O dia 19 de fevereiro de 1989 será sempre um dos dias mais importantes da história do Esporte Clube Bahia, data da conquista da segunda estrela de campeão brasileiro.
Nesta segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024, o bicampeonato nacional completa 35 anos. Uma conquista obtida com luta, garra, suor, talento, determinação e amor à camisa tricolor.
Há exatamente 35 anos, o Bahia entrava no gramado do Beira-Rio com uma vantagem de 2 a 1, que havia sido conquistada por ter vencido a partida de ida da decisão na Fonte Nova com mais de 90 mil tricolores.
Com mais de 90 mil colorados no estádio, o Esquadrão garantiu o empate por 0 a 0, que foi suficiente para a conquista da segunda estrela.
O título fez com que o Tricolor se tornasse o único clube nordestino a conquistar o Campeonato Brasileiro da primeira divisão por duas vezes, fato que se mantém até hoje.
E como foi a conquista?
Naquela edição de Campeonato Brasileiro, depois de fase de grupos, o Bahia garantiu vaga no mata-mata e a nação pôde ver a estrela tricolor brilhar ainda mais forte.
Eliminou o Sport e bateu o Fluminense na semifinal, no jogo que marcou o recorde de público da Fonte Nova. Foram 110.438 pagantes no duelo de volta que credenciou o Esquadrão a derrotar o Internacional nas finais.
O título na visão de um torcedor fanático
Um dos tricolores que estavam na Fonte Nova no jogo de ida da final, e celebraram intensamente a conquista do bi foi Walter Veiga, torcedor fiel do Esquadrão. Em entrevista ao ecbahia.com, ele destacou a valentia do elenco como o maior trunfo da equipe e cita Paulo Rodrigues como o melhor jogador que viu no título.
“O time de 88 era fantástico. Repleto de bons jogadores – alguns craques – e regidos pelo maestro Evaristo de Macedo. Time de muita qualidade e valentia. Ao longo do campeonato, percebeu que poderia buscar algo maior e seguiu determinado em busca do título. Difícil escolher apenas um jogador, mas não vou fugir da pergunta: Paulo Rodrigues. Craque de bola. Dono do espaço. Elegante, jogava por música. Na minha opinião o melhor frente de zaga que eu já vi jogar no Bahia”.
“Foi um campeonato histórico, marcado por momentos inesquecíveis. Tendo que escolher o mais marcante, fico com a final em Porto Alegre-RS. Até hoje tenho muito viva na memória a imagem de Dulcídio Wanderley Boschilia levantando as mãos e decretando a conquista de um grande sonho. Inesquecível”.
Depois da conquista, Carnaval em Salvador!
Segundo Luís Fernando Veríssimo – colorado assumido – para o Jornal do Brasil: “O Internacional perdeu para um time melhor. Ponto.”
Enquanto isso, Juca Kfouri, então na Revista Placar, escreveu na edição de fevereiro de 1989.
“O Bahia não é simplesmente o único clube nordestino campeão brasileiro. O Bahia agora tem um título que nem Corinthians, nem Santos, nem Botafogo, nem Cruzeiro possuem – para ficar apenas entre os maiores do nosso futebol, integrantes do Clube dos Treze. O Bahia não é um campeão qualquer. É o campeão. (…) Campeão porque nas fases finais fez tudo o que se exige de um time vencedor. E campeão porque talvez nenhuma outra legião de seguidores mereça há tanto tempo esse título. A nação tricolor fez da paixão pelo Bahia uma profissão de fé que transforma a Fonte Nova no templo mais carinhoso do futebol brasileiro”.
FICHA TÉCNICA – JOGO DE VOLTA DA FINAL DE 88
INTERNACIONAL 0x 0 BAHIA
Data: 19/02/1989
Local: Beira Rio (Porto Alegre-RS)
Árbitro: Dulcídio Wanderley Boschilia (SP)
INTERNACIONAL : Taffarel, Luís Carlos Winck, Norton, Aguirregaray e Casemiro; Norberto, Luís Fernando e Luís Carlos Martins; Maurício (Hêider), Nílson e Edu Lima (Diego Aguirre). Técnico: Abel Braga.
BAHIA : Ronaldo, Tarantini, João Marcelo, Claudir (Newmar) e Paulo Róbson; Paulo Rodrigues, Gil Sergipano e Bobô (Osmar); Zé Carlos, Marquinhos e Charles. Técnico: Evaristo de Macedo.
Eterno camisa 8, Bobô relembra detalhes da conquista
O ex-jogador Bobô, um dos craques do elenco tricolor na conquista do bicampeonato, relembrou alguns detalhes do segundo título nacional do Tricolor.
