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Contundente, fala de Schmidt é destaque nacional

Notícia
Historico
Publicada em 9 de setembro de 2013 às 10:57 por Da Redação

Com chamada na capa, o portal Terra dá destaque nesta segunda-feira a uma entrevista do novo presidente do Bahia ao jornalista Bob Fernandes, editor do “Terra Magazine”. O discurso foi incisivo e também revelou novidades sobre o que ele pretende fazer na gestão. Confira:

“Fernando Schmidt deixa a Secretaria de Relações Institucionais do governo da Bahia para assumir a presidência do Esporte Clube Bahia. Schmidt, que havia sido presidente do clube entre 1975 e 1979 venceu a eleição direta – a primeira da história do bicampeão brasileiro – com 68% de 4.600 votos. Em entrevista exclusiva no final da noite deste domingo (8), Schmidt resume o que pensa em relação a dois assuntos primordiais para o Bahia e o futebol brasileiro:

– Os contratos de TV negociados com a TV Globo não são interessantes para o Bahia como não são para outros clubes, não são para o futebol brasileiro como um todo. Negociações como estas são uma representação da capitania hereditária que é o futebol brasileiro…as federações são capitanias hereditárias, o Bahia era uma capitania hereditária e, mesmo não conhecendo a vida de todos os clubes, sabemos que boa parte deles também são capitanias hereditárias.

– Quando nasceu o Clube dos 13, criado para fortalecer o futebol brasileiro, cheguei a ser seu diretor financeiro, mas o Clube dos 13 foi implodido, destruído por dentro, como ponto de partida para uma negociação que favorece alguns e prejudica muitos, o que vai criar uma situação muito ruim para o futebol brasileiro em pouco tempo.

– O Bahia vai procurar renegociar seu contrato com a TV Globo (R$ 35 milhões). Sabemos que é difícil para esse ano, mas vamos conversar, e seguramente buscar essa mudança já para próximo ano. É um contrato que não condiz com a história do Bahia, que é discrepante com inúmeros indicadores do Bahia, como, por exemplo, as vendas no pay-per-view.

– Vamos renegociar também os contratos com a Nike, Brahma, Tim, OAS…com a torcida que tem, o Bahia apequenado não vai existir mais.

O Bahia tem hoje pouco mais de 17 mil sócios, mas apenas 10 mil estavam aptos a votar. O outros 7 mil são sócios novos, que buscaram o clube nos últimos dois meses, desde que dinastia Marcelo Guimarães foi sacada da presidência.

O pai, Marcelo Guimarães, ex-deputado estadual, empresário preso em novembro de 2007 na “Operação Jaleco” da Polícia Federal, presidia o Bahia quando clube caiu para segunda e terceira divisão em meados dos anos 2000.

Marcelo Guimarães Filho, presidente até a intervenção, é ex-deputado federal (PMDB) – até há pouco estava na Câmara como suplente – e já foi vereador. O tamanho do rombo que deixou no Bahia e o tipo de, digamos, negócios feitos em sua gestão devem ser definitivamente expostos a partir desta segunda, 9, quando o novo presidente receberá a autopsia feita durante a intervenção.

O novo estatuto foi aprovado na gestão do advogado Carlos Rátis, tornado interventor depois do afastamento de Marcelo Guimarães Filho. Por esse novo estatuto, sócios que ainda não tivessem quitado a primeira mensalidade não votariam, por isso 7 mil não puderam votar. Dos 10 mil aptos, 4.600 foram às urnas.

Schmidt foi eleito presidente e seu grupo elegeu 72 de 100 conselheiros. Os candidatos derrotados, Antonio Tillemont (23%) e Rui Cordeiro (10%) terão as demais 28 vagas.

Esse será um mandato de transição, de 1 ano e 4 meses. Em dezembro de 2014, nova eleição para um mandato de 3 anos sendo permitida uma reeleição. O presidente agora eleito não poderá disputar. Segundo o estatuto já aprovado candidatos terão que ter ficha limpa, não poderão ter cargos eletivos na política e nem empresas que tenham negócios diretos ou indiretos com o Bahia.

A seguir, trechos da entrevista de Fernando Schmidt, 69 anos.

Terra Magazine: Quantos votos você teve, no universo de quantos eleitores?

Fernando Schmidt: Tive mais ou menos 68% de uns 4.600 votos. Temos hoje pouco mais de 17 mil sócios, mas 7 mil não poderiam votar, de acordo com o estatuto recém-aprovado durante a intervenção, porque só pode votar quem já pagou a primeira mensalidade. E dos 100 conselheiros fizemos 72 em uma votação distinta.

Qual será a primeira medida?

Serão várias em vários setores. Aproveitando o entusiasmo da torcida, que participou com entusiasmo, mesmo quem não votou na primeira eleição verdadeiramente direta, vamos buscar ampliar rapidamente o número de associados. E pode apostar que isso vai acontecer. Não acontecia antes porque os torcedores, em maioria, não apenas não tinham incentivo para isso como se afastaram, não admitiam o modo como o clube vinha sendo administrado há tanto tempo.

Que outras medidas?

– Vamos procurar quem tem o contrato de gestão da Fonte Nova (NR: Por 35 anos) para discutir o barateamento de ingressos…

– Hoje é R$ 60, muito caro para o torcedor do Bahia acostumado a ir à Fonte Nova às quartas e domingos…

– Isso. Já estão cobrando R$ 30 no terceiro anel, mais acima, mas só um pedaço da arquibancada. Vamos negociar para que seja todo o terceiro anel. Isso tem que ser um jogo de ganha-ganha, não de um perde e outro ganha. A torcida do Bahia, como sabe o Brasil, lota o estádio. Mas para isso é preciso um preço compatível. Se lotar, como sempre lotou, ganhamos todos.

