O interessantíssimo texto abaixo é do jornalista da ESPN, Marcus Alves, no blog “Futebol sexy”:
`Foram duas passagens pelo Bahia ao longo de seus 30 anos de carreira. Não ouse perguntar a Joel, no entanto, qual delas qual foi a mais importante. O futebol é simples, mas não tão simples assim para o treinador. Ele define com o velho folclore que costuma caracterizar as suas declarações.
O futebol, você vai guardar isso, não é receita de bolo. Você sabe disso. Mas só que cada clube tem um sabor ou uma cor. Um é maracujá, o outro é chocolate, baunilha ou coco. Dá pra entender? Você não pode chegar e falar esse aqui foi melhor por causa disso.
Assim, ele resumiu em conversa comigo em maio. Não me aprofundei na parte filosófica. Não quis saber onde cada clube treinado por ele se colocava em sua história. Mas ficou bem claro para mim: o Bahia comandado por Joel em 1994 tinha um lugar importante em sua carreira. Primeiro, por ter chegado a um título estadual que ainda hoje é lembrado pelos torcedores tricolores. E segundo, pela conquista do Brasileirão que, o técnico admite, chegou a sonhar. Sonhou e, de acordo com ele, não o alcançou porque teria sido roubado.
Eu cheguei na Bahia, tinham disputado os dois turnos, o Vitória era vice-campeão brasileiro depois de perder para o Palmeiras quando o Palmeiras tinha aquele timaço em 1993. No ano seguinte, eu fui para o Bahia e o Vitória estava com aquele time. E rolou aquele gol do Raudinei, relembrava.
O gol do título baiano?, interrompi.
É, você guardou. Você está sabendo muito sobre a minha pessoa, hein, cara, brincou. Então, cara, na minha estreia, eu tomei de quatro, a torcida batendo no ônibus com pau. O Paulo Maracajá ligou às 6h da manhã para o hotel que eu estava, e o pior que choveu dentro porque eu deixei a janela aberta, para a gente fazer um time de futebol, falando não te avisei?. Eu vendo vídeo, peguei jogador do Itaperuna, Olaria e Bangu. Peguei um jogador do Itaperuna, lateral-esquerdo, que ele terminou a carreira sabe onde? No Milan. O Serginho jogou 200 anos no Milan e eu trouxe ele do Itaperuna. Nós fomos campeões baianos com gol do Raudinei, fomos terceiros no Brasileiro. Perdemos o Brasileiro para o Palmeiras sabe por quê? O Palmeiras da época da Parmalat, me roubaram legal, cara. Era um timaço. Edmundo, Roberto Carlos, Cafu, Antônio Carlos, Evair. Porra, era um timaço, cara. Nós perdemos de 2 a 1 na Bahia, roubado, e perdemos de 2 a 1 em São Paulo, roubado. O técnico era o Vamberto, o Vanderlei. Cruzou a gente com eles, eu caí neles. Todo mundo que caiu na Bahia eu ganhei. Só não ganhei esse jogo porque foi roubado. Porque o Cleber ele deu uma gravata no Raudinei e caiu com um hipón agarrado e o juiz mandou deixar rolar.
Apesar de um detalhe ou outro, aquela passagem de Joel pelo Bahia ainda está fresca em sua memória. Ele sempre guardou o clube em seu coração. Na ocasião da entrevista, comentou a sua decepção como a forma com que a polêmica da sardinha foi tratada pela imprensa, especialmente a baiana. Acredito nele. Joel Santana assume uma equipe que não poderá conter a sua frustração por não ter conquistado o título brasileiro em 1994, mas que tem todas as condições de fugir do rebaixamento. E com o Joel, elas aumentam. Até o seu ex-pupilo Jobson assinaria embaixo.´
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