Fonte: Felipe Oliveira / EC Bahia
Diego Cerri está trabalhando no Bahia desde 2016, na metade da gestão de Marcelo Sant’Ana. Na época, contratado para atuar como gerente de futebol, o profissional assumiu um cargo mais alto a partir de 2017, atuando como diretor ao lado do presidente.
Nessa semana, o diretor participou de uma live feita pela Pluri Consultoria, na qual falou sobre a profissão de gestor de futebol, avaliou seu período como dirigente do Bahia e comentou detalhes de sua atuação no Tricolor de Aço.
O fator de maior destaque por parte do dirigente é a mudança de ter conseguido aplicar a ideia de uma nova estratégia de mercado a partir da subida de divisão à primeira divisão, quando o clube passou a apostar em jogadores emergentes, como Zé Rafael.
O profissional gestor de futebol
Em sua quinta temporada no Esquadrão, Diego Cerri vê como fator positivo o fato de estar há muito tempo à frente do futebol do Bahia.
“Nessa área, é preciso de muito tempo para que você consiga brotar algumas coisas, crescer junto com essas ideias do clube e enxergar as ideias virando realidade, dando frutos. (…) Dentro da minha profissão, eu valorizo muito o tempo dentro do clube e também o respaldo da diretoria para poder trabalhar em sinergia, que é uma coisa que temos muito aqui no clube”.
Chegada ao Bahia em 2016
Cerri desembarcou no Fazendão em agosto de 2016, durante um período conturbado vivido pelo Esquadrão. Na época, a diretoria tricolor havia trocado o técnico Doriva por Guto Ferreira e buscava reforços no mercado para tentar subir de divisão.
“Em 2016, quando eu cheguei no clube vi a democratização, a participação do torcedor, a transparência da gestão que é importantíssima. Isso desde o momento da intervenção começou a mudar. Então, como ainda havia muita pressão externa para ver como iria ficar essa história, o clube estava na Série B e precisava subir. Cheguei em um momento crítico em 2016, na Série B. O Bahia estava em 13º lugar uma rodada antes da virada de turno. O Bahia é time grande e precisava subir. Então, a gente estava em um momento de contratações, tentando mudar o padrão daquela equipe muito rápido. Houve a chegada do Guto Ferreira e conseguimos subir. Foi muito importante no momento”.
Estratégias no mercado a partir de 2017
Com a subida de divisão, após dois anos atuando na Série B, Diego Cerri explicou ter mostrado ao então presidente Marcelo Sant’Ana e ao vice-presidente Pedro Henriques a ideia de apostar em jogadores jovens, mas que poderiam se desenvolver no Tricolor. Assim, o clube teria um time competitivo e eventualmente conseguiria ativos para o futuro.
“A partir da subida, tivemos que planejar o que teríamos como norte, como estratégia para ser competitivo. Quando você sobe para a Série A, eu acredito que seja preciso de alguma marca para se guiar. Eu coloquei uma ideia para a diretoria: ‘Para o Bahia ser competitivo nesse mercado da Série A, precisamos trabalhar um pouco diferente de como os times do nordeste vinham trabalhando. Precisamos investir em novos jogadores ainda desconhecidos, com muita fome e vontade de vencer, com a parte física acima da média dos outros clubes e jogadores jovens, que pudessem se desenvolver dentro do clube. E que depois o clube pudesse adquirir, para que pudéssemos ter ativos e depois vender’”.
Para Cerri, não teria dado certo disputar jogadores caros com times que naquele momento viviam situação financeira bastante superior ao Bahia.
“(…) Se a gente fosse competir com os clubes por jogadores renomados, nós não iríamos nos dar bem. É uma competição que não seria interessante”.
Zé Rafael marca a mudança do Bahia no mercado
“E a gente foi apostando nisso. Um jogador que simbolizou essa marca da gestão foi o Zé Rafael. Foi um jogador que chegou muito contestado, sem nome, mas que acabou virando ídolo da torcida. Nós compramos por R$ 500 mil e vendemos por 4 milhões de euros. A partir daí começou com uma boa campanha no primeiro semestre, com o título da Copa do Nordeste, a gente chegando ao 12º lugar que até então seria a melhor campanha nos pontos corridos, começou a ter uma credibilidade essa nova ideia de gestão que eu estava tentando implantar no clube junto com todo o grupo de trabalho.
Troca na presidência: Bellintani fortalece perfil do Bahia no mercado
Para Diego Cerri, a chegada de Guilherme Bellintani para o cargo que antes era ocupado por Marcelo Sant’Ana só fez fortalecer a ideia que já havia sido implantada no clube.
Além de seguir com a busca de atletas promissores no mercado, como Gregore, o Bahia passou a conseguir vendas importantes. Desde então, mais de R$ 70 milhões foram conquistados com atletas vendidos.
“Em 2018, isso se consolidou e ficou mais forte ainda com a chegada de Guilherme Bellintani. Trocamos muitas ideias nesse sentido e fomos aprimorando ainda mais. A partir daí, fomos sedimentando essa ideia de buscar no mercado jogadores jovens e com potencial. Começamos a colocar dentro do clube, no orçamento, a meta de vendas que começou com R$ 25 milhões de obrigação de vendas em 2018 e em 2020 está em R$ 30 milhões. Por exemplo, a gente vendeu em dois anos cerca de R$ 70 milhões de jogadores jovens dentro dessa política de gestão. Conseguimos encontrar um equilíbrio de pagar salários e ter competitividade, conseguir resultados em campo, ainda tendo ativos do clube”.
Somente um titular não tem direitos econômicos ligados ao Bahia
”Hoje temos apenas João Pedro que é vinculado ao Porto, e que já até conseguimos fazer dinheiro com ele quando foi vendido pelo Palmeiras quando era do Bahia e nós fizemos 400 mil euros de vitrine. Hoje não pertence ao Bahia e temos somente uma vitrine. Todos os outros temos percentual, são nossos jogadores, com direitos federativos vinculados ao Bahia. Juninho Capixaba é a exceção, que é do Grêmio, mas o Bahia tem 30% (dos direitos econômicos). O restante tem a grande maioria dos direitos econômicos e federativos do clube. Temos patrimônio. No momento em que o Bahia precisar vender algum atleta, temos atletas com mercado e que vão reverter uma parte financeira importante para o clube”.
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