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Notícia | Nordestão

Publicada em 04 de fevereiro de 2019 às 22h20

Jornalista faz análise sobre Ba-Vi: ‘Tricolor não soube aproveitar'

Jornalista faz análise sobre Ba-Vi: ‘Tricolor não soube aproveitar’

Da Redação

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Fonte: Felipe Oliveira / EC Bahia

O final de semana foi marcado por um Ba-Vi que terminou empatado em 1 a 1, diante de um público de 43 mil tricolores na Arena Fonte Nova.

Através de seu site, o jornalista Elton Serra publicou um texto no qual faz uma análise geral do primeiro clássico disputado em 2019. Ele afirma ter visto o Bahia superior durante o jogo, mas que a ineficiência do Tricolor no ataque fez com que o triunfo não fosse conquistado.

Leia o texto na íntegra:

Uma análise do Ba-Vi para pessoas racionais

Por Elton Serra

Faz tempo que o lado tricolor não entra num clássico Ba-Vi com uma vantagem técnica tão grande em relação ao rival rubro-negro. A maioria da torcida do Vitória, inclusive, reconhece isso. Como o meu público-alvo são pessoas racionais, me sinto à vontade para discorrer sobre um jogo que teve um time superior, mas terminou com um resultado que retrata bem o que tem sido esse início de temporada para Bahia e Vitória.

Marcelo Chamusca sabia que precisava fazer algo diferente para diminuir a disparidade. “A gente montou um plano de jogo já sabendo que o Bahia subiria a marcação e teríamos muitas dificuldades”, disse o professor depois do jogo. Chamusca, porém, se esbarrou em algo que tem sido recorrente no Vitória em 2019: transições ofensivas deficientes, fruto de uma qualidade técnica que é muito abaixo daquela que o rubro-negro se acostumou a ver em outros tempos. A saída de bola com Leandro Vilela e Wesley proporcionaram contra-ataques tricolores mano a mano com a lenta defesa do Leão. Ronaldo, goleiro que ainda tenta driblar a desconfiança, foi o grande destaque do time.

Controlar o jogo é marca do Bahia nas últimas temporadas. Ter a posse da bola, rodar o jogo até encontrar espaços, infiltrar e finalizar. O torcedor já sabe de cor o modus operandi do time de Enderson Moreira. Porém, o tricolor viu a defesa do Vitória escancarada no primeiro tempo e não soube aproveitar, dando a impressão de que não está acostumado a ver tanto espaço para explorar o seu potencial. Rogério que o diga.

O primeiro gol na Arena Fonte Nova retrata bem o que o Bahia é capaz de fazer. Moisés, lateral pela esquerda, dá amplitude ao time. Artur, ponta, é quem faz esse serviço pelo lado direito. Nino se posiciona como uma espécie de terceiro zagueiro e Rogério aparece entre as duas linhas de defesa do Vitória. Gregore, com liberdade, lança Arthur, que serve Gilberto. Um gol fruto de uma construção de jogo impecável, que culmina numa bela bicicleta do atacante do Bahia.

E aqui é preciso abrir parênteses para Gregore. No 4-2-3-1 de Enderson Moreira, o volante é o jogador que dá liberdade para Flávio encostar no trio de meias. Normalmente fechando o lado esquerdo, Gregore apareceu em todas as faixas do campo para dar combate. Como o Bahia faz saída de três a partir de seu campo de defesa, o camisa 26 é quem qualifica o primeiro passe no meio-campo. Uma partida impecável do jogador mais completo do elenco azul, vermelho e branco.

Mas o segundo tempo mostrou um Vitória diferente. Marcelo Chamusca acertou a marcação no trio de meias do Bahia, e melhorou a transição ofensiva com a entrada de Rodrigo Andrade em lugar de Wesley. A intensidade tricolor diminuiu, evidenciando não dá pra manter um ritmo forte por mais de 60 minutos no início de temporada, e o rubro-negro pôde respirar um pouco mais. Empatou o jogo ganhando a segunda bola na entrada da área (talvez uma das poucas vezes em que isso aconteceu no clássico), e num belíssimo chute de Matheus Rocha.

É preciso também ressaltar que o Vitória saiu com um resultado acima do que se espera de um time cheio de limitações. Jeferson, lateral destro improvisado na esquerda, não deu conta de Artur – apesar de o ponta do Bahia ser canhoto e muitas vezes cortar para dentro, o que em tese facilitaria a marcação de Jeferson com a perna direita. Sem apoio, Andrigo se viu isolado como único ponta capaz de desequilibrar, o que ainda não aconteceu em 2019. No 4-2-3-1 de Chamusca, nenhum jogador tem característica de dar amplitude e profundidade ao time. Eric, único ponta mais agudo, foi espelho de Rogério quando entrou no segundo tempo. Todos esses problemas acabam caindo nas costas de Léo Ceará, atacante ainda incapaz de suportar tamanha pressão.

Enderson Moreira tentou vencer o jogo com uma opção que foge das características do Bahia, empilhando centroavantes na grande área e investindo em cruzamentos aleatórios. A entrada de Fernandão em lugar de Rogério caracteriza algo que eu já falei em outras oportunidades: o tricolor não se adaptará a jogar com duas referências no ataque. Ao colocar o F20 na partida, Enderson foi obrigado a tirar Gilberto de sua posição original, causando certo desconforto tático no jogador. Aí são dois problemas: fazer com que o atleta faça uma função que não é seu ponto forte, e tirá-lo justamente do lugar onde ele rende mais. Raramente dará certo, exceto em circunstâncias extremamente pontuais. “Se não ponho Fernandão, iam perguntar por que não pus. Se ponho, perguntam por que pus”, disse o treinador depois do jogo. Para evitar as perguntas era só não relacionar o atacante, ainda claramente sem condições físicas.

O resultado do Ba-Vi não traz conclusões definitivas, mas deixa muitos alertas. O Bahia não pode ter os 7 a 1 contra a Juazeirense como referência, pois seu ataque ainda continua tendo problemas para definir jogos maiores. O Vitória, sim, precisa ter o clássico como norte – principalmente o segundo tempo, quando conseguiu jogar contra um adversário de melhor qualidade técnica. Porém, não há dúvidas de que os tempos são outros: enquanto um lado lamentou um resultado de uma partida que era de seu total controle, o outro comemorou o empate que estanca temporariamente a enxurrada de críticas sobre o desempenho do time.

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