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Falcão cutuca mídia, cita até Bilbao e faz balanço

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Historico
Publicada em 11 de maio de 2012 às 18:20 por Da Redação

A primeira e única entrevista coletiva do técnico Paulo Roberto Falcão para o Ba-Vi de domingo, pela finalíssima do Estadual, aconteceu nesta sexta-feira e foi, como quase sempre, extremamente interessante. Confira todos os assuntos abordados, por ordem de pergunta:

Você também pode ouvir a íntegra do evento aqui:

Após o triunfo sobre a Portuguesa, você falou que 99% do trabalho estava realizado. O que falta para esse 1%, e como estão os preparativos para o clássico decisivo?
Eu disse isso, porque aprendi com o Rubens Minelli (ex-treinador histórico), que me dirigiu em 75 e 76 (no Inter). É uma maneira de dizer que a gente precisa ser campeão para coroar o trabalho deles, o trabalho do time. E esse é o nosso grande objetivo no domingo.

Por que tanto mistério nos treinos e também nas entrevistas?
Eu? (risos) Não… Assim ó.. Quem acompanha o nosso trabalho, se acompanha com atenção, vê que não tem muito mistério. Hoje em dia, é muito difícil você organizar alguma coisa de tão diferente que o outro time não saiba, porque vocês estão atentos… Tem gente até que pega uns buracos lá (no Fazendão) para fazer filmagem… Isso é discutível. Essa filmagem, no buraco, é discutível. Mas temos que tentar fazer o “contra-veneno”. Evidente. Cada um respeitando a função do outro, isso que é bonito. Democraticamente, isso é bonito…

Então, não tem muito segredo, gente. Não é treinamento secreto. O que a gente quer é ter alguns momentos na semana só com os jogadores, só com a intimidade deles, com as brincadeiras deles, porque, com mais gente aqui, essa naturalidade não anda como eu gostaria. De repente, alguém quer fazer algo diferente, que não vai ser noticiado. O objetivo é trabalhar à vontade. Ninguém consegue, com uma câmara apontando pra você, ficar tão à vontade. Eu não atraso um minuto na hora de dar a escalação, 45 minutos antes (conforme o regulamento). Peço para a assessoria de imprensa ser pontual. Então, não é segredo, é só pra deixar o time mais tranquilo.

Foto: Eduardo Martins | Ag. A Tarde“ width=

Ricardo Silva, técnico do rival, disse que não tem mistério lá…
Eu tenho desconfiança disso. Senão, ele não estaria treinando fechado…

Você pretende repetir um esquema mais defensivo, com três volantes, como no Barradão?
Eu gostei das duas formações, mas em nenhum momento eu joguei com o regulamento debaixo do braço, e você pode perguntar para os jogadores. Nós temos um jogador que é o Diones, que chega sempre, fez gol inclusive contra o Remo, chegou ontem um pouco menos… Ele entra por fora, aparece… Então, quando se fala que o Bahia jogou com três volantes, é meia verdade. Se nós tivéssemos três jogadores como o Fahel ou o Fabinho, a manchete estaria correta. Mas o Hélder também sai para o jogo. São jogadores diferentes. Se você for analisar os adversários, todos eles jogam com dois homens de marcação e um terceiro que chega mais. Isso é histórico, em qualquer time do mundo, que joga no 4-2-3-1. Mas o importante é ter condição de ter um time consistente e equilibrado. Time de futebol é isso, nao só ofensivo ou defensivo. Esse é o desafio. Agora, se você perguntar assim, se for para ter um pequeno desequilíbrio, eu prefiro um time mais para frente. Mas depende do jogo, também. Futebol tem que ser visto de uma maneira mais abrangente. As coisas não são definitivas.

O Bahia perdeu as principais características que tinha, de velocidade, toque e posse de bola, e ficou pragmático nos últimos jogos. A carga de partidas tem prejudicado?
Não necessariamente eu armo meu time a depender de como o adversário vai jogar. Se vocês pegarem a nossa história, desde que cheguei aqui, eram duas linhas de quatro e dois na frente, então a gente mudou, muda muito, Mas sem mexer na estrutura…

Quem assistiu Athletic Bilbao x Atlético de Madri (final da Liga Europa, quarta-feira)? O comentarista foi muito feliz quando disse assim: no Bilbao (exaltado na Europa após eliminar o Manchester United, e comandado pelo argentino Loco Bielsa) todo mundo se mexe, todo mundo se movimenta. Já o Madri atua no 4-2-3-1, com cada um na sua função, não existe uma mistura… E o jogo foi 3 a 0 (para o Atlético de Madri). Tô errado ou não? Quer dizer, não é que um time que se mexe muito que faz com que ele seja melhor. Eu prefiro um time que mantenha posições.

