Fonte: Felipe Oliveira / EC Bahia
O rebaixamento do Bahia para a Série B tem gerado inúmeros desdobramentos no clube. Com a necessidade clara e evidente de uma readequação de perfil para a segunda divisão, com receitas menores, a Diretoria trabalha a ideia de mudanças na formação do elenco desde já.
Durante reunião com o Conselho Deliberativo, a gestão de futebol foi o tema mais abordado pelos conselheiros que sabatinaram o presidente Guilherme Bellintani e o vice-presidente Vitor Ferraz.
O presidente tricolor falou sobre falhas identificadas na montagem dos elencos de anos anteriores, que resultaram em campanhas fracassadas na Série A nos últimos dois anos, principalmente em 2021.
Na opinião do dirigente, o principal erro de sua gestão no futebol foi tentar fugir do “perfil” do Bahia.
“Tem um grande erro, o macro erro, o grande erro de política de futebol da nossa gestão é tentar montar um time no perfil do qual não somos. Nós não somos um time técnico. Nós não somos um time leve, nós não somos um clube que se acostumou a vencer com craques de bola o tempo todo. Nossa história de futebol é muito mais forjada, muito mais construída em time de fibra do que em time de talento. Nossos times nunca levaram aos troféus de grandes craques do Brasil. Nós nunca tivemos jogadores na seleção brasileira com algum nível de frequência”.
Ele admite ter fugido do perfil de luta e fibra que levou o clube às suas maiores conquistas históricas.
“A nossa história sempre foi construída com jogadores que vinham da luta, que venciam as partidas muito mais no empenho, na fibra, do que propriamente na qualidade técnica acima do adversário. Estou dizendo que a gente nunca teve craque? Não estou dizendo isso. Tivemos vários craques, mas a essência da história do Bahia sempre foi muito mais um time de fibra do que um time com qualidade técnica muito acima da média do Brasil. Nós, na minha gestão, fugimos bastante dessa história”.
E o que fazer para mudar?
Para tentar recuperar o espírito de luta dentro das quatro linhas, Bellintani fala em olhar o mercado em busca de atletas que se enquadrem nesse perfil.
“Talvez a principal coisa que devamos fazer daqui para frente é entender que se a gente não tem um elenco capaz de dar fibra, intensidade, força e luta dentro de campo, não são os craques que vão nos salvar. Até porque os craques de verdade não estão dispostos a vir para o Bahia nesse momento”.
“O que eu acredito que deve ser mudado para as coisas começarem a dar mais certo dentro de campo, no sentido geral, é isso. Se a gente entender que o que fez até agora não está alinhado com uma história de um Bahia vencedor, nós vamos conseguir superar essa dificuldade e entregar ao torcedor algo melhor do que entregamos até agora”.
Faltou presença de um líder em 2021
“E acho, também nesse aspecto, a gente falhou. A gente olhava às vezes e falava assim: “a faixa de capitão vai para quem?” Não tínhamos resposta imediata. Não tínhamos três ou duas opções. Isso é muito simbólico. Lógico que são duas coisas diferentes. A gente tem um perfil do time, do tipo competitividade em campo. Você está trazendo uma outra coisa, que é a indignação com a derrota, a vontade de ganhar. Tem muito jogador que é muito competitivo em campo, mas ele não tem liderança, não tem capacidade de mudança, não puxa os outros para cima, é muito calado, uma série de outras coisas. Essa combinação que é importante, muito com o próprio Guto agora”.
Desistiu de contratar jogador porque ele é ‘calado’
“Nós agora desistimos de uma contratação porque é um jogador que não abre a boca. Ninguém ouve a voz dele. Já temos alguns com esse perfil. Não vamos trazer mais. Nós desistimos dessa contratação por causa disso. Então, toda essa combinação que a gente viu, em um ano tão difícil, se a gente tivesse lideranças forjadas dentro do grupo, com mais tempo de clube, com capacidade, de fato, de levar o grupo para cima, talvez tivesse sido um detalhe que nos salvasse. Lógico que a gente não quer estar sendo salvo o tempo todo, mas, às vezes, um detalhe desse salva. Eu posso dizer que isso está bem na essência que a gente busca e que estamos discutindo agora. Para dar um exemplo, nós desistimos de uma contratação de alguém que não tinha esse perfil”.
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