A coluna abaixo, do jornalista Marcelo Sant`Ana, foi publicada neste domingo pelo Correio*:
BAHIA X BAÊA
“No futebol, há quem veja com olhos da razão ou da emoção. Por isto, a mesma coisa é vista de maneiras diferentes Bahia e Baêa parecem iguais, mas são duas coisas diferentes. Bahia é o clube oficial. Baêa é a alegria da torcida. Bahia é real, material. Baêa é sonho, desejo.
O Bahia faz um Campeonato Brasileiro meia-boca. Apostou em guris no primeiro semestre, em medalhões no segundo e errou dobrado. Tem como meta fugir do rebaixamento e evitar um vexame a elevador. Mas está de volta ao mercado e tem sido comentado pela mídia após sete anos fora da vitrine.
O Baêa luta por uma vaga na Sul-Americana, uma competição internacional. Tem um bom goleiro, Marcelo Lomba, o capitão e xerife Titi e ainda Ávine, símbolo do renascimento tricolor. Vez ou outra é prejudicado pela arbitragem, isto quando joga bem e não vence. Mas Papai Joel vai dar um jeito.
O Bahia vai reeleger o presidente Marcelo Guimarães Filho em dezembro. Na primeira gestão, o dirigente perdeu três vezes o Baiano, nunca foi longe na Copa do Brasil, manteve no emprego figuras detestadas pela torcida, separou-se de eternos aliados e não reformou o estatuto, mas sim a lista do Conselho Deliberativo.
O Baêa tem um presidente jovem e ousado. Em três anos, devolveu o clube a Série A, resgatou a divisão de base, reformou parcialmente o Fazendão (ouvindo até antigo desafeto), profissionalizou o futebol e arquiteta um novo centro de treinamento, além da venda da velha sede de praia. E abrirá o clube para diretas.
Os práticos veem apenas um Bahia. Os sonhadores veem apenas um Baêa. Os leitores práticos podem lembrar que a vida é a realidade. Já os leitores sonhadores podem lembrar que a realidade nasce do sonho. E os práticos-sonhadores vão dizer que sonham à noite para realizar durante o dia. Ou até mesmo que sonham acordados.
É um assunto muito complexo (ou coisa de maluco?). Eu agora estou com mais dúvidas do que quando comecei a escrever. Meu problema foi acreditar nos amigos, que parecem iguais. Tanto os práticos como os sonhadores vivem dizendo: futebol é fácil. Mas, se eu não acreditar nos amigos, vou acreditar em quem? Ou no quê?”
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