O empresário e ex-comentarista da rádio Metrópole, Antonio Tillemont, candidato derrotado nas eleições presidenciais de setembro de 2013, segue acompanhando e divulgando suas análises sobre o “Novo Bahia”. Sempre crítico e interessado em debates políticos relacionados ao clube, na sua última aparição Tillemont comentou sobre a “Lista do Jabá” e falou que o clube precisava mostrá-la publicamente sob pena da promessa ser desmoralizada e jogada por terra.
Neste domingo, em novo texto entitulado “Os 180 dias (6 meses) da nova administração do Bahia”, o agente de jogadores criticou a atuação do diretor financeiro Reub Celestino e do departamento de futebol formado pelo presidente Fernando Schmidt e pelo assessor Sidônio Palmeira.
Confira:
“Exatamente hoje, 09 de março, completa-se seis meses da posse do Presidente Fernando Schmidt, ou seja, um terço do mandato. Se fizermos uma análise criteriosa, o saldo só não é positivo em grande parte, porque quando se toca no assunto futebol, que hoje é o carro chefe do Clube, ainda não deu liga. O Bahia é essencialmente time de futebol, pois deixou de ser Clube quando teve a sua sede social jogada ao chão e, por isso mesmo, o torcedor ainda não se satisfez da atual gestão.
Não tenho dúvidas de afirmar que administrativa e financeiramente alguém vai herdar o Bahia em muito melhores condições do que a atual administração recebeu, embora, discorde totalmente do fato do excelente profissional da área, Sr. Reub Celestino ter ido a imprensa para dizer que o Bahia está falido. Me parece que a postura de Reub visa criar dificuldade para vender facilidade, ou seja, posar de herói e salvador da Pátria após a recuperação do Bahia. Para ele, que nesse caso encarna a figura de Narciso, não importa a imagem do Bahia, apenas a sua própria. É o cúmulo do orgulho, da vaidade pessoal. Para lá na frente posar de herói. Entretanto, com essas declarações ele dificulta a contratação de bons atletas e compromete o Clube nacionalmente. Quem quer vir jogar num clube falido ¿ Ninguém…
Mas, pergunto eu, como pode um Clube falido ter colocado em dias os vencimentos de seus atletas e funcionários¿ Foi o que anunciaram na última sexta-feira, que colocaram em dias todos os salários de atletas e funcionários. Esse foi um gol de placa da atual administração, pois mesmo sendo obrigação se pagar em dias, o Bahia não agia assim há algum tempo, levando o nome do Clube a ficar manchado no cenário esportivo nacional.
Só se o Sr. Reub vier a mostrar que só conseguiu fazer isso porque teve ajuda de outras esferas e não apenas das quais o Bahia tem que contar: Cotas de TV, patrocínios, renda de jogos e do contrato com a Arena Fonte Nova, etc. Mas, se os recursos vieram daí, mostra que é viável de ser administrado.
Acho que a diferença está no fato do Bahia não ter recursos desviados por pessoas de sua própria administração, como o que se comenta era feito em gestões passadas.
Não posso nem de longe comparar a postura ética e séria de um homem das qualidades morais de Fernando Schmidt com o que existia lá dentro.
A única decepção foi a pipocada quanto a divulgação da lista dos jabazeiros, que foi promessa de campanha e que não foi cumprida. Mas, espero que ainda seja.
Mas, o calo mesmo é o departamento de futebol. A começar pelo fato de dois excelentes profissionais nas suas áreas de atuações como Valton Pessoa e Sidônio Palmeira, respectivamente, um grande advogado trabalhista e um extraordinário publicitário, terem assumido o comando de um produto que não conhecem a fundo, pois não são do ramo. E somado-se a isso, a contratação de William Machado e Marquinhos Santos, que acredito sejam pessoas do bem e, por isso mesmo bem intencionadas, mas tão inexperientes quanto os seus comandantes. Esses ingredientes juntados solou o bolo.
Aliás, William já se foi. E é fato de que a torcida não suporta mais o Marquinhos. Parabenizo até aos dirigentes por não terem o demitido no momento das primeiras pressões. Deu-se um tempo, a fim de que o treinador pudesse apresentar rendimento, que só veio um pouco melhor no jogo de quarta-feira passada contra o Galícia, de logo retornando a estaca zero na sofrível apresentação de hoje, contra a Jacuípense. Me parece que essa é a hora…
Acho até que fizeram algumas boas contratações, as principais, na minha ótica, o lateral Guilherme Santos, o volante paraguaio Pittoni, o meia Maxi Biancucchi, o atacante Rhayner, o Emanuel me deixou uma boa impressão, apesar de ter jogado muito pouco a nível de número de jogos, entretanto, quase todos foram lançados fora do tempo que precisavam de preparação, o que trouxe algumas lesões que prejudicaram o rendimento da maioria deles.
E por causa desses equívocos gerados pela necessidade desenfreada de se obter bons resultados, o time não deu liga, não conseguiu adquirir entrosamento e rende muito aquém o que dele se esperava.
Um ponto que julgo ter sido favorável ao atual departamento de futebol é a promoção de alguns jovens da base, exemplos de Pará, Zé Roberto, Railan e outros. Assim como, o afastamento de Souza e Raul, antes do lateral direito Neto e do meia Zé Roberto, que não estiveram bem em suas passagens pelo Clube, também, podem ser vistos como decisões corretas.
Ouso em arriscar afirmar de que o Bahia com mais uns quatro jogadores de boa qualidade, um 10 (meia) e um 9 (um goleador), um lateral direito e mais um zagueiro, aliado ao fato de contratar um treinador que conheça melhor o nosso mercado e seja experiente poderá fazer uma boa campanha nas competições que se avizinham como Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro e Sulamericana.
Em resumo, esse é o meu ponto de vista sobre os primeiros 180 dias, 6 meses da gestão Schmidt. De um modo geral, é boa, sobretudo, nas áreas administrativa e financeira, pois ninguém teria condições de consertar quase 20 anos de desmandos em apenas seis meses. Mas, para que a avaliação de todos nós possa melhorar é preciso que a bola entre e que o time de futebol ganhe mais qualidade e não apenas quantidade de jogadores. Junte-se a isso, um treinador experiente e que nos dê um padrão de jogo.”
A coluna é publicada no site Zig Zag do Esporte e no Facebook do autor.
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