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Blogueiro: “Caio Jr. no Grêmio exagerou nos erros”

Notícia
Historico
Publicada em 20 de julho de 2012 às 20:19 por Da Redação

O texto abaixo é do carioca André Rocha, dono do blog “Olho tático”, do Globoesporte.com, intitulado: “Grêmio e Caio Júnior: história breve e repleta de equívocos”:

“Caio Júnior assumiu o comando técnico do Grêmio ainda em dezembro de 2011 sucedendo Celso Roth e falando de passado e futuro: do início da carreira de jogador nas divisões de base do clube até os planos ambiciosos para o time, de futebol igualmente competitivo e vistoso, tendo o Barcelona como referência, não modelo.

A favor, a identificação com o tricolor, os sólidos conceitos táticos e as perspectivas de um estilo mais moderno na Azenha. Contra, as ressalvas de sempre quando o nome do técnico é mencionado: o perfil “intelectual”, menos “boleiro” e a fama de perder gradativamente o comando do grupo que prejudica seus times na reta final dos campeonatos no país. Foi assim com Palmeiras em 2007, Flamengo em 2008 e Botafogo no ano passado.

Na curta pré-temporada, Caio Júnior não armou a equipe como o time catalão. O 4-4-2, na prática, tinha como referência o que Falcão tentou implementar no Internacional antes de perder o comando no vestiário e Roberto Mancini aplica no Manchester City: duas linhas de quatro na recomposição e praticamente um quadrado nas ações ofensivas, com os meias centralizando e abrindo espaços para o apoio dos laterais. Douglas, em tese, executaria a função do espanhol David Silva no time inglês, saindo da direita em diagonal para armar pelo meio.

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A formação da pré-temporada: um 4-4-2 híbrido com Douglas e Marco Antonio voltando pelos lados, centralizando nas ações ofensivas e abrindo espaços para o apoio dos laterais.

A derrota logo na estreia para o Lajeadense por 2 a 0 no Olímpico e as críticas por ter mandado a campo um time muito “faceiro” fizeram o treinador mudar os planos e testar outros desenhos táticos, abandonando as convicções dos períodos de treinamento em nome de uma proposta mais adequada à cultura local, baseada em solidez defensiva e vigor físico.

Alternou o 4-4-2 com meio-campo em losango e o 3-4-1-2 com Gabriel na ala direita e Mario Fernandes na zaga nos 3 a 1 sobre o Canoas. O sistema com três zagueiros foi mantido contra o Juventude em Caxias, mas o revés por 2 a 1 e a saída de Douglas fizeram o treinador voltar às duas linhas de quatro na vitória por 1 a 0 sobre o São Luiz com a entrada de Leandro em busca da velocidade desejada.

Nos 2 a 2 contra os reservas do arquirrival no Gre-nal, Caio Júnior voltou ao losango. Na virada sofrida sobre o Ypiranga por 2 a 1, início com duas linhas de quatro e 4-3-1-2 ainda no primeiro tempo, com Gilberto Silva entrando na vaga de Leandro. Nos 4 a 1 sobre o Santa Cruz, o tricolor gaúcho atuou praticamente em um 4-2-2-2 e no revés para o São José em grama sintética por 2 a 1, o retorno ao losango no primeiro tempo e o 4-3-3 desesperado na etapa final.

Em todas as oito partidas da primeira fase da Taça Piratini (1º turno do Gauchão), o desempenho foi tão hesitante quanto o treinador na busca da formação ideal. Ainda que os testes fossem compreensíveis em um início de trabalho, era nítido o conflito entre as ideias de Caio Júnior e o futebol cada vez mais pragmático e focado no resultado e menos insinuante do Grêmio. Nem venceu, muito menos convenceu. Acabou sem emprego com pouco mais de um mês e meio de trabalho efetivo.

Na melancólica “despedida” do treinador, nem o calor sufocante e as dificuldades de adaptação ao gramado justificam a atuação pífia de uma equipe frágil na marcação e que dependeu unicamente da inspiração de Kléber, que precisava ser articulador e atacante, e das jogadas aéreas com bola parada ou rolando.

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No revés para o São José, um dos muitos desenhos táticos testados: 4-3-1-2 pouco funcional pela fragilidade na marcação e a dependência de Kléber e das jogadas aéreas. Melancólica despedida de Caio Júnior.

Marco Antonio, ex-Portuguesa, não vingou como meia de ligação nem aberto pela esquerda. As lesões de Mario Fernandes e Júlio César prejudicaram o trabalho pelas laterais, o zagueiro Naldo ainda precisa de entrosamento e a ausência de Fernando, substituído por Gilberto Silva, provoca uma queda brusca na dinâmica do meio-campo que já tem problemas com a lentidão de Marquinhos. Marcelo Moreno se entende melhor com Kléber e é mais jogador que André Lima, porém peca pela irregularidade.

Mesmo com todos os problemas, a busca de reforços aprovados por Caio Júnior para, enfim, armar o time no 4-4-2 em linha – Souza e Facundo Bertoglio confirmados e Cristian Rodríguez em negociação, além do zagueiro Burdisso do Arsenal de Sarandí – sugeria um trabalho mais paciente, com a diretoria pensando a médio e longo prazo, com planejamento.

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Com os reforços confirmados e nomes em pauta, uma formação possível de Caio Júnior, se permanecesse: a volta das linhas de quatro com Souza no meio e Bertoglio e Cristian Rodríguez pelos lados.

No entanto, os resultados negativos, a proximidade de um Gre-nal decisivo pelas quartas-de-final do torneio regional e, provavelmente, a pressa de aproveitar a disponibilidade de Vanderlei Luxemburgo no mercado de treinadores pesaram. Mas era o caso de demitir antes da estreia na Copa do Brasil, competição que realmente importa para o clube no primeiro semestre? Se não confiava desde o início, por que o investimento? Mais uma vez, o imediatismo superou o projeto.

Caio Júnior pode se queixar do tratamento um tanto preconceituoso de jornalistas, torcedores, jogadores e dirigentes que torcem o nariz para o seu jeito mais polido e solícito, sem gritos e socos na mesa ou piadas simplórias. Mas também precisa abandonar o discurso sempre se colocando como vítima e refletir sobre o que planeja na teoria e não consegue aplicar no contato diário com seus comandados.

No Grêmio, a impressão foi de que o técnico quis agradar a todos e não conquistou o respeito de ninguém numa história breve e repleta de equívocos.”

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