Em uma semana, por causa de uma derrota para o Grêmio, no Rio Grande do Sul –onde nunca havíamos vencido na história do Brasileiro–, um início de empolgação pós-empate com o Flamengo, no último minuto, com um homem a menos e tendo sido garfados pela arbitragem, virou quase desespero por parte de alguns. O próprio tropeço para o América, em Minas Gerais, não primou pela justiça, na estreia. “MAS O BAHIA ESTÁ NA ZONA DE REBAIXAMENTO!”, gritam.
“Metereologistas das desgraças antecipadas”, diria o técnico René Simões, como escreveu em carta à Nação Tricolor dias antes do campeonato. E, ao menos por enquanto, é mesmo por aí.
O inimigo não pode estar dentro da própria torcida.
Transcorridas as mesmas três rodadas (DE 38), na temporada passada, o campeão Fluminense também havia perdido seus dois primeiros jogos… O Grêmio –que se classificaria para a Libertadores– também estava com um único ponto na tabela…. E o Avaí, salvo da degola apenas na penúltima partida, ostentava sete pontos, pomposo na vice-liderança.
É HORA DE VOLTAR A LOTAR PITUAÇO E INICIAR A ARRANCADA CONTRA O GALO, QUE DEVE CHEGAR COMO LÍDER… E DAÍ? São apenas três jogos. Reforços ainda não estrearam.
De fato, precisamos melhorar a zaga, a marcação no meio de campo e a posição de centroavante de área. Porém, desculpem a redundância, são apenas três rodadas. Podemos não conquistar o tri –estamos longe disso, claro. Mas não já estamos rebaixados. Reflita aí no texto abaixo do jornalista e grande tricolor Flávio Novaes, especialmente para a ocasião:
***
“Perigoso e onipresente. Ronda o ambiente, tenta instalar o pânico, minar forças, puxar pra baixo, diminuir. O principal adversário está fora do campo.
Duzentos anos intermináveis fora da Primeira, vexames, nada de título baiano. Mas a principal derrota do Bahia nas últimas oito temporadas é a perda da auto-estima e, como consequência, o fim do respeito alheio para o primeiro campeão brasileiro do país, em 1959.
Para voltar a meter medo, diretoria, comissão técnica e jogadores primeiro terão que superar um estigma de inferioridade.
No avião, um sorrisinho de canto de boca. A camisa tricolor chamava a atenção pela beleza, mas um ou outro comentário incomodava. Estranho.
Já em solo mineiro, marcando terreno e à espera a carona, os taxistas começam a provocar: O América vai ganhar, vocês vão voltar à Série B.
Eu tenho certeza, cena 1. Em um campo próximo a Pituaçu, o Atlético Goianiense tenta uma vaga na final da Copa do Brasil. Estamos em maio de 2010 e os dois times seguem embalados.
Tantos meses depois, voltam a se encontrar, agora pelo Brasileiro No mesmo campo, um 0 a 0 leva a equipe da casa para a Segundona. Com o empate, o Atlético se salva, fica em 16º.
Esse ano é nosso, cena 2. Campeão estadual, pela segunda edição seguida na Série A, moral absurda com a torcida, rival na pior. Guga e os caras da ilha felizes com o Avaí, sete pontos nos três primeiros jogos. Segunda metade pra lá, sofrimento. Escapa no final.
Vai dar tudo errado, cena 3. Esse argentino nojento não vai nos levar a lugar algum, dizia o torcedor do Fluminense, retado com os três pontos nos três primeiros jogos do Brasileiro do ano passado. Mais ao Sul, o torcedor do Grêmio também se irrita com o atacante Jonas. Não é possível o campeão do mundo com um ponto em três jogos…
Apita o árbitro, fim de mais uma edição do campeonato mais difícil do mundo: Flu campeão, Grêmio na Libertadores.”
PS: Apontado por todos como candidato ao título, ao lado do Santos e talvez do Internacional, o Cruzeiro está hoje empatado na classificação com o Esquadrão de Aço.
Tanta coisa interfere no Campeonato Brasileiro, que nada é parâmetro para ele –
jornalista Paulo Vinícius Coelho – 6 de junho de 2011 – Linha de Passe (ESPN Brasil)
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