Dono da empresa BWA, antiga fornecedora dos ingressos dos jogos do Bahia, o empresário Bruno Baucinelli soltou o verbo em entrevista ao programa dos “Galáticos”, na Itapoan FM. Os alvos foram a atual fabricante e comercializadora dos bilhetes de Pituaçu, a Outplan, e a Superintendência de Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), principalmente, seu atual superintendente, o ex-craque Bobô.
Baucinelli disse que a Outplan atua de forma irregular e que o valor dos ingressos confeccionado por ela, de R$ 1,70 (contra R$ 0,60 da BWA), é abusivo. Também acusou a empresa de falhas no processo de comercialização e de não oferecer qualidade em seu material, deixando brechas para a falsificação de ingressos.
Para sustentar a crítica, Baucinelli cita as grandes filas geradas na entrada Oeste 2 de Pituaçu no último domingo, por conta da quebra de três catracas, cujas instalações são responsabilidade da Outplan. “Com a BWA atuando durante anos, a Fonte Nova nunca teve uma quebra”, disse o empresário. “Tem muita gente mamando. Eles (Outplan) deixam filas enormes para que sobrem mais bilhetes, pois lucram uma porcentagem a mais nas vendas pela internet. A quebra das catracas foi premeditada”.
O acusador sustenta que tem um contrato ainda em vigência firmado com o Bahia para a confecção dos ingressos do clube independente do estádio em que mande suas partidas. Baucinelli baseia o argumento no Estatuto do Torcedor, que rege que a contratação do fabricante de ingressos é responsabilidade do clube mandante e não da administradora do estádio. “A Sudesb não está respeitando isso”, bradou.
Bruno ainda relatou o que teria começado a minar sua relação com a Sudesb. Segundo ele, em 2007, Bobô havia solicitado uma doação para a revitalização do gramado de Pituaçu. Bruno declarou ter se comprometido a depositar o valor na conta da empresa que prestasse o serviço. “Aí ele (Bobô) me falou para dar o dinheiro para ele. Diante disso, não fizemos o negócio”, afirmou Baucinelli.
O empresário promete acionar o Ministério Público para fazer valer o artigo 21 do Estatuto do Torcedor, que rege que: a entidade detentora do mando de jogo implementará, na organização da emissão e venda de ingressos, sistema de segurança contra falsificações, fraudes e outras práticas que contribuam para a evasão da receita do evento.
“Eu ouvi falar sobre licitação para as catracas. Não tem que ter. Temos um contrato já firmado”, finalizou Bruno.
Bobô
Em declaração ao jornal A Tarde desta quinta-feira, Bobô prometeu processar judicialmente Baucinelli pelas acusações. Sobre a escolha da Outplan, apesar do preço cobrado pelos ingressos ser quase o triplo da BWA, o ex-craque justificou as vantagens que a nova fornecedora oferece para o Estado. “Num período de seis meses de contrato, serão pagos R$ 70 mil ao Governo, sem ônus da colocação das catracas”, defendeu-se o gestor da Sudesb, que garantiu que haverá licitação para as catracas. Um edital sobre o assunto deve ser lançado em abril.
Sudesb
A Sudesb divulgou nota se defendendo das acusações. O texto diz que, em 2007 a BWA não cumpriu o acordo para a doação de 4 mil metros quadrados de grama esmeralda para a reforma do campo de Pituaçu. A doação era uma das condições para que a empresa voltasse a assumir a logística de ingressos na Fonte Nova. Mesmo assim, a BWA voltou a atuar na Fonte com o consentimento do órgão.
Na nota, a Sudesb afirma-se ainda como uma autarquia e que, por isso, tem legitimidade jurídico-legal para negociar fontes de receitas próprias.
A Sudesb justifica a escolha pela Outplan para os jogos de Pituaçu pela reconhecida excelência de seu trabalho em outros estados e que, por isso, era a mais capacitada para colocar a operação dos ingressos em curso diante do pouco tempo para a reinauguração do estádio.
Também pesaram contra a BWA, segundo a Sudesb, as irregularidades sobre a empresa noticiadas em âmbito nacional. Em 2008, funcionários da BWA foram acusados de estarem envolvidos em esquema de falsificação de bilhetes, fato que ganhou destaque na mídia.
Sobre as declarações de Baucinelli afrmando que muita gente estaria “mamando” com a comercialização de ingressos em Pituaçu, a Sudesb desmentiu a participação de qualquer funcionário seu, qualificou as insinuações como levianas e as denúncias de vazias. Reiterando Bobô, a Sudesb prometeu processar Baucinelli.
Outplan
Em nota enviada por email ao A Tarde desta quinta-feira, a Outplan se defendeu. Diretor administrativo da empresa, Rodrigo Calomeno disse que os ataques eram mostra do desespero da BWA e que as acusações eram falsas e sem provas. Ele afirmou ainda que a contratação dos serviços de sua empresa está legalmente fundamentada.
Rodrigo ainda desmentiu que as catracas tenham quebrado no último domingo, como afirmou Baucinelli. Realmente ocorreram filas. Porém, não por falhas nas catracas.A causa das filas é matematicamente explicada. Existem 6 portões de acesso que dividindo este publico acarretaria uma carga de 5.500 pessoas por portão. Porém, houve divisões. Aí, três portões restaram para um publico de 24.000 pessoas (8.000). Carga impossível de ser atendida com tranquilidade uma vez que 80% do público chegou ao Estádio na última hora, explicou.
Questionado sobre o valor da confecção por cada bilhete (R$ 1,70), Calomeno, defendeu-se. Nossa remuneração não custeia somente a confecção dos ingressos, mas, também, equipamentos, serviço de venda de ingressos, equipes técnica e de operação nos jogos, disse, ressaltando alguns dos estádios onde a Outplan atua: Morumbi, Vila Belmiro, Engenhão, Palestra Itália, Ressaca, Orlando Scarpelli.
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