Valton Pessoa, vice-presidente do Bahia entre setembro de 2013 e dezembro de 2014, relembrou durante a live pelo Simplesmente Bahia de alguns casos interessantes ocorridos durante o período em que esteve no clube.
O primeiro foi sobre o tão aguardado camisa 10, Leandro Romagnoli, na temporada 2014. O processo de contratação foi bem inusitado. Valton falou que durante 1 ano e 4 meses que esteve no Bahia, a única viagem de férias que conseguiu fazer foi com a família para Buenos Aires-ARG.
Na ocasião, o motorista da van que a família de Valton estava usando se disse empresário e pediu para mandar jogadores para o Bahia. O então vice-presidente achou que fosse uma brincadeira e, ao passar por uma banca de jornal, viu uma revista com o camisa 10 do San Lorenzo na capa e falou: “Só contrato se for esse aqui, e riu”. O tal “empresário” topou o desafio. Alguns dias após a volta pra Salvador, Valton recebeu uma ligação do motorista/empresário.
“Cinco dias depois que eu cheguei em Salvador, esse cara me liga e diz que Romagnoli está disposto a jogar no Bahia. Uma pessoa dizendo ser Romagnoli falou comigo, negociei ao telefone, mas eu não acreditei. Pedi para ir a Argentina, porque achei que era blefe. Romagnoli era o melhor jogador do futebol argentino naquele ano. Acabou que deu certo, fizemos o contrato. Só que ninguém imaginava que o San Lorenzo chegaria na final da Libertadores naquele ano, nem o próprio jogador. Romagnoli chegou a vir para cá e acabamos ganhando um bom dinheiro com isso, porque saiu sem jogar e pagou a multa sem que o Bahia tenha gasto nenhum valor. Não rendeu nosso camisa 10, mas rendeu um bom dinheiro e alguns bons sócios na época”.
Início de Talisca como profissional
Valton também relembrou histórias envolvendo o meia Anderson Talisca, revelado para o futebol profissional em 2013, em meio a um momento conturbado do time na Série A, e vendido ano seguinte. Os dois momentos renderam situações inusitadas.
O ex-dirigente do Esquadrão relembrou o momento da subida de Talisca ao elenco profissional. Segundo Valton, o meia só entrou no time por “sugestão” dele a Cristóvão Borges, que havia demonstrado resistência em escalar o jovem atleta.
“Na época eu conversei com Anderson Barros (então diretor de futebol) para ele falar com Cristóvão Borges para mudar o time, porque todo mundo já conhece o time, tem oito jogos sem ganhar, precisa fazer alguma coisa diferente. Não queria me meter, mas precisava de algo diferente. Fomos jantar nós três (Valton, Anderson e Cristóvão) e eu pedi a mesma coisa. O Cristóvão então perguntou o que eu faria. E eu então disse: ‘colocaria Talisca’. Ele me disse que se fosse ouvir todo mundo, iria montar dez times diferentes. Falei que não era todo mundo, mas sim vice-presidente de futebol do clube e que não estava impondo, apenas sugerindo. Só exigi que fizesse alterações, porque o time estava manjando. Cristóvão me disse: ‘então eu vou colocar, pois é bom que dividimos responsabilidade’. A partir daí, Talisca entrou e o restante todo mundo sabe. Ganhamos aquele jogo contra o Cruzeiro com gol dele no finalzinho. Foi o jogo que assegurou a manutenção na Série A”.
Bahia precisou recuperar 50% dos direitos de Talisca para ter lucro
Sobre a venda de Talisca, Valton Pessoa falou que houve problema no momento de dividir o dinheiro, já que o meia tinha direitos econômicos ligados a seis empresários, cada um com 20%. Ou seja, a divisão de fatias do meia chegava a 120%, o que é impossível. Além disso, o Bahia não tinha direito a nada.
Sendo assim, a diretoria executiva, na época do então presidente Fernando Schmidt precisou intervir e sugerir aos empresários o seguinte, de acordo com Valton Pessoa:
“Se não fossemos eu e Sidonio Palmeira, o técnico Cristóvão teria mandado Talisca ir embora há muito tempo, porque era indisciplinado. Eu e Sidonio fomos psicólogos de Talisca durante um bom período. Mas quando chegou uma proposta de 4 milhões de euros, eu então todo feliz fui ver se tinha algum empresário pra ganhar algum valor, porque iríamos ganhar o ano com a venda de Talisca. De repente chega um pessoal do departamento de futebol e me diz: ‘Valton, a gente ainda é devedor de 20% porque foi vendido 120% de Talisca a seis empresários diferentes, cada um com 20%’. Então, o Bahia era credor de 20%”.
“Diante dessa perplexidade, chamei os seis empresários para conversar e falei: ‘recebi uma proposta e não vou vender, porque se vender ainda serei devedor’. Então, falei que só venderia se fosse 50% para o clube e 50% para todos eles dividirem igualitariamente. Algumas pessoas saíram aborrecidas, mas a negociação foi feita nesse patamar e conseguimos recuperar 50%. 2 milhões de euros naquela época era muito significativo e conseguimos fazer a venda”.
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