De Daniel Dórea, no jornal A Tarde desta quinta-feira:
“Antes de começar a entrevista, a reportagem perguntou ao técnico René Simões em qual local do hotel ele gostaria de conversar. Pois o carioca, fã de um relax, não teve dúvida e nos levou para o balneário do Oscar Inn, em Águas de Lindoia.
Na entrevista, o treinador falou da importância do período internado no hotel e mostra preocupação tanto com a correria do dia-a-dia dos atletas que têm mais obrigações familiares quanto com o gosto pelas baladas dos solteiros.
René, que afirmou que costuma fazer boas campanhas quando leva seus times para o hotel, falou também sobre outros temas, como a polêmica saída de Ramon e a necessidade de reforços. Além disso, comparou o temperamento de Jobson ao do inesquecível Garrincha. Confira:
Você acha que os jogadores só descansam quando estão concentrados?
É que a vida está muito agitada. Os compromissos aumentam a cada dia. Por exemplo, o que o Zico precisava fazer? Só jogar futebol. Já os astros de hoje em dia têm campanhas publicitárias, trabalhos de caridade, têm de atender aos patrocinadores… Acrescento a isso a responsabilidade que eles têm como pais. Ficam preocupados com os filhos de manhã até à noite. A atividade de todo mundo cresceu. Aqui, o jogador é obrigado a treinar, comer com orientação do clube e descansar.
Você falou mais dos casados. E os solteiros? Não têm a vida mais desregrada?
Com esses me preocupo ainda mais. Onde é que eles comem? Fazem a própria comida? Duvido. E tem a questão da balada também. É lógico que todo mundo gosta de sair à noite, mas essa pessoa não depende do corpo para trabalhar. Sinto falta de um psicólogo e um assistente social no Bahia.
Eles também se deslumbram.
Pois é. O salário não é normal. A maioria não sabe administrar o dinheiro. Digo que a maior parte é para as necessidades. Depois, vêm os investimentos e os ganhos. Desses ganhos, você pode gastar com coisas supérfluas, vaidades. Mas eles comprometem quase metade pra comprar coisas que nem vão usar. As pessoas gastam o que não têm para comprar o que não precisam para aparecer para quem não gostam. Ainda não tive essa conversa aqui no Bahia, mas vou ter.
O Bahia teve um problema ligado a isso com Ramon…
Não tivemos muito tempo de convivência. Só fiz um pacto com ele de que íamos trabalhar juntos. Estava indo bem, mas saiu e não entendi o motivo. Angioni me disse que era porque o clima estava muito pesado sobre ele.
E Jobson? O que já deu para perceber?
Jobson tem uma personalidade parecida com a do Garrincha. A vida pra ele não tem problema nenhum. Nunca teve e nunca terá. É igual ao Garrincha, que não conseguia ver problema em nada [Neste momento, Jobson, na piscina, percebe que o assunto é ele e começa a fazer bagunça. René continua]. Mas ele precisa saber quem ele é e as consequências que trazem o que ele faz. No campo, ele tem uma qualidade absurda e treina com entusiasmo.
Então é Jobson e mais 10?
Nunca mais vou dizer isso. Só cometi esse erro uma vez, quando treinava a seleção sub-23. Disse isso sobre o Paulo César, um meia que era do São Paulo, e me arrependi. Era irresponsável dentro e fora de campo. Tive que cortá-lo e ele não teve sucesso na carreira. Você sabe quem é ele? Aposto que não.
Você fala com convicção que o grupo do Bahia é bom. Como tem tanta certeza?
Quando cheguei, o que falavam do Camacho? Do Marcone? Dodô? Thiego? Souza? Que tinham de ir embora. Hoje vejo todos subindo de produção. O grupo tem uma boa qualidade. Temos que nos reforçar? Temos, assim como o São Paulo também precisa.
E quantos reforços virão?
Uns cinco ou seis. Quero trabalhar com 28 jogadores e quem sabe puxar algum do sub-23. Agora, esses que virão têm que ter nome, peso. Se o Morais vier, é o nosso camisa 10. O Fahel, quero correndo. O Adriano interessa muito, mas é difícil. É complicado competir com clubes que recebem adiantamento de até R$ 120 milhões da TV.
O time que começou o amistoso de hoje será o da estreia?
Se não chegar ninguém, sim. Tem alguns jogadores evoluindo muito. O Gabriel, se eu tivesse visto antes, teria sido titular contra o Vitória. É muito inteligente. Só precisa de um pouquinho de caixa.
É provável que, quando tiver um descanso maior, o Bahia volte a se concentrar fora? Como será antes da estreia?
Viremos sim, não só aqui, como também para outros lugares. Para a estreia, chegaremos na quarta-feira em Belo Horizonte e ficaremos treinando no CT do Galo até sábado, quando vamos para Sete Lagoas. Gosto de chegar com antecedência.
Existe uma projeção de resultado que o Bahia busca no Brasileirão?
Não sei ainda, não gosto de falar isso publicamente. Mas eu sempre penso grande.
E os jogadores estão pensando alto também?
Estou discutindo isso com eles. Ainda espero a resposta.
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