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Coluna

Publicada em 19/08/2018 às 22h14

Quem quer biscoito?

O episódio da coletiva vazia de Enderson após o jogo contra o Palmeiras na última quinta me levou a voltar a escrever neste espaço. Creio que desde a carta de Caminha ao rei de Portugal, nossos ancestrais devem se sentir orgulhosos quando ouvem, leem ou assistem um estrangeiro tecer elogios sobre esse paraíso na terra chamado Brasil e seu povo alegre e varonil.

Essa mentalidade de colônia buscando aprovação da metrópole é muito reforçada pela imprensa, escrita e televisiva. Quantas vezes não vimos matérias daqui que falam sobre veículos estrangeiros fazendo elogios a algum artista nosso, ou ao trabalho de algum cientista, aceitação de algum produto ou o destaque dado a um desportista? Isso acontece principalmente quando tais notícias ou comentários são feitos na Europa e Estados Unidos, nossas metrópoles históricas.

O maior problema nem está em ficar feliz por esse reconhecimento do primeiro mundo. O erro tupiniquim está em ficar feliz apenas e tão-somente pelo afago recebido do mestre. Essa mendicância por “biscoito”, como dizem os jovens nas redes sociais atualmente, causa reações muitas vezes violentas quando não atendida, ou pior! Quando em vez de cafuné recebem críticas, indiferença ou o simples desprezo, os colonizados se revoltam e querem morder a mão dos “mestres”.

Tal carência afetiva pode ser tranquilamente transferida para a nossa torcida em relação ao sudeste. Há anos, décadas com certeza, noto uma necessidade absurda que a torcida do Bahia tem de ver a imprensa sudestina elogiando o clube, o time em campo e especialmente ela, torcida.

No twitter e whatsapp, vejo gente aguardar as resenhas do eixo não para rever os lances do último triunfo mas sim algum repórter lá de baixo elogiar o Bahia. Não basta depenar a galinha ou vencer o atual campeão no último minuto. A cereja do bolo é ver Espn, Foxsports, Sportv, Band e Globo reconhecer que somos boca de 09.

Quando isso não acontece, o que é mais frequente do que se imagina, a grita é geral. É nego xingando jornalista, ameaçando cancelar o pacote de TV, chamando de racista, preconceituoso, mal-intencionado e por aí vai.

Não que entre os sudestinos não hajam imbecis travestidos de profissionais da imprensa; eles estão em qualquer ramo da economia, não seria diferente na mídia esportiva; a questão aqui é: até que ponto precisamos ouvir de A ou B, que puxa no R ou fala chiando mais que chaleira da vovó que o Bahia está voltando aos eixos fora de campo?

Por qual motivo a opinião de Renata Fan, que não sabe a diferença entre Uéslei Pitbull e Wesley Natã, é mais importante do que a realidade dos fatos?

Em que um elogio de Juca Kfouri (idolatrado por já ter oferecido alguns biscoitinhos a nossa torcida) vai interferir na forma como você, torcedor, deve encarar a próxima partida?

E por que a Foxsports agora é nossa amiga só por causa de um “Bora Bahea Minha Porra!” no momento do gol?

Paremos de viver em busca de reconhecimento dos outros. Vamos focar no que realmente interessa: saber que torcemos para um clube organizado e sério, que dentro de campo vem aos poucos recuperando um desempenho que não víamos há mais de 10 anos.

Temos que nos orgulhar por ter tomado o clube que amamos das mãos de uma turma que só nos fez mal e hoje estabelecemos uma democracia e transparência inéditas- não perfeitas- no país.

Deixemos essa busca por migalhas para quem está acostumado a ciscar. Quando o Bahia chegar ao patamar que desejamos, serão os sudestinos que deverão vir atrás de nós. Caso contrário, ficarão sem pauta além de fofoca e Flamengo.

 

PS: Parabéns ao repórter Marinho Júnior e sua equipe. Único da imprensa baiana presente no Pacaembu(íves) no jogo da Copa do Brasil.

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