Matéria de Miro Palma publicada na edição desta quarta no Correio*:
“A qualidade técnica é inquestionável. Passada larga, passe na medida e boa visão de jogo. Talisca é bom de bola, mas ainda falta algo para o meia estourar no Bahia. Torcida e crítica, cientes do potencial do jogador, pegam no pé e cobram mais objetividade. É o meu jeito. Não sou marrento. Essa é a minha função dentro de campo. Preciso arriscar, defende-se o garoto elogiado pelo técnico Cristóvão Borges após o triunfo por 1×0 sobre a Portuguesa, domingo.
No elenco profissional desde o início do ano, Talisca tem 19 anos e fez 36 jogos pelo clube, sendo 16 como titular. Nesse período, marcou dois gols e deu seis assistências. Devido à boa atuação do último final de semana, deve seguir na equipe titular diante do campeão Cruzeiro, domingo, às 16h, no Mineirão. Bom que ele voltou ao time com personalidade. Ajudou a equipe de todas as formas. Jogador com qualidade técnica e marcação. Com certeza vai se tornar um grande atleta, disse Cristóvão.
Mais de 60 mil pessoas são esperadas no estádio mineiro, que contará até com dois trios elétricos (na área externa) no jogo de entrega da taça para o Cruzeiro. Assusta, Talisca? O Bahia não é qualquer um. Já ganhamos de grandes times nesse campeonato. Se para eles é o jogo da festa, para nós é uma guerra. É como se fosse final de Copa do Mundo.
Em 13º lugar e com 45 pontos, três acima da zona de rebaixamento, o tricolor precisa ganhar do Cruzeiro para praticamente afastar qualquer hipótese de rebaixamento (apenas uma combinação muito improvável rebaixaria o Esquadrão com 48 pontos).
Contra a Lusa, Talisca atuou mais recuado, diferente do início do campeonato, quando Cristóvão testou ele como ponta-direita. Apesar de não escolher posição, o jogador afirma que rende mais como terceiro homem do meio-campo. Gosto de vir de trás e ser o primeiro jogador à frente dos volantes. Me sinto bem ali. Minha intenção sempre é evitar o chutão dos zagueiros para Fernandão, diz.
O maior defeito, ele não demora a reconhecer. A marcação. Procuro sempre fazer o melhor e estou treinando muito para evoluir. No último jogo dei carrinho e saí acabado, cheio de câimbra. Sempre converso com Cristóvão para melhorar nesse sentido.
Talisca também quer diminuir o número passes errados. Para isso, pede compreensão da torcida. Se estou em campo, a bola precisa passar por mim. Lomba vai precisar sair do gol para fazer isso? Não. Mesmo que a torcida fique retada, vou continuar tentando. É do jogo. A bola começa de um lado e precisa terminar do outro. Futebol é assim, assegura, cheio de personalidade.
Com passagem por seleções brasileiras de base e contrato até 2017, neste semestre Talisca foi oferecido à Udinese, da Itália, mas a negociação não se concretizou. Ele afirma estar focado no tricolor e avalia que as dificuldades enfrentadas ao longo do ano o fizeram crescer como atleta profissional. Meu pensamento é no Bahia, em não deixar o clube mais nessa situação. Passei 2013 inteiro observando, aprendendo. Foi um ano difícil, mas que serviu para melhorar em muitos aspectos, acredita.
Ao fim da conversa, o garoto pede para mandar um recado ao torcedor. E repete: Não sou marrento. Sou até um cara tímido, brinca, aos risos. Depois, conclui com seriedade. Sempre vou honrar a camisa do Bahia. Superei vários desafios aqui e acredito em um ano de 2014 melhor para mim e para o clube. “
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