“Foi muito bacana aquela conquista, por uma série de razões: A montagem do elenco, que começou em 86. Daí, começou 87 e foram chegando e saindo jogadores. E culminou naquele grande time montado em 88, um time quase basicamente de baianos. Modestamente montada, uma equipe barata e que pouca gente achava que poderia chegar aonde chegou. Aliás, nós mesmos não imaginávamos”.
“Na realidade, nós ganhamos tudo naquela época. Fomos tricampeões baianos. Ganhamos o Baiano com antecipação em 86, em 87 ganhamos com facilidade e em 88 ganhamos os dois Ba-Vis. E entramos no Brasileiro para fazer uma grande campanha, mas não tínhamos noção do potencial, da capacidade, de nós mesmos”.
“Durante o carnaval (de 89), nós tivemos que parar um pouco a festa para se dedicar (risos). Ali a gente já tinha uma certeza de que poderia chegar muito mais adiante. E o grande jogo do Bahia foi contra o Sport, na reta final (quartas de finais). Lá foi 1 a 1, Charles fez o gol. E aqui foi um drama, empate, prorrogação… Eu lembro que aos 14 minutos do segundo tempo, da prorrogação, o centroavante do Sport saiu sozinho e o Ronaldão salvou a pátria. E passou uma confiança muito grande”.
Confira, abaixo, algumas curiosidades e dados referentes ao Campeonato Brasileiro de 1988:
– Para chegar ao tão cobiçado título, o Tricolor jogou 29 vezes, venceu 13, empatou quatro e perdeu cinco. O regulamento da competição previa cobrança de pênaltis nos jogos das fases classificatórias que terminassem empatados. Destes, o Bahia venceu quatro e perdeu três. O time fez 33 gols e sofreu 23. O triunfo no tempo normal valia três pontos. Nos pênaltis, dois. O Esquadrão de Aço fez 52 pontos.
– O Bahia teve a maior renda da competição e ficou com a segunda melhor media de público, atrás apenas do Flamengo – 26.529 pessoas. O jogo do Tricolor que atraiu mais torcedores foi a semifinal contra o Fluminense, na Fonte Nova, assistida por mais de 110 mil pessoas – a maior platéia do estádio em todos os tempos.
– A partir da conquista inédita, o Esquadrão passou a utilizar duas estrelas douradas acima do seu distintivo – alusivas aos títulos da Taça Brasil, em 1959, e do Brasileirão de 1988. O título credenciou o Bahia a disputar sua terceira Taça Libertadores da América.
– Foram campeões os goleiros Ronaldo, Sidmar e Rogério; os laterais Tarantini, Maílson e Edinho; os zagueiros João Marcelo, Claudir, Pereira e Newmar; os meias Paulo Rodrigues, Gil, Bobô, Sales e Zé Carlos; e os atacantes Renato, Osmar, Charles, Marquinhos, Dico e Sandro; além do técnico Evaristo de Macedo. O clube era presidido à época por Paulo Maracajá.
– Zé Carlos, com nove gols, foi o artilheiro do Bahia no Campeonato. Bobô foi o vice, com sete. Três jogadores do Bahia fizeram parte da Seleção do Brasileiro elaborada pela Revista Placar, e ganharam a Bola de Prata: Pereira, Paulo Rodrigues e Bobô. A média do goleiro Ronaldo (7,38) foi maior que a do Bola de Ouro Taffarel (7,37). O arqueiro tricolor só não levou o prêmio máximo porque disputou 11 partidas – uma a menos do que o mínimo exigido pelo regulamento da revista para concorrer ao troféu.“
Relembre a campanha completa do Bahia:
Primeiro turno
Bahia 1-1 Bangu (pênaltis: 6-5)
Bahia 1-0 Vitória
Fluminense 3-0 Bahia
Bahia 1-0 Flamengo
Goiás 2-2 Bahia (pên.: 4-2)
Atlético-MG 1-1 Bahia (pên.: 4-1)
Bahia 1-1 Sport (pên.: 5-4)
Bahia 2-0 Atlético-PR
São Paulo 0-2 Bahia
Bahia 1-0 Palmeiras
Internacional 3-0 Bahia
Portuguesa 0-0 Bahia (pên.: 4-5)
Segundo turno
Bahia 2-1 Cruzeiro
Vasco 0-0 Bahia (pên.: 5-3)
Bahia 0-1 Botafogo
Bahia 2-0 Corinthians
Criciúma 0-1 Bahia
Coritiba 2-0 Bahia
Bahia 5-1 Santos
Bahia 3-1 Grêmio
Santa Cruz 2-1 Bahia
Bahia 2-1 America-RJ
Quartas de final
Sport 1-1 Bahia
Bahia 0-0 Sport
Semifinais
Fluminense 0-0 Bahia
Bahia 2-1 Fluminense
Finais
Bahia 2-1 Internacional
Internacional 0-0 Bahia
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