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Coluna

Cássio Nascimento
Publicada em 29/11/2017 às 22h44

Tópicos sobre o processo eleitoral – Parte 2: Guilherme Bellintani

Gulherme Cortizo Bellintani (GB) tem o perfil habitual de presidente de clube de futebol: ricaço, com experiência em administração de empresas e dotado de influência na Sociedade. Trata-se, ao contrário dos tradicionais “coroas experientes que entendem de futebol”, de “novo yuppie”, dublê de Daniel Radcliffe e bacharel em Direito quarentão, com passagens ditas bem-sucedidas pelos setores público e privado, tendo ocupado, recentemente, cargo de primeiro escalão na prefeitura de Salvador. Seu substituto é Vítor Ferraz, jovem de 30 e poucos anos, advogado com destaque na gerência jurídica do Bahia, tendo conduzido o clube em ações espinhosas como o processo que busca garantir a posse dos dois Centros de Treinamento perante aquela construtora lavada e enxaguada a jato. Sua base eleitoral é formada pelos grupos situacionistas, em apoio ao atual presidente Marcelo Sant’Ana.

No que diz respeito às propostas, destaque vai para o campo administrativo: para o mais que manjado termo “profissionalização na gestão” e congêneres. Vaticina o candidato, em seu texto, que “quem não tem lugar em empresas de ponta não pode ter lugar no Bahia”, deixando claro que a Era do Jargão há de continuar dentro do clube, uma vez GB eleito. Não somos contra profissionais qualificados em times de futebol – inclusive é hora de mudar conceitos – porém, estamos falando de um esporte no qual planilhas e gráficos nem sempre definem um momento de uma equipe, posto que no futebol ainda cabem as emoções, paixões e dogmas de sempre. Enfim, no que depender de GB, Wall Street fica logo ali em Itinga. Ou em Dias d’Ávila?!

Chama atenção no discurso do candidato a ênfase na “responsabilidade financeira”, prometendo sanear as dívidas do clube, inclusive as trabalhistas (o calcanhar de Aquiles dos anos Eternos), mediante seu reescalonamento perante os credores. As promessas de posse definitiva dos dois CTs, com posterior requalificação ou venda do Fazendão, deixam em aberto o futuro do tradicional campo de treinamento, cercado por área povoada e violenta.

No tema “futebol”, além das manjadas promessas de encher o Brasil de olheiros, notei que os planos gravitam bastante em torno das divisões de base, mediante estruturação e profissionalização do setor, tendo a Cidade Tricolor como sua base operacional. Louvável iniciativa, caso posta em prática. Porém, o torcedor impaciente que quer “gol e taça”, não vai dar a mínima para isto, só pra variar... ainda no futebol, promete-se a redenção do famigerado DADE, aquela salinha que povoa o imaginário do torcedor, cheia de computadores e aparelhos de DVD. Nenhuma noviDADE, enfim.

Quanto ao marketing, apesar de boas propostas como a plataforma digital BBMP, que permite verificar tendências de mercado, além de várias estratégias de captação e fidelização dos sócios, o candidato não traz propostas como metas a alcançar, visto que dependem muito da situação do time em campo, o que, a cada ano, é uma incógnita. Talvez criar a cultura de associação na torcida, e convencer o torcedor a não ser imediatista, seja o maior desafio de todos os candidatos ao Bahia.

Maior crítica ao Plano de Gestão (PG) do candidato Harry Potter seria exatamente aí: não diz como vai fazer para montar equipes competitivas, apenas fala que “no Bahia não vai ter come-e-dorme nem fim-de-carreira”, “não vamos demitir técnico a qualquer adversidade” e “vamos manter a base, pagando em dia e com remuneração por metas” (nome pomposo para bicho?). Louvável tudo isso, mas o imponderável existe, como transações de empresários, contusões e rachas de elenco, além das adversidades ocorridas com Jorginho, demitido por incompatibilidade de gênios com o elenco; e com o Gordo Ferreira, que se demitiu para morrer na praia colorada. Talvez montar um elenco com peças de reposição à altura, controlando-se bem o clima organizacional, minimize riscos do projeto. Perfil de atletas deve seguir o modelo BB (bom e barato) proposto por Sant’Ana, no qual os extremos Tchô e Zé Rafael tem ou tiveram a sua vez. Resta saber quantas e quais contratações serão feitas por uma possível gestão GB e qual o seu perfil (se jogador caro, se barato, se revelação, se promessa etc).

Resumindo, deve o torcedor-sócio esperar de GB uma política pés no chão, sem estrelas ou contratações bombásticas, captando-se recursos de diversas fontes a fim de saldar dívidas (incluindo venda de jogadores importantes?), com jogadores operários e que possam oferecer total compliance ao pojeto. Bellintani, também, colocaria o torcedor adepto do “contrata que a gente paga” de orelha em pé, quando deixa transparecer que 2018 será um ano de muitos compromissos financeiros a saldar. Espera-se que o foco de uma possível gestão deste candidato seja mais estruturante e insider, voltada ao administrativo, financeiro e marketing, com riscos iguais de dar certo e de dar errado no curto prazo, porém visando um longo (ou longuíssimo) prazo de sucessos. Problema é que o torcedor não quer esperar, e talvez não apoie muito este projeto. Esbarra este PG na descontinuidade de possíveis sucessores e nas medidas populares costumeiramente adotadas por dirigentes frente a resultados adversos.

Quanto à composição do Conselho Deliberativo, há mais de uma chapa apoiadora deste candidato, incluindo a chapa encabeçada pela dupla Marcelo Sant’Ana e Pedro Henriques. Possivelmente ambos lutarão, com sua influência, para compor a presidência do Conselho, não obstante a maioria do colegiado – isso com um candidato a presidente o qual é especulado, inclusive, como possível sucessor da Prefeitura de Salvador em 2020, ao término da atual “legislatura” do Bahia... na minha opinião, um fator que preocupa e que deve ser bem apreciado pelo sócio na hora de votar, pois o natural e salutar contraditório às propostas da Diretoria Executiva pode simplesmente não ter o lugar que merece, como convém a uma democracia. Sem falar de um possível uso do clube como trampolim político...

No próximo texto, uma breve análise do perfil do candidato Fernando Jorge Carneiro.

Saudações Tricolores!

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