De Eric Luis Carvalho, para o Globoesporte.com:
“O mesmo René Simões que há um ano foi duro nas palavras ao dizer que Neymar estava se tornando um monstro, hoje comanda no Bahia jogadores com fama tão ou mais problemática na sociedade esportiva. Consciente dos chamados garotos-problema que tem em mãos, o treinador se diz pensativo, porém cheio de que esperança de que o projeto dará certo.
– Tenho pensado muito. Eu acho que o Bahia está dando um passo de coragem. É um passo bem visionário. Para todo mundo já deu errado. Quando o Jobson chegou aqui eu recebi telefonemas, até de amigos dizendo: “Está apostando no errado?”. Eu disse: “Não. Nós estamos apostando em alguém que tem qualidade”. Se fosse um jogador que não tivesse qualidade… “Ah, mas o jogador fez isso, fez aquilo”. Quantos artistas já tiveram uma segunda chance. Atletas de voleibol, de outros esportes, receberam segundas chances, por que não o Jobson? Além disso, tem o Souza, que reencontrou o prazer de jogar – afirmou.
– Souza tem se destacado muito. No último jogo, foi meu melhor jogador. Ele se anulou em campo pelo resto do time afirmou o treinador.
Como um pai em defesa das suas crias, René cita um a um, sem deixar de expor que a sinceridade é a marca da relação.
– Quanto ao Carlos Alberto, eu acho um jogador fantástico. É o jogador mais jovem a ter feito um gol no final de Liga dos Campeões, e não é por acaso. Tem que ter qualidade. Alguma coisa aconteceu, mas deixar de jogar futebol ele não deixou, não desaprendeu. Então agora é descobrir o caminho. O Ricardinho tem um longo caminho para se recuperar de tantas coisas que foram ditas. Nós temos conversado. O que acontece aqui é que a gente conversa abertamente sobre todos os assuntos. Sento com eles, digo exatamente o que eu sei, o que eu ouvi, o que eu quero deles e o que eles esperam de mim e do Bahia. Então tem sido esse o relacionamento aqui. Por enquanto, tudo tem caminhado muito bem. Estou apostando que vai dar certo, que aqui eles vão recuperar o prestigio.
Perguntado se tantos nomes de qualidade do meio para frente seriam uma solução ou uma dor de cabeça, René não escondeu a preocupação. Lembrando o melhor time do mundo na atualidade, o treinador deu o exemplo para que as muitas estrelas brilhem com a mesma intensidade na constelação tricolor.
– Depende muito mais dos jogadores do que do treinador. Pode ser uma solução se estiverem treinando no mesmo ritmo, com o mesmo desempenho. Você vê um Barcelona jogando com um Puyol no banco com um alegria danada. Depois você vê o Puyol ser homenageado e passar a faixa para o Abidal. Então, se você tiver um grupo assim, isso é fantástico, uma solução. Mas se tiver um grupo “ah, eu não jogo, estou insatisfeito”, isso é um problema. Espero que a gente consiga formar um bom grupo. Um time ganha alguns jogos, um grupo ganha campeonatos.
O técnico do Bahia ainda lembrou que nem só das estrelas mais brilhantes vive o clube e destacou as divisões de base. Na partida contra o Flamengo, cinco jogadores da casa estiveram em campo, três deles promovidos este ano.
– O projeto está caminhando não só para quem chega, como para os jogadores da base. No último domingo, nós jogamos com Gabriel, Maranhão e Rafael (além de Marcone e Ávine). Então isso é legal. Você tem que olhar para o pessoal de casa também. O Bahia sempre revelou grandes jogadores. Tenho conversado muito com o (Newton) Motta (coordenador das divisões de base). Ainda não é o momento de estar com tantos jogadores, mas contamos com eles. Se o time de cima for bem, a base bate palma e aparece um monte de jogador, tenho certeza disso.
O treinador ainda analisou a falta de contratações para o sistema defensivo. Para ele, o problema está na escassez de opções.
– Nós tentamos o Marcos Assunção, que era um jogador que atua mais no apoio ao sistema de defesa. Foi uma opção do jogador não vir. Até porque, pelo que eu soube, a proposta do Bahia foi muito boa. Porém, para as demais posições, o problema é onde é que estão esses jogadores. O Flamengo está tentando trazer atletas para zaga e não está conseguindo. Então não está fácil disse.
Por fim, o comandante das estrelas do Tricolor baiano comentou sobre a queda de rendimento da equipe durante o segundo tempo das partidas.
– Isso é uma coisa que estamos conversando muito com os jogadores. Time novo acontece isso. No segundo tempo, o adversário vem com outra solução. Você sai com o planejamento do primeiro tempo, às vezes dá certo, tem dia que não dá. Então você tem que trocar rapidamente, e nosso time ainda não está com a vivacidade de fazer essas trocas rápidas. Mas não é uma questão de preparo físico. Acabamos com 10, empatamos no fim, ainda tivemos chance. Então não é a parte física. Nós precisamos nos ajustar às mudanças do adversário.”
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