e branca, “da bandeira do Estado”, teriam capacidade para 74.987 pessoas, sendo 66% delas cobertas – ou 56.696 dos assentos. Para tanto, o gramado seria rebaixado.
Vinte camarotes corporativos, luxuosos, abrigariam até 8.722 espectadores. Todos os acessos teriam o auxílio de elevador, com desocupação total prometida para apenas seis minutos. No último pavilhão, além academias de ginástica, salas de aula e piscinas, com vista para o Dique do Tororó. “Vamos atender a todas as exigências da Fifa”, acrescenta Camacho, refoçando a possibilidade de também ocorrerem eventos musicais, religiosos ou de outros esportes.
As vagas do estacionamento alcançariam 4.800 lugares, além de 30 para ônibus. Haveria, inclusive, alternativas ecológicas, com aproveitamento da água das chuvas para a drenagem. “E nada de gastos públicas. A obra – em parceria com o escritório paranaense de arquitetura Dora Lopes Fiúza – seria realizada 100% com investimentos da iniciativa privada”.
A Tecnosolo ergueu a Arena Olímpica do Pan do Rio, reconstruiu o Pallace I e reformou o Castelão, entre outros.
A partir de agora, o Grupo de Trabalho da Copa 2014, formado por representantes de algumas secretarias do Estado, analisará, “com a ajuda de especialistas”, a melhor proposta para o estádio e seu entorno. Pretende-se levar em conta “a sustentabilidade econômico-financeira, legal e ambiental dos estudos”, informa a Secretaria de Esporte. As subsedes do Mundial do Brasil serão anunciadas pela Fifa até março de 2009.”
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