Bahia enfrenta 560 reclamações trabalhistas

De Nelson Barros Neto, do A Tarde

E o ônibus do clube realmente escapou, assim como seis condicionadores de ar, uma fotocopiadora e um “conjunto Kovanic acoplado” que habitam o Fazendão. A tática antecipada pela diretoria deu certo. Nenhum dos bens listados pelo Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (TRT) foi a leilão, nesta quarta-feira, 24, em sua sede no Comércio.

Garantias de dívidas trabalhistas ao ex-meia Robert, no total de R$ 81 mil, e ao ex-funcionário Valter Bispo de Oliveira, de R$ 5 mil, os produtos terminaram “sustados” na véspera, a pedido do departamento jurídico azul, vermelho e branco. “Só porque é o Bahia é doce? O negócio é que, como o clube às vezes não tem dinheiro, este é um recurso que o advogado usa para procrastinar o processo”, declarou o presidente Petrônio Barradas, ao garantir que ambas as pendências já estavam resolvidas.

Não por acaso, não foi a primeira vez que o veículo tricolor correu risco de penhora. A exemplo da própria sede de praia do clube, na Boca do Rio.

“Os problemas no Bahia acontecem igual a uma a avalanche”, admitiu um funcionário de segundo escalão, que exigiu o anonimato. Só de reclamações trabalhistas, são nada menos que 560, segundo informação da assessoria de imprensa do TRT – o arqui-rival Vitória responde a menos da metade do valor.

CRISE – Embora “algumas estejam inativas, no arquivo do Tribunal”, correspondem a cerca de R$ 100 mil descontados mensalmente das já reduzidas receitas do Esquadrão. E ainda abrem espaço para outros imitarem o atacante Galvão e rescindirem unitaleralmente seus contratos.

No último dia 10, a juíza Andréa Presas Rocha, da 16ª Vara do Trabalho, concedeu ao jogador a possibilidade de assinar com qualquer outra equipe, oficiando a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para que lhe fornecesse um atestado liberatório provisório. De quebra, recebeu R$ 55 mil em acordo com o Bahia, responsável por dois meses de salários atrasados. Pelo artigo 31 da Lei Pelé, era preciso que fossem três, mas a magistrada levou em conta a falta de recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) de junho a agosto. Procurada, a advogada do Bahia, Tamara Medina, não foi encontrada, nem no escritório, para comentar o assunto.

O panorama só não se complicou graças à ida do apoiador Elias ao Fluminense, abastecendo os cofres tricolores em mais R$ 500 mil. A grana, somada a um empréstimo numa instituição financeira de São Paulo, não revelada por Barradas, quitaram a remuneração de julho dos atletas e estaria próxima de pagar também agosto. Questionado sobre a situação dos funcionários, disse que “alguns não estão em dia, depende da faixa salarial”. A ausência de rendas da Fonte Nova voltou a ser lembrada.

ATEC gostaria de de saber a respeito de aluguel, luz, telefone, prestação de contas do exercício 2007, planejamento para 2009 e se o Bahia figura entre os 27 dos 98 clubes com parcelamento regularizado junto à Timemania, porém o diretor financeiro Marco Costa, que acumula a pasta do marketing, não retornou as insistentes ligações. Tampouco para anunciar as novidades do Esquadrão de Aço no setor.

Mais uma vez, auditores independentes não tiveram acesso aos dados do Bahia S/A, acusa a Associação Bahia Livre, que teve acesso ao balanço do segundo trimestre da Ligafutebol – empresa, apesar do distrato, ainda ligada ao clube. Enquanto isso, um perito foi nomeado pela 4ª Vara Cível para examinar os livros contábeis do tricolor, que teve o sigilo fiscal quebrado, mês passado, pelo desembargador Antonio Pessoa Cardoso.