Há quase sete anos sem levantar um caneco, o Bahia comemorou hoje 78 anos de fundado olhando para o retrovisor. Isto porquê, no dia 19 de fevereiro de 2009 o clube completará 20 anos do título nacional, levantado em Porto Alegre, após um empate sem gols contra o Internacional. Nostálgico, resolvi dedicar um tempo para contar aos mais novos a história daquele campeonato, que teve sua primeira novidade logo na rodada inaugural. No dia da estréia da competição, que reuniu Vitória x América-RJ e Bahia x Bangu-RJ na Fonte Nova, a CBF anunciou uma estranha disputada de penaltis após os jogos que terminassem na igualdade. Quem se desse bem nas penalidades somava dois pontos, o perdedor um. O vencedor no tempo normal passou a receber três pontos (antes eram dois), e o perdedor, nada. Em nenhuma outra edição a fórmula dos penaltis foi repetidas.
Como dizem os gaúchos, foi uma baita conquista. Mas que não sirva para apagar os problemas do presente e sim para mostrar que, ao contrário do que disse o ex-presidente Petrônio Barradas, o Bahia não precisa da economia de São Paulo, mas sim com trabalho sério, organizado e com garra. Naquela época, o Bahia acertava mais nas contratações, salários eram pagos em dia, jogadores da base eram aproveitados mais e o elenco tinha escalação e padrão tático claros. Ronaldo, João Marcelo, Zé Carlos e Charles foram revelados no próprio Fazendão.
Dirigido por Evaristo de Macedo, que três anos antes fracassara no comando da seleção brasileira, o time não se deu bem em nenhuma dos turnos da fase preliminar, mas como o Vasco ganhou o 25,7% dogrupo B nas duas etapas, o tricolor ficou com a vaga biônica, prevista no regulamento. Teve méritos. Para ficar entre os oito primeiros, acumulou 42 pontos, terminado com a 3ª melhor campanha. A base era formada por Sidmar, Tarantine, João Marcelo, Claudir e Paulo Robson; Paulo Rodrigues, Gil e Bobô (hoje diretor-geral da Sudesb); Zé Carlos, Charles e Marquinhos. Como marco da primeira fase, cito a promoção do ex-júnior Charles, resolvendo o crônico problema da camisa 9, e a vitória contra o São Paulo, por 2×0, em pleno Morumbi, gols de Marquinhos e Zé Carlos.
Para as quartas-de-final, o Bahia perdeu Sidmar e Pereira (autor de gols importantes em cobranças de falta), ambos para o futebol paulista. Entraram Claudir e Ronaldo, goleiro que fechou o gol em três das seis partidas dos mata-matas. O primeiro adversário foi o Sport. Na Ilha do Retiro, o atacante Nando abriu para os pernambucanos, e Charles empatou. O Bahia precisou segurar o 0X0 por 120 minutos na Fonte Nova e, como tinha a vantagem, ficar com a vaga. Contra o Fluminense, outro jogo sem gols, no Rio. Na volta, o tricolor contou com um caldeira com 110 mil torcedores, recorde de públicco jamais batido em jogos do Norte-Nordeste. Na realidade, um risco grande, pois a Fonte comportava na época 90 mil pessoas. Washington abriu para os cariocas mas Gil e Bobô viraram a partida. O time baiano estava na final de volta à Taça Libertadores, após 27 anos. Contudo, o cenário antes das finais não era nada animador.
A vantagem era gaúcha, o Inter jamais hávia sido batido em finais de brasileiro, o Bahia jogaria em casa sem Paulo Róbson e Gil e, para completar o adversário tinha sido um dos dois a impor a maior derrota do Bahia na fase classificatória: 3×0. O outro, coincidentemente, foi o Fluminense. O colorado tinha uma equipe de peso, com destaque para o artilheiro do torneio, Nílson, e o goleiro Taffarel, que seria o titular da seleção brasileira nas três copas seguintes.
Campeão nacional quatro anos antes, Leomir colocou o tricolor numa desvantagem maior, mas Bobô, com um gol em cada tempo, vira tudo, inclusive o ânimo da torcida. O cheiro do título estava forte. No domingo seguinte, o goleiro Ronaldo Passos confirma a grande fase e fecha o gol em pleno Beira-Rio, que abrigou torcedores do Grêmio apoiando o tricolar baiano. Dois dias depois, o Bahia carimbou de vez a faixa, vencendo o mesmo Inter por outro 2X1, desta vez pela Libertadores. O tricolor termina o torneio continental em 5º. O time campeão cedeu três jogados para a seleção (Bobô, já no São Paulo, Charles e Zé Carlos).
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