O interventor Carlos Rátis deu nova entrevista nesta quarta-feira. Desta vez, ao jornalista André Uzêda, do jornal A Tarde. E nela ele deixa evidente o estado periclitante em que o Esquadrão se encontra, contrariando o ufanismo dos dirigentes depostos. Confira o texto:
“A interventoria que administra os trabalhos no Bahia terá dificuldades para quitar a folha salarial do próximo mês, que vence na quinta-feira, dia 8 de agosto. Em visita à redação de A Tarde, o interventor Carlos Rátis definiu a situação financeira do clube como “caótica e preocupante”.
Três são, segundo Rátis, os principais problemas que inviabilizam as contas do Tricolor. A mais preocupante delas é uma antecipação de receitas tomadas pela gestão do presidente destituído Marcelo Guimarães Filho, que compromete o orçamento administrativo do Bahia em até 36 meses.
Embora o interventor não tenha informado os números da cota adiantada e nem quais foram as empresas que a realizaram, a reportagem apurou que as parcelas são referentes ao contrato de televisão com a Rede Globo, firmado em R$ 35 milhões por temporada.
Quando a intervenção assumiu o controle do clube, encontrou as contas bancárias zeradas e credores com data de cobrança próximas ou já vencidas.
“Tivemos que fazer um esforço para viabilizar a realização do Ba-Vi, por exemplo. Estávamos com dificuldades em áreas como alimentação, pagamento da agência de turismo e até da empresa que de manutenção da grama”, afirmou o interventor.
Só de alimentação, a dívida do clube era de R$ 400 mil –apenas R$ 100 foram quitadas– e o restante negociado. “Não pagamos nenhuma dívida completa por enquanto. A situação é tão crítica que todo dinheiro que vamos recebendo pagamos algo pendente”.
CONTAS BLOQUEADAS
Um outro problema é de ordem trabalhista. O Bahia tem um passivo de 20 reclamantes distintos na Justiça do Trabalho do Estado. O valor ultrapassa cifras milionárias e foi preciso fazer, ainda na gestão anterior, um arranjo jurídico chamado conciliação global para incluir todas as ações em conjunto.
O problema é que o Bahia deixou duas parcelas desta conciliação sem serem pagas, o que pode barrar as contas do clube, além de penhorar renda dos futuros jogos na Fonte Nova.
“A prioridade é o pagamento destes valores. Só assim podemos administrar o clube sem sustos futuros”, disse Cristiano Possídio, advogado trabalhista constituído pela interventoria.
Segundo Rátis, a primeira parcela deste valor –não informado pelo interventor por questões éticas– serão pagos até sexta-feira. “A segunda parcela vamos tentar negociar com a Justiça, explicando que o clube está sob uma intervenção”, diz.
O último dos grandes problemas para equilibrar o financeiro do Bahia é obter fontes de receitas para arcar com as demandas. A própria intervenção, embora não confirme as empresas, pediu adiantamento de verba com a Arena Fonte Nova e uma sobra de dinheiro de TV para sanar o clube. São estes valores que têm possibilitado pagar salários de jogadores e demais funcionários. Até aqui o interventor quitou três meses de dívidas salariais.
Para pagar a próxima folha, Rátis conta com o montante amealhado dos valores dos sócios patrimoniais que se recentemente filiaram ao clube (aproximadamente R$ 750 mil).
Procurado para comentar o assunto, o ex-presidente Marcelo Guimarães Filho não atendeu as chamadas da reportagem.
PROGRAMA DE SÓCIOS
Carlos Rátis não especificou o que será feito, mas revelou que representantes da Arena Fonte Nova, impressionados com os 15 mil sócios acumulados na última semana, já iniciaram conversas para que esses associados possam ter vantagens em relação ao uso do estádio.
Por fim, Rátis anunciou que o prazo do recadastramento de sócios foi adiado do dia 2 para o dia 7 de agosto. “Estamos publicando isso num edital no A Tarde e em outros meios de comunicação”, finalizou.”
Pelo visto, a situação financeira do clube é bem pior que o déficit de R$ 2 milhões anunciados antes da intervenção. O torcedor mais uma vez pode ajudar o clube, regularizando-se por meio do recadastramento ou se associando e se mantendo adimplente.
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