Eu digo sempre para os jogadores mais habilidosos, que são os mais marcados, porque eu também sofri com isso, lá no meu início de carreira… Eu começava atuar no campo inteiro. Mas é um absurdo. Não adianta sair da minha função, e receber a bola na frente do meu lateral, porque não vai acontecer nada. Do que adianta receber livre na frente do zagueiro, por exemplo? Depois, aprendi com o Ênio Andrade (outro ex-técnico clássico dos anos 70). Evidentemente, não quero um cara cravado ali, mas, dentro do que gosto, eu quero cada um desempenhando a sua função. Eles têm liberdade em determinados momentos de trocar. O Gabriel pode cair pela esquerda, mas gosto de um time mais organizado taticamente.

Qual a porcentagem de chances de você repetir o esquema de domingo? E qual a postura ideal para a equipe, em relação à torcida e à tanta ansiedade?
Olha, percentual não tenho condições de responder, né. Mas, em relação a postura, é de querer ganhar o jogo. Nós já tivemos isso no primeiro jogo. Fizemos um bom jogo, tivemos consistência, chegada, pecamos talvez no penúltimo passe. Não fose isso, teríamos chegado cinco ou seis vezes com maior facilidade. Sabemos que o empate nos dá o titulo, mas nosso objetivo inicial é ganhar o jogo. E vamos pensar nisso. Vamos jogar em casa, com o apoio maciço do torcedor, e ele vai ter que ter muita calma, incentivar o time. Às vezes, acontecem manifestações contrárias, mas dificilmente isso acontece num clássico, porque a torcida sabe que ajuda o adversário, que é um rival. Então, nossa postura é de quem quer ganhar.

Neste sábado, faz aniversário do último título do Bahia, o Nordestão de 10 anos atrás. Você já pensou na preleção que fará, aquele último momento com o grupo, por causa dessa pressão?
Isso já está sendo trabalhado desde que eu cheguei aqui. A medida que as coisas foram se aproximando, eu dizia que, quanto mais cedo o time se classificasse, seria melhor. Quanto mais cedo tivesse um número de pontos para o quinto colocado, melhor. Depois, começamos a pensar em ganhar as vantagens, um passo de cada vez.

Eu já disse a vocês: nesse time de hoje, nenhum deles estava 10 anos atrás. Eles não têm nenhuma conta pra pagar, o que eles têm é a possibilidade de entrar pra história, esse é o grande diferencial, e de voltar a dar a uma torcida maravilhosa, encantadora, que vai lá e incentiva, a possibilidade de ser campeão de novo. Eles estão tendo essa oportunidade, e eles não podem perder essa oportunidade. Isso está sendo dito há horas pra eles. Não sou muito fã do trabalho de motivação, mas eles sabiam diariamente que o objetivo lá na frente era título, reforçando a auto-estima, a capacidade deles, e dando tranquilidade, fazendo que todos se sintam participantes.

Nós vamos concentrar todos, todos, que estão no grupo. Já concentramos 22 e vamos concentrar os outros três que não concentraram, porque está todo mundo entendendo que é um momento fundamental, de fazer o que for possível pra dar a essa torcida o título que ela tanto merece. Não tem assim uma palestra preparada. Tenho é que ter muito discernimento na hora de escalar o time, na hora de estar no banco e pensar no plano A e no plano B, no que pode acontecer. Ter isso na minha cabeça muito claro, e é isso que a gente está fazendo.

Naquele início empolgante da campanha, você chegou a dizer que o Bahia estava melhor do que o imaginado para o momento. Qual o estágio atual que enxerga para o time?
É o time que chegou como o melhor do campeonato, com todas as vantagens adquiridas, com possibilidade de decidir em casa, de jogar por dois resultados… Então, estamos muito satisfeitos com isso. A gente tem uma tendência de falar do futebol ofensivo, porque faz gols, e a defesa do Bahia foi acusada de ser a mais vazada do campeonato, mas eu falei que não era verdade. A partir do momento que chegamos, em fevereiro, quando se firmaram os atletas, ela é a menos vazada. Agora, ninguém fala da defesa que não toma gol há quatro jogos. É difícil você ter equilíbrio, né. Nós chegamos hoje a uma condição boa, estamos marcando bem, sem deixar de atacar. É uma coisa que me deixa feliz. Na final, entra o aspecto emocional e o jogo passa a ser diferente, mas até para isso eles estão preparados.

Héder parece ter se tornado um de seus jogadores de confiança. Ele pode ser mantido na lateral esquerda (onde atuou improvisado, por causa da suspensão de Gerley)?
Sim… (pausa) Mas, não necessariamente. Ele pode também não jogar… Mas ele é um jogador experiente, que tem qualidade, que pisa na bola, que não se assusta, então pode ser uma possibilidade, ou na lateral ou no meio. A gente ainda está muito em cima da nossa classificacão de ontem, que foi importante. A partir do treino de amanhã, a gente vai pensar. O grande cansaço físico de um time se apresenta 48 horas depois, e amanhã (sábado) vamos nos preparar mais na recuperação do jogo do que fazer algo diferente.

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