Fonte: Felipe Oliveira / EC Bahia
Durou um mês e meio a passagem do argentino Diego Dabove à frente do elenco tricolor no Campeonato Brasileiro. Com seis jogos e apenas um triunfo conquistado, o técnico dá adeus ao Esquadrão sendo visto como uma escolha errada por parte da diretoria.
Em entrevista no aplicativo Sócio Digital, o presidente Guilherme Bellintani explicou os motivos que fizeram a diretoria tomar a decisão de demitir o treinador argentino mesmo com pouco tempo de clube.
O dirigente tricolor admitiu ter feito uma escolha errada na contratação de Dabove e afirmou que o entendimento foi de que o trabalho não iria evoluir, sobretudo pelo fato de o argentino não ter conhecimento sobre o contexto para o qual foi contratado.
“É uma escolha que pode parecer estranha, pelo tempo que Dabove tinha no clube, mas a gente entendeu que da forma como estava, o resultado não estava evoluindo, o trabalho não estava evoluindo. A melhor decisão foi corrigir o erro que nós próprios cometemos ao trazer um técnico estrangeiro, com pouco conhecimento do clube e da competição no meio do campeonato”.
Bellintani também afirma que há situações que só são conhecidas quando acontecem.
“Se a gente entendia que ele era uma boa opção há um ou dois meses atrás, por que hoje ter uma convicção diferente? É porque tem coisas que a gente só conhece quando chega próximo, quando faz. Até então, era uma experiência desconhecida para nós. É sempre arriscado trazer alguém que não conhece o futebol brasileiro, que não conhecia o Bahia, que não conhecia o elenco e nem jogadores do time adversário. Mas a gente entendia que valia a pena dar um passo de trazer alguém de uma outra escola de treinadores”.
Por que escolheu Dabove?
“(…) A gente estava em um excesso de tentativas com treinadores brasileiros, com uma cultura específica e entendia que valia a pena esse movimento de trazer um estrangeiro. Com seus riscos, mas tem coisas que a gente só descobre quando faz. Acho que faz parte do risco e faz parte de cada diagnóstico que a gente tenha, voltar atrás”.
Insatisfação pelo trabalho feito pelo técnico no dia-a-dia
“Poucos treinadores da história recente do Bahia tiveram quatro a cinco semanas cheias, abertas, sem jogos na quarta-feira, para desenvolver o trabalho. Poucos técnicos tiveram a oportunidade desse tempo e isso é muito relevante para nós, mas a cultura da história de Dabove, de onde ele se origina, fazia com que esse tempo não fosse convertido em benefício técnico ou tático. Ele preferia aprofundar a parte física e fazia trabalhos táticos só na véspera ou na antevéspera do jogo. É uma cultura. É uma forma diferente da forma como trabalhamos aqui”.
Falta de padrão tático
“Outra questão importante é o tempo que ele usou para testar o elenco. Foram 26 jogadores utilizados em seis partes. De certa forma, faz parte do processo de um treinador, mas dificulta o padrão de jogo. Dabove priorizou a intensidade, o jogo mais físico, mas não conseguiu converter em resultado. Tem coisas que a gente só descobre de perto e a gente tem que ter a sabedoria e humildade para voltar atrás”.
Convicção pela demissão mesmo em curto prazo
“Eu sou um presidente que resisto a demissões e sou criticado por isso. A partir do momento que eu promovo uma demissão em seis jogos, é porque tenho convicção desse movimento, é porque estou fazendo leitura de quem está dentro, de quem tem o sentimento que o trabalho não iria evoluir. Nas outras vezes em que demorei, é porque entendia que ainda poderia evoluir. Em outros momentos, por exemplo, fui muito criticado quando segui com Dado Cavalcanti, e foi um treinador que desenvolveu bem seu trabalho na reta final, fomos campeões do Nordeste, e na sequência houve mudança de rumo e tivemos que fazer intervenções. Mas isso é muito do sentimento do dia-a-dia, dos jogos, do vestiário, do trabalho. E tomei a decisão por convicção, indo na contramão das minhas demoras”.
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