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Coluna

Djalma Gomes
Publicada em 24/07/2018 às 11h32

Intolerância exacerbada

Está se tornando uma coisa normal o futebol de torcida única nos estádios quando se trata de clássicos com viés doméstico. É uma linha separatista imposta pelas autoridades competentes que, diga-se, apenas cumprem o que lhes é atribuído, ou seja, evitar delinquências animalescas que costumeiramente acabam em assassinatos.

Sou do tempo em que os Bavis eram esperados com festas coloridas e absolutamente sadias dentro e fora do estádio. Sou do tempo em que o maior erro do torcedor desavisado era penetrar na torcida adversária vestindo a camisa do seu time do coração e dali era expulso aos empurrões e obrigado a tirar a camisa que normalmente era queimada...

Sou do tempo em que os bares da zona de torcida mista transformavam-se em áreas de brincadeiras entre torcedores rivais. Sou do tempo de ver torcedores anônimos, amigos, casais enamorados, crianças e gente de todas as cores, descerem a ladeira da Fonte Nova e ganhar as avenidas e ruas abraçados vestidos com camisas tricolores e rubro-negras era parte da festa e do orgulho de ser baiano ordeiro.

Atualmente em que pese nada disso ser proibido, manda a prudência que esses torcedores com essa hereditariedade tradicional use uma camisa por baixo para ao sair do estádio tirar a do seu time de coração. Em que ponto chegamos, hein?!

Era mágica aquela época que está cada vez mais distante e com raríssimas possibilidades de voltar ao que era. Os próprios "torcedores" não querem paz, não dão trégua nem à Polícia. Há uma intolerância exacerbada e incrivelmente crescente, devido à ausência das famílias que à época iam às praias pela manhã e à Fonte Nova à tarde. O Bavi era uma continuidade do lazer matutino aos domingos.

Não é que a parte podre da torcida, sendo dessa ou daquela, seja maior que a parte sadia que venera seu time com paixão romanticamente pura...

Infelizmente, convivemos numa sociedade com educação heterogênea onde a delinquência cresce assustadoramente e essa sanha marginal ao estado do direito cidadão dita as normas fora dos estádios armando seus espíritos imundos com ódio, sabe-se lá do quê, proibindo que grande parte das pessoas de bem se arrisquem pelas cercanias da Fonte Nova antes e depois dos jogos. Dentro do estádio não há problemas. Esses estão à espreita fora dele.

Torcida organizada, seja na Bahia ou em outro estado qualquer, virou sinônimo de terror. Até o ano de 2004 podia eu levar meu filho para ver, além do Bahia em campo, a torcida Bamor promover um dos espetáculos mais bonitos do futebol. Era de arrepiar. Ficávamos nas cadeiras inferiores para ver os dois espetáculos, em campo e na arquibancada em frente. Essa era a verdadeira Bamor.

Mas praticar atos como invadir Centro de Treinamento, violência em aeroporto, quebrar carro de jogador, atentar contra a vida desse e de sua família, é coisa de quem deveria ser banido dos estádios e dessas torcidas organizadas. Aliás, tá na hora dessas torcidas reavaliarem seus quadros e colocar os interesses financeiros abaixo da responsabilidade com a cidadania e o futebol.

Densidade nessas instituições que vivem através da associação de torcedores significa potencialização de marginais. Esses aproveitam oportunidades dadas por essas organizações para exercerem o crime em detrimento da própria instituição esportiva.

- Não sou contra a torcida organizada em sua essência. Sou contra o atual perfil que aparentemente não segue o próprio Estatuto.

Vi nas redes sociais pessoas dizendo após o último Bavi que "tem de bater em jogador mesmo, porque assim eles jogam" se referindo à performance do Bahia em campo no domingo passado... Isso é apologia induzida pelo crime e o Ministério Público tem de tomar providências contra os que barbarizam o futebol. Enquanto isso, os Bavis ficam privados da linda e sadia rivalidade dentro dos estádios. Como era no meu tempo.

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