O convite veio de surpresa. Promovido ao elenco profissional após a disputa da Copa São Paulo de Futebol Júnior, o volante Feijão treinava normalmente quando foi abordado pelo assessor de imprensa do Bahia. Pela primeira vez na curta carreira como profissional, o atleta havia sido escolhido para conceder uma entrevista coletiva.
Sem cerimônia, a jovem promessa tricolor subiu as escadas que ligam o campo principal do Fazendão à sala de imprensa. Entrou e, com um largo sorriso no rosto, cumprimentou a todos.
No entanto, o que era a promessa de muita emoção virou motivo de gargalhadas. Logo após Feijão se acomodar, um grupo de repórteres especiais invadiu a sala de imprensa. Diones, Hélder, Magno, Zé Roberto e Rayllan entraram no local e pediram para participar da coletiva. Oportunidade perfeita para brincadeiras e piadas entre companheiros de time.
“Feijão, como você consegue ser tão feio?”, questionou Zé Roberto, que foi encarregado de fazer a primeira pergunta. Sem se importar muito com a gozação do colega mais experiente, Feijão resolveu entrar na brincadeira e arrancou gargalhadas dos companheiros que estavam na sala de imprensa.
“Sou feio, mas meu pai está feliz. Até por ele também ser muito feio. Aliás, não sei quem é mais feio. Se sou eu, meu pai ou meu irmão”, disse o volante.
Até mesmo Hélder, que raramente concede entrevistas em dias de treino, resolveu sabatinar o jovem volante sobre as expectativas para o futuro.
“Feijão, qual é o maior objetivo na sua carreira?”, perguntou o jogador. “É estrear em Pituaçu com o estádio lotado e ganhar títulos pelo Bahia. Imagino o título brasileiro. Um dia isso vai acontecer”, devolveu Feijão, sem tirar o sorriso do rosto.
E quando o assunto é quem é o jogador mais chato, Feijão não tem dúvidas. Zé Roberto é o atleta mais irritante do elenco tricolor. “O Zé Roberto pega muito no meu pé. Acho que ele me discrimina”, contou Feijão entre gargalhadas. “Acho que isso é bullying”, emendou Diones.
O sorriso, presente durante boa parte da entrevista só vira uma expressão séria quando o assunto é a infância. Morador da localidade conhecida como “Brasilgás”, área da periferia de Salvador, Feijão carrega as marcas de quem conviveu com o perigo e viu a morte de perto em uma das regiões mais perigosas da capital baiana.
“Quando eu era criança, perdi um amigo na Brasilgás. Vi a morte dele de perto. O cara acertou um tiro na cabeça dele. Na época, pensei em parar de jogar bola. Mas minha família me deu apoio e consegui dar a volta por cima”, conta o atleta.
Apesar da violência, Feijão se diz à vontade no local onde mora. Para o jogador, a relação com os vizinhos é especial, já que a rua inteira é tricolor. “A relação com o pessoal lá da Brasilgás é boa demais. Todo mundo é Bahia lá, aí não tem problema”, encerrou.
Com apenas 18 anos (o mais novo do elenco tricolor), Feijão é uma das grandes promessas do Bahia para a temporada 2013. Na disputa da Copa São Paulo, ele foi um dos destaques do time na competição e marcou o gol do triunfo por 1 a 0 sobre o Corinthans, na segunda fase do torneio.
Globoesporte.com (Adaptado)
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