E se não reduzirem o preço dos ingressos se pode renegociar a gestão da Fonte Nova, que se não me engano tem um contrato de 35 anos…

Isso, mas não creio que será preciso chegar a isso, a uma reformulação do contrato, existe boa vontade de parte a parte. Queremos dar um tratamento especial aos sócios, isso inclui preço dos ingressos, e qualquer produto procura ser simpático e não antipático ao consumidor… no caso, o torcedor. Mas vamos buscar renegociar também os preços dos serviços na Fonte Nova: os estacionamentos, as lanchonetes, vamos implementar um memorial do Bahia, venda de souvenirs…

– E o contrato do Bahia com a TV Globo, esse do Campeonato Brasileiro?

O Bahia vai procurar renegociar seu contrato com a TV Globo (R$ 35 milhões). Sabemos que é difícil para esse ano, mas vamos conversar, e seguramente buscar essa mudança já para próximo ano. É um contrato que não condiz com a história do Bahia, que é discrepante com inúmeros indicadores do Bahia, como, por exemplo, as vendas no pay-per-view.

E negociação feita em meio a um episódio triste, a implosão do Clube dos 13, quando o Palmeiras e quase mais ninguém resistia…

Quando nasceu o Clube dos 13, criado para fortalecer o futebol brasileiro, cheguei a ser seu diretor financeiro, mas o Clube dos 13 foi implodido, destruído por dentro, como ponto de partida para uma negociação que favorece alguns e prejudica muitos, o que vai criar uma situação muito ruim para o futebol brasileiro em pouco tempo.

Saindo um pouco da Bahia, como você vê essa questão dos contatos com a TV, como vê, de maneira geral, a gestão do futebol brasileiro?

Os contratos de TV negociados com a TV Globo não são interessantes para o Bahia como não são para outros clubes, não são para o futebol brasileiro como um todo. Negociações como estas são uma representação da capitania hereditária que é o futebol brasileiro…as federações são capitanias hereditárias, o Bahia era uma capitania hereditária e, mesmo não conhecendo a vida de todos os clubes, sabemos que boa parte deles também são capitanias hereditárias.

– Existem outros contratos para serem renegociados…

-Sim, vamos buscar renegociar também os contratos com a Nike, Bhrama, Tim, OAS…com a torcida que tem o Bahia apequenado não vai existir mais.

A OAS está fazendo a tal “Cidade Tricolor”. Como está? Que negócio é esse? Foi bom para o Bahia?

– No meu entender, não, de jeito nenhum foi bom negócio. Em troca de 250 mil metros quadrados em Camaçari, onde está sendo construída a “Cidade Tricolor”, o Bahia cedeu o Fazendão, que é do meu tempo na presidência nos anos 70. Ora, o Fazendão, em Itinga, era na cidade, com mais ou menos 100 mil metros quadrados. Imagine o valor, a valorização disso?

E como está a tal “Cidade Tricolor”, o que ela terá?

Será um centro de treinamento, com alojamentos para as divisões de base, cinco ou seis campos, mas não tem ainda logística alguma, é em Camaçari, as instalações ainda não têm mobília, será preciso gastar pelo menos uns R$ 5 milhões para ficar em condições e vamos falar com a OAS. Não foi um bom negócio, e precisamos disso pronto no máximo para logo depois do carnaval.

Qual a situação financeira do Bahia?

Bem, vou conhecer a fundo nessa segunda-feira, mas já sei que o passivo é de R$ 200 milhões.

Você sabe que o torcedor quer resultados. Estamos na metade do Brasileirão. Em relação ao futebol, qual será a primeira medida?

– Vou encontrar o Cristovão Borges nesta segunda para discutir reforços…acho que precisamos de mais um lateral direito, um meia armador e um atacante pelas beiradas para não deixar o ataque tão isolado…

Mas você já vai começar dando palpite de boleiro?

Não, não, mas como presidente vou dar minha opinião, dizer como vejo algumas coisas…afinal, já presidi o clube entre 75 e 79, mas não vou distribuir camisas no vestiário… e você sabe que já tivemos dirigentes que faziam isso…

– Sim, e não apenas um presidente fazia isso…

Pois é, mas não farei isso, apenas darei e ouvirei opiniões.

Nos últimos anos, talvez décadas, não foram poucas as frustrações. Nem se diga dirigentes da CBF e federações, mas presidentes se elegeram nos clubes com belos discursos, grandes promessas, e o que se viu foi quase sempre mais do mesmo: mandonismo, autoritarismo, personalismo, denúncias de negociatas, acordos prejudicais aos clubes, basta ver, com raras exceções, a covardia quase coletiva ao se negociar os contratos de televisão. Você não será mais uma decepção, mais um que se entrega, que entrega a rapadura?

Claro que eu sei disso, eu vi e vejo isso. Mas eu vi o torcedor vindo não só do interior da Bahia para votar, mas vindo de Belém do Pará, do Rio de janeiro, de São Paulo, do Brasil todo, e eu sei que isso significa a esperança de algo novo e não somente para o Bahia. O que me animou, o que me anima é saber que não estou sozinho, é saber que há uma manifestação da enorme e apaixonada torcida do Bahia, de um número crescente de sócios. E todos sabemos o que quer a enorme maioria da torcida do Bahia e dos torcedores do Brasil: mudar, mudar de verdade, modernizar e profissionalizar o futebol, o baiano, o brasileiro, sem deixar o torcedor de lado.”

Clique aqui para conferir a reportagem original.

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