Só tendo participado de 28 minutos de um jogo (segundo Ba-Vi do ano, em março, no Barradão) ao longo de toda a temporada 2012, o lateral esquerdo Ávine, xodó da torcida tricolor, deu interessante entrevista à repórter Daniela Leone no jornal Correio* desta terça-feira.
Desde fevereiro de 2011, ele passou por inúmeras contusões: estiramento na virilha, edema no joelho direito, duas lesões no menisco do joelho direito, luxação no ombro, tendinite na panturrilha e fratura no dedo da mão. A última o impediu de jogar a reta final do Baiano e de comemorar um título que tentava desde 2006, quando deixou a base e passou a defender o time profissional do Bahia.
Emocionado, Ávine revelou como se sentiu ao ver pela TV o Esquadrão erguer a taça. Mas avisa: vai voltar e pra fazer um grande Brasileiro. Leia:
O que está faltando pro torcedor voltar a te ver jogar?
Tá faltando pouca coisa. Estamos na fase final do tratamento da lesão que eu tive na mão. Na quarta (amanhã), vou fazer um novo raio-X pra ver como está. Já tô treinando com bola e a previsão do departamento médico é que no jogo contra o Atlético-MG eu já possa estar à disposição pra jogar. Todo o trabalho está sendo feito pra que eu possa ficar bem.
Você ainda sente dor?
Tenho um pouco de dor na mão, porque ela ficou imobilizada muito tempo, mas no joelho já não sinto nada.
Circulou na imprensa que você não fraturou a mão na piscina e sim em uma briga com um funcionário do clube…
Isso daí são pessoas que não têm o que fazer e querem tumultuar o ambiente de trabalho, querendo prejudicar alguém. O que aconteceu foi realmente o que foi colocado: eu me machuquei na piscina. Pra essas pessoas que insistem em inventar coisas, eu só tenho que fazer a minha parte e continuar trabalhando. A mim não vai atingir em nada.
Quem mais te deu apoio nesse período de recuperação?
Eu tenho me apegado muito a Deus e Ele tem me confortado cada vez mais. Também minha família, minha esposa, meu filho, que estão sempre no dia a dia comigo. Tava sendo muito difícil pra mim ver meus companheiros jogando, concentrando e eu não. Mas quando eu saía daqui (do Fazendão), tudo mudava. Meu filho já me recebia com um sorriso. A cada dia que foi passando, fui me fortalecendo, sempre com o pensamento de melhorar logo. O que eu mais quero é ajudar dentro de campo.
Do que mais tem saudade?
De muita coisa. De jogar com o grupo, de entrar em campo, de ver a torcida em Pituaçu cantando, de concentrar com os amigos, da resenha na concentração. É muita coisa que passa na cabeça. A gente tem que ter fé em Deus e saber que as coisas acontecem no tempo certo.
Após tantas contusões, qual foi o seu maior aprendizado?
Quando acontecia alguma coisa, sempre queria jogar – não queria saber se estava incomodando ou não. Isso me prejudicou um pouco. Tive uma conversa com minha mãe uma vez e ela disse que eu tenho que tomar mais cuidado com o meu corpo, porque eu dependo dele pra poder jogar e, se eu não tiver esse cuidado, não vou estar 100% pra ajudar a equipe. Foi aí que eu parei pra pensar um pouco: `agora tá na hora de me recuperar`. Se eu não tiver 100%, a cobrança vai ser do mesmo jeito ou maior, por todos saberem que eu posso ajudar. Tenho que me cuidar e é isso que eu tô fazendo.
Hoje, você pensaria duas vezes pra jogar no sacrifício?
Sim. Porque a gente depende do nosso corpo e se não estiver 100%, não dá pra botar o que sabe em campo e pode até prejudicar o grupo. Hoje, pensaria duas vezes em entrar em campo se tivesse sentindo alguma coisa.
Você luta por um título desde 2006 e este ano só jogou 28 minutos. Como se sentiu?
Rapaz… Eu fiquei muito mal de estar vendo Pituaçu lotado pela tevê, em casa. Assisti com minha esposa e meu filho e ali, na hora, passou um monte de coisa na minha cabeça. Por sempre estar querendo aquilo e, ao chegar na hora, não poder ajudar, não poder contribuir, não poder estar na hora pra levantar a taça… Fiquei feliz pelo título, mas queria estar lá, queria estar em campo. Mas o título tão sonhado que todos queriam foi alcançado.
Você se sente parte dessa conquista?
Particularmente, não. Porque eu queria estar lá, queria estar ajudando. Não joguei praticamente nenhuma partida, não fiz nada pra ajudar, então, particularmente, acho que não faço parte do título.
Por isso você não foi a Pituaçu no último jogo da final?
Justamente. Porque eu fiquei muito mal em casa e pelo fato de achar que não fazia parte daquele momento. Aquele momento era deles, jogadores, comissão técnica, diretoria, que fizeram por merecer. Fiquei em casa, torcendo pra que o Bahia fosse campeão.
Você acompanhou todos os jogos do Bahia pela televisão?
Acompanhei todos os jogos. Fico sofrendo junto com o torcedor, torcendo também, pra que o Bahia possa conseguir os resultados. Às vezes não vem, fico triste pelo resultado negativo, mas sempre com o pensamento de poder voltar logo pra ajudar.
O time deste ano é mais forte que o do ano passado?
Cada ano tem jogadores de qualidade, chegam peças, vão outras embora… Esse ano, vejo que tem que contratar, porque o Campeonato Brasileiro é longo e tem que reforçar. Todos os times hoje são fortes, com elenco bom, de qualidade, e o Bahia não pode ser diferente. Tem que ser equipe forte também, com jogadores de peso, de nível, pra que possa jogar de igual pra igual com qualquer time.
Como é sua relação com o técnico Falcão?
Até então não tive essa aproximação toda com ele, devido à correria de jogos, de treinos e também ao meu empenho em poder voltar logo. A gente sempre tem um bate-papo rápido, mas nada demais. Estou mais focado na minha recuperação.
Você é o único remanescente de 2006. Ainda acha que tem uma história a escrever no Bahia ou chegou o momento de sair?
A minha história, a que eu queria, sonhava com isso, era de ser campeão, de levantar a taça. Era meu principal objetivo aqui no Bahia e não pude levantar essa taça, fazer parte daquele grupo. Se tiver que sair, a gente vai procurar sempre o melhor pra minha família. O Brasileiro é um campeonato em que vou voltar bem, tenho certeza, pra ajudar o Bahia e buscar coisas boas pra minha família.
Mas você ainda quer continuar no Bahia?
É difícil falar isso agora, porque eu tô voltando de lesão. O meu pensamento agora é de ficar bom, voltar pro grupo e fazer um Brasileiro bom. A partir daí, a gente para pra pensar em outras coisas, no que vai ser melhor.
Quer mandar algum recado pra torcida?
Tô com saudades de ver a torcida gritar meu nome. Às vezes fico vendo na tevê eles gritando o nome de cada jogador e isso contagia o jogador, isso mexe. Eu quero dizer que eu tô fazendo tudo que tenho que fazer pra voltar logo, tô confiante na minha recuperação e vou voltar o mais rápido possível pra fazer o que eu sempre fiz.”
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