De André Uzêda, no jornal A Tarde desta sexta-feira:
“A empresa Consultiva Consultoria & Projeto Econômico Financeiro LTDA, que aparece como beneficiária de pagamentos feitos pelo Esporte Clube Bahia, é de propriedade da família do ex-presidente Marcelo Guimarães Filho.
A reportagem apurou na Junta Comercial da Bahia (Juceb) a formação societária da referida empresa, fundada em 2006, e que tem como principal atividade prestar consultoria em gestão.
No atual quadro de sócios da Consultiva constam os nomes de Marcelo de Oliveira Guimarães (pai do ex-presidente e mandatário do Bahia de 1997 à 2005) e de Marcos Cézar de Medeiros Guimarães (irmão).
Até 2007, Marcelle Guimarães (irmã mais velha de Marcelo Filho) também fazia parte da sociedade, tendo se afastado naquele ano.
Ontem, o jornal divulgou com exclusividade a auditoria feita nas contas do Bahia pela empresa Performance. O documento aponta que o endividamento global do clube é de R$ 83,2 milhões – sendo que, do total da dívida, R$ 20 milhões foram adquiridos nos últimos seis meses deste ano.
No mesmo relatório, em 30 de junho deste ano, foi descoberta uma transferência bancária do Bahia com destinação à Consultiva. O valor total é de R$ 2,3 milhões.
Ainda segundo a auditagem, a Consultiva obteve este valor herdando parte do saldo devedor de uma outra empresa, a Protector Segurança e Vigilância LTDA, também de propriedade de Marcelo Guimarães (o pai).
A Protector, por sua vez, conforme explicitado no relatório, teve o montante gerado depois que emprestou R$ 200 mil ao Bahia no ano 2000.
Por conta de juros de 2,5% ao mês, em 13 anos, o valor do empréstimo se transformou em R$ 3,2 milhões.
A Protector, então, em novembro de 2010, cedeu seus diretos de créditos à Consultiva. O documento da auditoria deixa claro, porém, que “não foi disponibilizado contrato referente à obtenção do empréstimo e consequente regulamentação da taxa de juros utilizada para correção do saldo”.
Em operação anterior, em janeiro de 2009, a mesma empresa Protector já havia cedido seus créditos com o Bahia no valor de R$ 2,5 milhões para a empresa Pósdata Serviços e Gestão de Saúde LTDA, também de Marcelo Guimarães (pai).
Tanto a empresa Protector quanto a Pósdata constam no relatório final produzido pelo Ministério Público Federal (MPF) na operação Jaleco Branco, de 2006, da Polícia Federal. A ação resultou na prisão temporária de Marcelo Guimarães (pai) e outros 15 suspeitos de envolvimento por crimes de corrupção e formação de quadrilha.
Atualmente a denúncia do MPF aguarda julgamento na 2ª Vara Federal da Bahia.
As irmãs
Além das empresas Consultiva e Protector com relações financeiras com o Bahia, o ex-presidente Marcelo Filho também nomeou duas de suas irmãs para exercer cargos no clube.
Luciana de Medeiros Guimarães e Renata de Medeiros Guimarães exerciam, respectivamente, as funções de diretora e gerente no departamento jurídico do Bahia. Luciana recebia R$ 15 mil mensais pelo trabalho, enquanto Renata tinha vencimentos em torno de R$ 8 mil.
A auditoria aponta ainda o nome de Ruy Accioly , recebendo na folha do Bahia como superintendente. Accioly conciliava esta função com o cargo de presidente do Conselho Deliberativo (que tem como função supervisionar os trabalhos da presidência).
A auditoria também explicita o salário do funcionário Sérgio Beserra (o Kabrocha), que tinha vencimentos de R$ 11 mil no clube. Mesmo com a remuneração, o Bahia pagou o imposto de renda de 2012 de Kabrocha, no valor de R$ 3,6 mil.
Silêncio
Marcelo Guimarães Filho e os demais citados foram procurados para falar sobre o assunto, mas não responderam às tentativas de contato.”
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