Segundo publicado, na manhã desta sexta-feira (14), pelo jornal A Tarde, em matérias assinadas pelo jornalista Ricardo Palmeira, os resultados preliminares das auditorias realizadas pela empresa Performance levam o Bahia a ter suas contas investigadas pelos Ministérios Públicos Estadual (MP-BA) e Federal (MPF).
Confira as matérias (adaptadas) do jornal A Tarde:
A auditoria feita no ano passado pela empresa Performance – a pedido da intervenção judicial – apontou o valor de R$ 2,8 milhões em pagamentos de serviços que não teriam sido prestados ao clube.
Recontratada pela diretoria atual do Bahia, a Performance auditou, agora, um novo período da gestão de Marcelo Guimarães Filho – de 1º a 9 de julho de 2013, ou seja, os últimos dias dele como presidente.
Segundo relatório obtido com exclusividade por A TARDE, o Bahia desembolsou R$ 444,2 mil com duas empresas. Não há evidências de que os serviços tenham sido prestados.
Uma delas é a Dicon Contabilidade. Segundo contrato com o Bahia datado de 2 de janeiro de 2012, ela foi contratada para a “prestação de serviços voltados à auditoria fiscal”.
De acordo com a Performance, para este serviço foi emitida, em 7 de junho de 2013, nota fiscal no valor de R$ 300 mil.
Os pagamentos do Bahia à Dicon teriam sido seis, distribuídos entre 4 de junho e 5 de julho, a quatro dias da intervenção. O valor saído dos cofres tricolores foi de R$ 108, 9 mil.
“Não obtivemos relatório ou qualquer outra evidência da prestação deste serviço. As pessoas do setor contábil por nós entrevistadas desconhecem qualquer prestação de serviço por parte desta empresa”, informa o relatório.
Segundo Vitor Ferraz, diretor jurídico do Bahia, essa informação foi prestada por funcionários do clube em depoimento ao Ministério Público.
Ferraz informa que, há duas semanas, notificou a Dicon a enviar ao Bahia um relatório completo que comprove a execução dos serviços para os quais foi contratada. A notificação ainda não obteve resposta.
Outra suspeita
A outra empresa é a Projtec, nome fantasia do empresário Rogério Novaes Santiago. Segundo a Performance, a empresa emitiu, entre 30 de janeiro de 2012 e 5 de junho de 2013, oito notas fiscais ao Bahia “de diversas consultorias”, totalizando R$ 537,3 mil. Pelo contrato, o serviço seria no setor de terraplanagem e drenagem.
Os 17 pagamentos feitos pelo clube, entre 7 de dezembro de 2012 e 1º de julho de 2013, geraram o montante de R$ 335, 3 mil. Ainda pelo relatório, “Claus Dieter, gerente operacional do Fazendão, informou desconhecer qualquer prestação de serviço desta empresa no Fazendão, não sendo por nós obtida qualquer evidência da prestação deste serviço”.
O depoimento, segundo Ferraz, também já foi dado ao MP. Tanto o Bahia quanto A TARDE não conseguiram localizar a Projtec no endereço no qual está registrada, em Mussurunga I.
Quanto a Dicon, A TARDE, por telefone, falou com dois funcionários que se identificaram como Rosa e Felipe. Segundo eles, o serviço ao Bahia teria sido prestado por um homem chamado Romualdo. Questionados pela reportagem, eles não quiseram dar mais detalhes e disseram: “Romualdo viajou e deixou todos os telefones aqui”.
Contactado por A TARDE, Marcelo Guimarães Filho respondeu: “Todos os serviços ocorreram com certeza absoluta. O engraçado é que eu estou sendo acusado sem provas. É sempre a mesma coisa: quando o time está mal, eles inventam uma acusação sobre mim para tirar o foco da incompetência deles. Todo ano, contratávamos empresas para fazer auditoria. Lembro da Bússola em 2011”.
Por fim, ele disse: “Neste momento, aqui na minha mão, não tenho a prova de que os serviços foram feitos. Estou há sete meses fora do clube. Não dá para lembrar de cada detalhe. Mas vou buscar as evidências, pois os serviços foram feitos. Desafio a diretoria atual para uma acareação no Ministério Público”.
CLUBE QUER RESSARCIMENTO DE R$ 2,8 MILHÕES
Outros valores pagos pelo Bahia em serviços que supostamente não ocorreram vêm de notas fiscais das empresas MAM Equipamentos, Organização em Comunicação e Propaganda, Onix, Milenium e Suporte Ambiental, como mostrou reportagem de A TARDE em dezembro.
Sob a alegação de que os serviços não ocorreram, fato confirmado nos depoimentos de Claus Dieter à Performance e ao MP, o Bahia, à espera do ressarcimento, estornou as notas, que somam o valor de R$ 2,8 milhões.
As notas datam de maio de 2013. Contudo, teriam sido colocadas no sistema contábil do clube após a intervenção. “Funcionários do setor financeiro do Bahia depuseram no Ministério Público confirmando que, durante a intervenção, Marcelo Guimarães Filho os chamou em sua casa, entregou as notas e pediu que fossem postas no sistema com a data retroativa”, informou Vitor Ferraz.
O ex-presidente se defende. “Eles sempre vêm com acusações do tipo: alguém disse que alguém falou algo contra mim. Quero que provem. Vou processar cada um que levantou falso testemunho. Soube que alguns funcionários deram depoimentos pressionados pela atual gestão do Bahia. Depois, foram demitidos”, declarou.
Segundo relatório da Performance, o Bahia teria emprestado à Consultiva, empresa da família Guimarães, a quantia de R$ 2,3 milhões. Desse valor, R$ 1,5 milhão teria chegado à Consultiva através de dois cheques nominados a Fernando César Goés. Há a suspeita de que as notas fiscais tenham servido para compensar o déficit que a empresa teria com o clube.
“Reafirmo que os serviços foram feitos. E não houve empréstimo do Bahia à Consultiva. Fernando era (office) boy do clube e fazia serviços de pagamentos. Esses e outros cheques foram nominados a ele. Esse dinheiro não foi para a Consultiva. Se falam isso, por que não provam? Fizeram uma devassa nas contas do clube e não apresentam provas. São mentirosos contumazes”, diz MGF.
Ferraz rebateu: “Todos os depoimentos estão no Ministério Público e estamos reunindo a documentação necessária para, provando-se as suspeitas, ingressarmos com medidas judiciais para buscar o ressarcimento e, se for o caso, processar as empresas, seus responsáveis e antigos dirigentes”.
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